Capítulo 15: A perseguição da mente (bônus)

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Maratona 7/8

Atos.

Chegamos a Lestland ao nascer do sol. Susana dormiu a viagem inteira e eu agradeci mentalmente por isso por que não aguentava mais seu olhar cortante para mim, ela não ousou me interrogar pois sabia que eu estava totalmente impaciente com a sua postura na noite anterior.

É incrível como nós conciliamos qualquer ato de afeto com amor, eu não sei o que é amor, nunca soube e não é o que tenho com Susana, ela foi algo que me entregaram e eu sabia que deveria aceitar e respeitar. Mesmo que os casamentos que temos sejam como se fossemos mercadorias não significa que temos de nos ver como objetos.

O que acontece é que eu sabia que teria que estar a altura do rei que meu pai era, e que meu casamento teria de acontecer e no fundo eu sempre quis isso, governar e ser um bom rei em Wind Rose e ter ao meu lado uma parceira que fosse bonita não só por fora mas por dentro também. Não que eu não tivesse escolha... são casamentos obrigatórios mas o que importa é que os herdeiros principais façam alianças para o bem de nossa terra uns com os outros. Porém agora acho que me contentei com a princesa errada... meu pai fez o acordo para que meu casamento fosse com Susana, eu não queria nem pensar em casamento até o dia de minha festa de pré-noivado, mas hoje me arrependo por não ter estudado com quem eu passaria o resto de minha vida. No fim de tudo constato que a culpa é minha e quanto mais eu tento ter ao menos uma convivência pacífica com Susana ela me mostra o quanto é fútil e vacilante, o quanto é facilmente dominavel e o quanto se contaminou com as aprendizagens de sua mãe, não que ela seja má pessoa, mas que eu preferia quando ela era apenas amorosa e distante, mas isso apenas em quanto eramos noivos, após casarmos uma lavagem cerebral lhe foi implantada e é tão insuportável conviver com ela quanto era com Erica.

Passei toda a viagem ensinando a Erica truques governamentais e lhe ensinando a decorar tópicos extremamente necessários para participar das discussões no parlamento. Me envolver em trabalho me faz esquecer de meu casamento conturbado e do quão estúpido estou sendo ao ficar de tempos em tempos divagando com os olhos de Allyah em minha mente. Aquele beijo me pegou desprevenido, eu não tinha... eu não tenho sentimentos por ela! Nunca tive. Nos aproximamos após o sequestro de Corianne e confesso que Ally foi a melhor companhia naquele momento de dificuldade, pois minha mulher só servia para reclamar dos portões trancafiados do palácio, das refeições sempre reclusas nos aposentos e para me implorar por sexo, eu procurava a compaixão e a parceria naquele momento, mas ela só pensava nela e em satisfazer seu corpo, tive de dormir em um quarto separado pois não queria perder minha cabeça com ela, fiquei frio e totalmente impassível naquelas semanas.

Esvai meus pensamentos e sai do carro ao frenético e abrupto chamado de Eri, sempre foi mandona, mas agora que sabe que vai ser rainha esta o dobro. Hoje após o descanso irei passar o dia no escritório com ela repassando protocolos distintos, e será assim pelas próximas semanas.

Susana despertou do sono e saiu do carro a pedido do guarda que instruí, graças a Deus eu já estava longe e não precisei vê-la. Corri até as interligações do meu antigo quarto com o de Cori e deitei em suas cobertas me permitindo descansar antes de encontrar com Erica, e por mais que eu saiba que é errado, queria sonhar com aquele anjo de doces lábios...

Três dias depois...

- Isso Erica, já disse que está certo, você não precisa corrigir mais nada!

Falei mais uma vez a Erica que estava escrevendo discursos improvisados para o público burguês.

- Eu só quero que esteja perfeito Atos! Sabe como aquele pessoal é bruto, mas eu sou mais.

Eu ri daquilo descaradamente.

Ouvimos a batida na porta e Susana adentrar logo após, encarou Erica com um olhar matador antes de me encarar.

- Chegou o convite de casamento de Corianne! Será no sábado, mas a sexta terá o jantar de ensaio. - disse pondo o convite em minha mesa.

Assenti já sabendo de tudo.

Corianne estava trocando cartas comigo. Teriamos um encontro na sexta pela manhã, ela quer conversar comigo sobre o que houve com Ally e já até sei que vou levar muitas broncas.

Erica se levantou me pegando de surpresa com um beijo na bochecha, ela também já sabia do ocorrido com Ally e por incrível que pareça tem me apoiado. Mesmo que na sua mente eu devesse largar Susana e ficar com Allyah o que seria um absurdo. Então só faço reprovar suas especulações.

Erica saiu do escritório muito rebelde batendo a porta, mas não sem antes provocar Susana, claro.

- Preciso ver minha mãe!

- Você verá no fim da semana quando formos a Nortawind.

- Isso é injusto!

- O certo, pelo certo. Ela esta colhendo o que plantou.

Susana apenas se calou e foi furiosa até a porta e eu já esperava que ela a batesse ao sair também, mas antes se virou para mim.

- Você vem dormir cedo?

- Assim que terminar aqui. - Falei voltando minha atenção aos papeis em minha mesa.

- Tudo bem. Irei te esperar...

- Não precisa...

- Atos! - Ela gritou me obrigando a lhe encarar. - Eu sou sua mulher, e você não me toma como sua a dois meses! É sua obrigação eu tenho necessidades.
- Eu também tenho Susana, não nasci sem desejos... - ela sorriu. - porém não quero, sinto muito, melhor você não me esperar acordada. - seu sorriso desapareceu.

Ela saiu e logo bateu a porta a estrondando totalmente. Me senti culpado, mas não posso... não posso mesmo, apenas não quero.

Eu não sei o que fazer comigo mesmo.

As Alianças Reais | 2Where stories live. Discover now