Os Reinos Ligados pela Floresta: Blanche (Branca de Neve)

Respostas de uma Rainha Má

Ninguém queria ir às masmorras e isso era um fato. Não importava se fosse para ser preso ou apenas passar por ali. Um lugar cheio de criminosos que ainda não tinham o seu destino certo e definido. Todos ali esperavam por um julgamento ou pelo dia que finalmente sairiam dali e partiriam daquela vida para sempre. Estar ali era de arrepiar qualquer um, até os mais bravos e corajosos. Guardas deveriam guardar cada cela durante turnos para que não houvesse nenhuma fuga e pudessem garantir a segurança daqueles que iam visitar alguma pessoas que se encontravam ali, presas.

      Blanche foi guiado por um deles. Era necessário descer dois andares abaixo do solo para que fosse possível ter o acesso às celas. Por trás de uma porta de madeira velha, existia um dos piores lugares do castelo, se não, o pior. Era um ambiente escuro, com poucas velas para iluminação. Não havia janelas, nenhuma outra fonte de luz. Ainda era dia, mas parecia noite nas masmorras. Os corredores eram largos o suficiente para que nenhuma pessoa fosse tocada ou agredida pelos presos. As celas eram feitas com ferro que estava ficando cada vez mais enferrujado, porém muito resistente. O barulho era inconstante, pois enquanto em algumas regiões havia balbúrdia, alta o suficiente para ensurdecer os ouvidos, em outras era completo silêncio.

      Algumas pessoas já haviam aceitado o fato que ficariam presas ali para sempre ou que poderiam receber alguma punição como a morte ou tortura. Outras, por sua vez, ainda relutavam, exigindo sua liberdade, alegando serem inocentes ou que não mereciam morrer, por maior que tivessem sido os seus crimes. Alguns estavam presos por pequenos crimes como roubo, outros por crimes maiores como assassinato e outros estavam ali por conta de guerras. O que todos tinham em comum era o desejo de serem livres e sair daquele lugar, não importava a sua situação.

– Aqueles que cometeram os os crimes mais leves ficam no começo – Explicou o guarda que acompanhava Blanche. – e os que cometeram crimes mais graves estão no final, longe de todos para segurança.

      Com um candeeiro iluminando o caminho, Nieves pôde ver, mesmo que pouco, alguns dos presos. Alguns se encontravam em situações horríveis por não verem a luz do sol há muito tempo, tendo uma alimentação muito ruim, sujos, sem direito a banho. Aquele cenário era o mesmo em todos os outros reinos? Em Misthezan? Blanche teria o poder de mudar aquela situação e faria algo a respeito. Ele não podia deixar aquelas pessoas em situações parecidas, independente de seus crimes. Eles eram, acima de tudo, seres humanos.

– Os criminosos mais perigosos ficam isolados de todos para evitarmos qualquer outro crime. – Contou o homem. – Ela está em uma dessas celas.

      Blanche assentiu.

      Ainda estavam com sua capa vermelha, o que impedia qualquer um de reconhecê-lo. Ninguém saberia quem era Blanche e preferia deixar desse jeito. Tudo o que viam era uma longa capa vermelha que possuía um capuz grande o suficiente para esconder o rosto de quem a usava. Por conta da cor e do candeeiro que iluminava o caminho, Blanche acabou chamando a atenção das pessoas. Todos olhavam para o príncipe em silêncio ou gritando. Eram tantas vozes falando ao mesmo tempo que ele não conseguia entender o que queriam dizer, apenas algumas palavras fortes o suficiente para entender o contexto de suas falas.

      Cada cela era protegida por um guarda que não descansava enquanto seu turno não acabava. Todos estavam a postos para qualquer sinal duvidoso. Eles possuíam um pequeno banco para poderem sentar, mas a maioria preferia por permanecer em pé e cumprir a sua função corretamente. O que guiava Blanche o levava para bem longe. A cela a qual colocaram a Rainha Má estava isolada de tudo ou todos. Além de estas serem reservadas aos criminosos mais perigosos, também servia para proteger aqueles que aguardariam o primeiro julgamento.

      Os mais perigosos dos presos ficavam sozinhos, entre celas vazias, impedindo-os de conversar com outras pessoas. Alguns deviam enlouquecer sem se socializar.