16 - Se deixar, eu juro que mato!

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Uma hora depois, o quarto da Aby está decorado com flores, balões e ursinhos, comprados por mim e pela Bia. Aby chega ao quarto um pouco grogue, fala algumas palavras e acaba dormindo.

- Você pode me mostrar uma foto dessa Marina? – Peço para Bia antes de ela ir embora, o horário de visitas está acabando.

- Claro. – Ela mexe um pouco no celular e depois me mostra uma foto do facebook.

- Amanhã vou na escola conversar com a direção. Isso não pode passar em branco. Eles terão que tomar uma atitude.

- Não sei se é certo. – Bia torce o nariz.

- É sim, quando coisas assim acontecem, os adultos devem ser alertados, ninguém pode tomar uma atitude se não souber o que está acontecendo. Entende isso? Vocês sempre devem contar quando algo assim acontecer. Não é ser "dedo duro", isso é ser justo com quem precisa de ajuda.

- Tudo bem. – Ela parece um pouco desanimada. – Minha madrinha deu um toque no meu celular, já deve estar lá em baixo me esperando. Diga para Aby que deixei um beijo.

- Tá, se cuida. – Digo enquanto ela beija meu rosto e sai.

- Aby. – digo a ela no dia seguinte, já no meio da manhã. – A Magda vai ficar um pouquinho com você para que eu possa resolver um probleminha, tudo bem?

- Ta, não se incomode. – Sua voz ainda está baixa.

- Como se sente? – Seguro a mão direita dela e acaricio.

- Bem. Com um pouco de dor, mas quero ir para casa, preciso ir pra escola, tenho duas provas essa semana.

- Hoje vou passar na escola e resolver isso. O médico disse que amanhã você vai para casa. Não é bom?

- Sim. – Ela parece desanimada.

- O Lipe esteve aqui ontem à noite, junto com o Matheus. Ele estava bem preocupado. Acho que gosta mesmo de você. – Sorrio para ela, mas ela não sorri de volta.

- Um pequeno gesto de caridade, mas tenho certeza que depois que isso acabar ele não vai mais nem olhar para a minha cara.

- Pois saiba que eu penso o contrário. E tenho certeza que ele vai continuar procurando você. Mas terei uma conversa com ele e a mão boba dele!

- Val! – Ela arregala os olhos e suplica. – Pelo amor de Deus! Não faz isso.

- Ah! Mas vou fazer sim.

- Eu disse que deveria ir de calça jeans. – Ela resmunga.

- Eu dei duas opções, a saia ou o short. Você escolheu a saia. – A fuzilo com o olhar e suas bochechas tornam-se tão vermelhas que por um momento eu fico preocupada.

Magda chega ao quarto alguns minutos depois, eu me despeço delas, pego meu carro, que Magda trouxe, e vou direto para a escola. Já é final da manhã e vejo alguns alunos no portão da escola, aperto meu passo, espero que o Diretor ainda esteja por lá.

- Dá dó da orfãzinha, sabia? – Uma garota de cabelos claros diz para outras duas. – Dizem que ela se jogou na frente do carro, queria se matar. Imagina, a vida dela é um fiasco atrás do outro. No lugar dele eu me mataria! – Paro imediatamente e sinto meu coração acelerar. – Coitada, filha de uma drogada, claro que ela iria deixar o Lipe fazer o que quisesse com ela, é uma vagabunda. – Respiro fundo e cutuco o ombro da garota tagarela.

- Você é Marina? – Pergunto, a garota por um momento parece perder toda a cor do seu rosto, mas se recompõe antes de responder.

- Sim. Sou eu. Posso ajudar?

Uma surpresa para Val ✔Where stories live. Discover now