Os Filhos do Meu Padrasto (Romance Gay)

Capítulo 12 - Perdão e nova amiga

[Vicente]

Depois de uma semana tentando decidir se vou ou não ver meu pai no hospital, Gael consegue liberação do médico para ir comigo até São Paulo. Enquanto arrumava a mala, as lembranças de uma discussão com ofensas e humilhação, veio em minha mente. Sai de casa brigado com meus pais conservadores e evangélicos. Os únicos que mantinham contato comigo são meus irmãos, Victor e Vivian. Quando Victor contou-me do estado de saúde do meu pai, um misto de tristeza e vontade estar perto dele me consumiu. Não contive as lágrimas e acabei sentando na cama e chorando. Um choro de alívio de estar indo ver meu pai com vida ainda.

Gael adentrou o quarto, me viu chorando e me abraçou. Chorei com mais vontade por saber que meu amigo está comigo. Enxuguei as lágrimas e seguimos para o aeroporto. Entrelacei meus dedos numa das mãos de Gael. Depois de uma hora, aterrissamos em SP. Respirei fundo, olhei para Gael e caminhos para fora do avião. Pedimos um Uber e seguimos para o Hospital Sírio Libanês. Chegamos em frente ao hospital, soltei um suspiro. Gael apertou minha mão como forma de lembrar-me que ele está comigo. Identifiquei-me na recepção e a recepcionista me falou o andar, o quarto e onde poderia encontrar minha mãe e meus irmãos. Adentramos o elevador e em poucos segundos, chegamos ao andar em que meu pai está internado. De longe, avistei minha irmã, seu namorado, Victor abraçado com minha mãe e duas tias minhas, irmãs do meu pai. Olhei para Gael e caminhamos até onde estavam meus irmãos, minha mãe e minhas tias.

― Filho! ― disse minha mãe caminhando em minha direção.

Ela encarou-me, começou a chorar e abraçou-me forte. Eu não aguentei segurar as lágrimas e chorei. Abracei ela forte e meus irmãos também nos abraçaram. Eu não estava acreditando que chegaria o dia em que poderia sentir o abraço da minha mãe. Ela acariciava meu rosto, me abraçava.

― Vicente. ― chamou-me enxugando as lágrimas e recuperando o fôlego. ― Seu pai e eu estávamos planejando ir ao seu encontro para lhe pedir perdão. ― revelou. ― Só que um dia antes de irmos para o Rio de Janeiro, ele passou mal e veio parar no hospital. ― disse.

― Quando nossos pais contaram para mim e Vivian, ficamos felizes por nossa família se reunir novamente. ― disse Victor abraçando-me.

― Você faz muita falta em casa, tato. ― falou Vivian me abraçando.

― Me perdoa meu filho. ― pediu minha mãe ajoelhando em minha frente. ― Peço perdão por não ter sido a mãe que você merece. ― chorou.

― Mãe, levanta. ― pedi erguendo-a. ― Quando eu contei que sou gay, foi porque vocês precisavam saber de mim. ― acariciei seu rosto. ― Eu me senti muito desprezado quando você e papai me chamaram de obra de Satã e entre outras coisas. ― chorei.

― Acredite, tato. ― falou Victor. ― Mamãe e papai se condenam muito por isso. ― falou.

― Filho, não tem um dia que eu olho em direção ao seu quarto e imagino você saindo dele. ― sorriu lembrando.

― Esses dias flagrei nosso pai deitado em sua cama agarrado com uma blusa sua chorando pedindo perdão para Deus e clamando por sua volta. ― contou Vivian.

― Mãe. ― chamei-a. ― Eu já perdoei você e o pai há muito tempo. ― falei. ― Eu já parei diversas vezes em frente a casa de vocês e não quis entrar com medo de tudo se repetir novamente. ― contei chorando.

― Volta para casa meu filho? ― pediu minha mãe.

― Mãe, eu vou voltar para o Brasil. ― contei. ― Mas eu vou morar no Rio de Janeiro. ― falei.

Após muita conversa, a enfermeira avisa que meu pai está acordado e fora de perigo. Ele não sabia que estava no hospital. Pedi a minha mãe e meus irmãos que deixasse eu falar a sós com meu pai. Minha mãe autorizou e caminhei até o quarto com o coração acelerado. Parei na porta do quarto e respirei fundo. Abri a porta devagar e vi meu pai acariciando uma foto de nós três ainda pequeno. Ele estava tão entretido olhando e acariciando a foto que nem me viu adentrar o quarto. Nesse momento, a música de Ed Sheeran - Photograph tocava suavemente no quarto. Essa música ele sempre cantava para expressar suas emoções. Papai começou a cantar a música.