Encantada

Não me deixe

Correndo ao lado de sua amiga, Mia sentia a adrenalina pulsando em suas veias. Não ventava, mas na rapidez em que estava via árvores se movendo para os lados como se estivessem sendo balanceadas por uma brisa leve. Muitos dos galhos roçavam sua pele causando alguns arranhões, ela não sentia muita dor mas o aperto pela falta de ar era um grande incômodo. Com o vestido rodado que estava, correr era um grande desafio e Cassie também tinha alguma dificuldade com o seu traje pois volta e meia parava para arruma-lo.

- Eu não aguento mais correr. - a loira disse a certa altura, sua voz baixa de tão ofegante. - Vamos voltar para a mansão, lá estaremos seguras.

- Você viu aquela coisa nas mãos dele? Não importa aonde estejamos, ele não pode ser detido...

Ao terminar suas palavras ela viu a jovem estremecer ao lembrar do que havia visto a menos de dez minutos atrás.

- Meu Deus... - murmurou. - Estávamos mesmo diante de um bruxo?

- Aonde vocês estão suas pestinhas? - a voz de Sebastian vinha trazida pelo vento, quebrando qualquer afirmação que Mia pudesse fazer. - Não podem se esconder de mim. Agora que eu acabei com aquele guardião sem graça... Não há nada capaz de me impedir.

Mia e Cassandra se olharam, ambas apavoradas com o que podia vir a seguir.

- Corra! - ordenou a ruiva. - Vá!

- O que? Não! Não vou deixar você...

- Você viu o que eu posso fazer, eu sou como ele, Cass. Posso detê-lo.

Cassie a examinou por algum tempo, mas não havia nada que realmente pudesse fazer, era apenas uma mera humana lidando com forças mágicas. A coisa ficava cada vez pior para ambas as duas meninas mimadas que estavam acostumadas com a vida humana e acabaram caindo no meio de um mundo Encantado...

Com um gemido triste, a menina Montegomer se afastou, correndo desesperada e deixando para trás vestígios de soluços. Satisfeita por dar mais tempo para que Cassandra pudesse fugir e voltar para a festa, Mia começou a correr na direção oposta da anterior, correndo para o portal e para Austin que pelo o que ela tristemente havia constato, estava morto.

Quando finalmente e com muito esforço chegou no local, pode se certificar de que o portal havia se fechado, levando consigo qualquer sinal de que um dia a magia havia acontecido ali. Naquele instante a floresta era só um lugar sombrio e sem graça. Tudo pareceu rodar em câmera lenta, enquanto ela procurava exasperada por seu amigo louro.

- Por favor... - pediu com voz suplicante. - Não esteja morto. - Rodeando o lugar com um corpo todo vacilante e trêmulo, encontrou o corpo do rapaz caído ao chão. - Não! - gritou sentindo o medo penetrar em seu coração com extrema violência. - Por favor... Não!

Ela sabia que precisava fazer algo além de ficar ali gritando como uma barata tonta. Então se aproximou do jovem o mais depressa que pode. Mia ficou completamente penalizada pela aparência frágil que seu novo amigo estava aparentando. Ela deixou seu corpo cair ajoelhado ao lado do dele, seu vestido de princesa encontrando a terra e as folhas.

No corpo adolescente havia uma enorme perfuração feita por alguma lâmina, na roupa rasgada de Austin havia uma redonda mancha de sangue e seu cabelo loiro estava desgrenhado, seus olhos jaziam fechados. Vê-lo naquela forma, lhe causou um calafrio. Austin costumava sempre salva-lá e se ele se encontrava agora a beira da morte, a culpa era inteiramente sua. Mia acariciou os fios louros dos cabelos dele, temia que o rapaz jamais fosse acordar e sentiu a força de uma lâmina atravessar o seu peito.