I | Viva O México!

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27 de Outubro de 2018



Estava uma bagunça enorme no aeroporto de Guarulhos, faltava apenas quatro dias para a festa do dia de los muertos (dia dos mortos) no México e muitos turistas queriam prestigiar tal evento. Eu também estou indo para lá, mas são por motivos muito diferentes.

Há alguns anos atrás a minha avó Marieta de repente teve um surto de loucura, os filhos e o marido preocupados a internaram em um hospício esperando que ela voltasse ao normal, mas infelizmente isso nunca aconteceu, agora anos depois, o meu avô faleceu e os filhos (3 homens e 2 mulheres) resolveram repartir os bens da família, a minha mãe que era considerada "pobre" na visão dos meus tios, herdou a velha mansão que ficava em Guadalajara no Estado de Jalisco.

A minha mãe ficou super feliz com a notícia e logo arrumou as malas para a mudança, eu não gostei nada do fato de abandonar toda a minha rotina e ir para um país totalmente diferente e ainda mais para uma casa em ruínas!

O nosso voo estava marcado para as duas da tarde, olhei no meu relógio de pulso e percebi que a viagem estava com uma hora de atraso, 20 minutos depois o nosso voo foi liberado e apesar das diversas burocracias entramos no avião as quatro.

-Tomou o seu remédio de enjoo Camila? -Perguntou a minha mãe colocando o cinto de segurança, eu acenei com a cabeça confirmando, desde pequena tenho problemas em viajar de carro e de avião, sempre que entro em um eu começo a passar mal, fora o fato de eu odiar lugares pequenos e muito apertados.

Após o avião decolar eu recostei a minha cabeça no assento imaginando como seria a minha vida naquele país. Semanas atrás a minha mãe comprou diversos livros de espanhol para estudarmos em casa, vimos até vídeo aula, mas não adiantou muito para mim, enquanto a minha mãe estava falando quase fluente eu só sabia o básico, espero poder melhorar com a convivência no colégio!

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A viagem tinha sido calma e sem grandes turbulências, eu acabei dormindo a viagem inteira e só acordei quando chegamos no Aeroporto Internacional De Guadalajara, desembarcamos e seguimos de carro até a nossa residência.

O povoado de Guadalajara ficava no estado de Jalisco, felizmente o único aeroporto do estado ficava na nossa nova cidade. A mansão da minha família fica afastada do povoado, pois antigamente os meus avós viviam da plantação de milho e na criação de bois, hoje tudo está abandonado.

Apesar da minha mãe ter nascido nessa cidade, eu nunca tinha visto Guadalajara pessoalmente, pouco tempo depois que a minha avó foi internada a minha mãe descobriu que estava grávida do meu pai, que era brasileiro, ele não quis nos assumir e desapareceu no mundo, o meu avô que era muito rígido e antiquado expulsou minha mãe de casa e ela veio para Brasil atrás do meu pai com a ajuda financeira da minha tia, mas após buscar intensamente ela nunca o encontrou e desistiu, ela nunca me contou quem ele era, porém eu não tenho muito interesse de conhece-lo.

A mansão que meu avô nos deixou como herança começou a surgir entre as árvores, como eu suspeitava estava em ruínas.

A mansão foi comprada e reformada pelos meus avós, quando a minha avó enlouqueceu e foi internada no hospício, o meu avô simplesmente abandonou a casa e se mudou para a Europa deixando para trás todo o legado dos Hernandes.

Olhei para minha mãe e percebi que conforme nos aproximávamos da casa o seu olhar ficava cada vez mais distante e sereno, talvez se lembrando dos seus momentos de infância.

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Pagamos o taxista e seguimos para a entrada da casa, bati na porta e logo uma moça com uma expressão assustada surgiu abrindo a porta, parecia que ela estava fugindo de alguma coisa muito ruim.

O Vale Da Morte || ContoWhere stories live. Discover now