Betrayed

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Quando a gente finalmente chegou eu pude entender o motivo de Wade ser tão apaixonado por aqui mesmo sem nunca ter visto antes. Uma paz enorme se estabeleceu sob mim no momento em que entramos no parque, quando a gente saiu do carro o vento gelado bateu no meu rosto e o cheiro forte de terra molhada tomou conta de mim e eu me senti completo.

— Meu Deus esse lugar é sensacional... — Digo enquanto tentava o máximo possível observar cada detalha da floresta enorme a minha volta.

Quando eu olho para Wade ele estava completamente deslumbrado, sua cabeça estava indo de um lado para o outro e ele tinha um sorriso enorme em seu rosto, o que me deixou mais feliz do que já estava. Eu fui para mais perto dele e o abracei pelas costas enquanto ele ainda tentava processar tudo que estava acontecendo.

— Eu já disse que você é a coisa mais preciosa do mundo? — Digo enquanto o observava.

Wade vira de frente pra mim, me puxa pela cintura e me beija. Eu não consigo evitar de sorrir em meio ao beijo mas depois de um tempo eu me lembro da greve e me afasto.

— Eu ainda estou de greve viu? Isso foi apenas um deslize.

Ele revira os olhos e me puxa em direção a recepção. Assim que nós entramos no salão meu corpo inteiro travou, lá estava ele, parado atrás do balcão da recepção, Matthew, a porra do ex de Wade. Ironicamente, os dois terminaram por culpa minha e se eu for citar uma das poucas certezas que eu tenho no mundo, seria de que Wade ainda o ama.

Os dois ficaram juntos por mais ou menos cinco anos e era um namoro quase que perfeito, se você não levar em consideração o ciúmes absurdo que ele tinha de mim, era tudo mil maravilhas, se não fosse por mim, eles provavelmente estariam juntos até hoje.

Eu observo Wade de canto de olho e posso perceber um sorriso enorme se formando em seus lábios no momento em que seus olhos se pousaram em Matt. Ele foi andando rapidamente em sua direção enquanto eu fiquei mais para trás apenas o observado. Os dois se abraçaram forte e começaram a conversar animadamente, eles estavam tão próximos um do outro que eu jurava que eles iriam começar a se pegar a qualquer instante.

Depois de um tempo, Wade passou o olho pelo salão e quando me viu ele acenou com a mão para que eu me juntasse a eles. Fui andando em sua direção com passos curtos e um sorriso nervoso, meu coração estava acelerado e eu suava frio. Quando parei ao seu lado pude sentir as minhas pernas tremerem e eu tinha certeza que elas iriam falhar e eu iria cair na frente de todos.

— Matt, você com certeza lembra do Peter, certo? O meu melhor amigo, nós dividimos o apartamento! — Ele diz com um sorriso no rosto e eu senti meu sangue ferver de ódio.

Meu melhor amigo?

Eu dou um sorriso fraco enquanto Wade volta completamente a sua atenção para Matthew e ambos me fecham. Eu sai quase que correndo para resolver as coisas do nosso chalé antes que eu explodisse de ódio ou começasse a chorar na frente de todos. Depois de resolver tudo e de algumas voltas atrás do nosso lugar eu finalmente encontrei e pude por tudo pra fora.

Eu reconheço que independentemente da situação em que nós estamos eu continuo sendo o seu melhor amigo, mas de alguma maneira quando eu ouvi ele não só me chamar dessa maneira, mas como se referir a mim desse jeito pra outra pessoa, partiu meu coração. Depois de todas as coisas que ele tinha dito pra mim, de todas as promessas que ele fez, eu realmente achei que eu fosse mais do que seu melhor amigo.

Já estava anoitecendo e Wade ainda não tinha aparecido. Meu celular não pega aqui e eu não tinha como falar com Michelle. Eu já tinha chorado, gritado, batido na parede e mesmo assim eu não conseguia me acalmar de jeito nenhum. Resolvi pegar o carro e dar uma volta pela cidade antes que eu acabasse quebrando algo do quarto ou até mesmo algo em mim.

Fiquei um tempo dando voltas pela cidade atrás de algum estabelecimento aberto até finalmente encontrar um bar. Assim que eu entrei no local eu dei de cara com a última coisa que eu queria ver e o que eu mais temia. Eu havia o achado, lá estava Wade, sentado num canto do bar com Matthew quase sentado em seu colo, ambos visivelmente alterados.

Eu passei uns segundos parado na porta os encarando até que Wade finalmente reparou que eu estava aqui e eu me virei na direção da porta e sai apressado. Assim que eu pus meu corpo pra fora do local, sentei no chão e me desabei de chorar, as lágrimas eram tantas que minha vista estava embaçada e eu tinha muita dificuldade de respirar. Eu tentava respirar fundo para me acalmar mas a cada segundo minhas lágrimas vinham com mais intensidade.

Um tempo depois a porta se abre novamente e eu levanto a cabeça me deparando com Wade me observando. volto para a minha posição e tento esconder meu rosto mas ele se senta ao meu lado e me puxa para perto de si me abraçando. Nós dois ficamos por um tempo sentados no chão até que eu conseguisse parar de chorar e acalmar a minha respiração.

— O que aconteceu? Você ta bem amor? Quer voltar para o hotel? — Ele pergunta enquanto segurava meu rosto e me encarava com um olhar preocupado.

Eu apenas confirmo com a cabeça sem o responder e ele me levanta e me leva em direção ao carro. Nós passamos o caminho inteiro em silêncio, com apenas o som que o carro fazia e o do vento que entrava pela janela semiaberta. Quando Wade estacionou o carro nós dois ficamos parados por um tempo sem fazer qualquer tipo de movimento, quando eu fui me mover para abrir a porta do carro e sair ele pôs seu braço na minha frente, me impedindo de fazer qualquer movimento e eu virei para o encarar.

— O que você acha que aconteceu? — Ele questiona sem me olhar.

— O que aconteceu? — Retruco ainda o encarando.

Ele fecha os olhos com força, uma lágrima solitária escorre e ele respira fundo antes de falar qualquer coisa.

— Eu o beijei.

we were just friends (spideypool)Onde histórias criam vida. Descubra agora