Capítulo 26 - A carta

333 31 0
                                    

Três dias já haviam se passado, após a partida de Eliá. Jaqueline tocava piano na sala de música e o rei encontrava-se na biblioteca lendo alguns documentos.

Kay entrou no castelo e procurou por Anabel.

– Anabel, aonde meu pai se encontra? – perguntou ele.

– Está na biblioteca, alteza.

– Ele está muito ocupado?

– Está lendo, alteza.

– E a senhorita Jaqueline?

– Na sala de música.

– Anabel, quero que me faça dois grandes favores. Primeiro, leve esta carta para a senhorita Jaqueline. Fique por perto enquanto ela lê e, depois, me conte qual foi a reação dela. Segundo, não conte a ninguém o que acabei de lhe pedir!

– Está bem, alteza!

Kay esperou Anabel subir as escadas. Ele sabia que poderia confiar nela. Em seguida, foi para a biblioteca disposto a abrir seu coração e falar sobre o que sentia por Jaqueline para o pai.

– Posso entrar, senhorita Jaqueline? – perguntou Anabel.

– Claro! – respondeu Jaqueline parando de tocar o piano.

– O Príncipe trouxe-lhe esta carta e me pediu que lhe entregasse.

– Obrigada, Anabel!

Jaqueline olhou o remetente. A carta era de Albert. Abriu rapidamente a carta e, encaminhando-se para o seu quarto, começou a lê-la.

Querida Jaqueline,

Fiquei muito feliz ao receber sua carta e saber que iria reencontrar sua irmã.

Devo dizer-lhe que meus pais lhe enviam muitos beijos e disseram que estão com saudades. Eu e Monique estamos na casa deles. Viemos visitá-los, antes de partirmos em uma longa viagem, a qual já lhe explicarei melhor.

Tenho duas notícias para lhe dar: uma é muito boa, mas, infelizmente, a outra é realmente péssima. Vou começar pela má, pois talvez a boa lhe anime depois.

Quando cheguei aqui em Estrasburgo, soube de um terrível acidente que aconteceu há dois meses atrás. A senhora Dalors e Leonzinho voltavam da cidade quando ocorreu uma tempestade com muitos raios e ventos fortíssimos. Uma das árvores, perto da estrada que leva ao vinhedo, já estava bem velha e acabou caindo sobre a carroça deles. Leonzinho teve uma fratura na perna esquerda e já se encontra bem. Mas, infelizmente, a senhora Dalors não teve a mesma sorte. Ela teve um grave ferimento no peito. Jaqueline, a senhora Dalors não resistiu e faleceu pouco tempo depois do acidente.

Jaqueline não conseguiu terminar de ler a carta. Encostou-se na parede perto de seu quarto e deixou-se escorregar por ela até o chão. Ficou ali sentada, lendo e relendo a frase, sem poder acreditar nela.

– Senhorita Jaqueline, o que aconteceu? – perguntou Anabel.

Jaqueline não respondeu, nem sequer se mexeu.

– Fale comigo, senhorita! – gritou Anabel.

Sem obter resposta, Anabel correu até a ponta da escada e gritou, chamando por ajuda.

– Alteza! Majestade! A senhorita Jaqueline não está bem! Ajudem-me!

Kay conversava com seu pai quando ouviu Anabel gritar. Ele ainda não havia falado sobre seus sentimentos. Ele saiu correndo e subiu as escadas. O rei veio logo atrás dele.

As Rosas de NarayanOnde histórias criam vida. Descubra agora