Boina

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Era tarde e as luzes do parque ameaçavam se apagar. A garota segurava sua boina com força, expremendo-a entre seus dedos. Seu rosto irradiava decepção, tristeza. A mágoa de ter sido esquecida lhe trazia sensações amargas.

Levantou-se, derrotada. Portadora de tamanhas memórias, tamanhos sentimentos. Carregava o primeiro objeto que dividiram com tanto carinho para lá e para cá, esperando-a se materializar na frente de seus olhos. Era fútil, ela sabia. Mas não poderia se privar de mínima esperança.

Passos desanimados atravessavam casas e prédios, até alcançar sua pequena residência. Uma enorme placa indicava o estabelecimento sobre o qual morava. "Doceria Sonho". Sua mãe não era muito criativa.

Ao abrir a porta, o irritante sininho tocou, machucando seus ouvidos e fazendo sua irmã mais nova correr até onde estava.

—Chae! —Exclamou, sorridente.

Suspeito.

—O que você quer agora? —Chutou.

A outra fingiu uma expressão magoada.

—É isso que você pensa de mim? Eu não posso apenas cumprimentar minha amada irmã? —Perguntou, dramática.

—Chaeryeong. —Falou, rígida. Queria voltar para o quarto e esquecer seus problemas.

A menina bufou, logo soltando:

—Você pode me substituir no turno da manhã?

Sua irmã poderia ser tudo poderia ser tudo, sua versão menor e mais chata, mas, nunca, de jeito algum, faltava ao trabalho.

—Por quê?— Questionou.

Ela parecia encabulada.

—Amanhã… eu… —Pensava em uma desculpa— Tenho que ir a um passeio da escola.

Chaeyeon riu. Mentalmente, claro.

—Tudo bem.

Um sorriso enorme se formou no rosto da mais nova.

—Obrigada! —Exclamou, abraçando-a— Depois eu te recompenso!

E saiu correndo. Para provocá-la, Chaeyeon gritou:

—Divirta-se no seu encontro!

Antes que a outra lhe encontrasse, correu para o quarto e trancou a porta. Agora era só ela. Ela e seus pensamentos.

Deitou-se na cama, observando o teto decorado por estrelas de plástico. Não tinham graça com a luz acesa, dando contraste à vista obscura do céu noturno. Desviou seus olhos para as fotos penduradas na parede, como se seu subconsciente implorasse para vê-la.

Miyawaki Sakura.

A garota a qual estava esperando todos os dias. A garota com quem formou uma promessa, quando esta retornara para seu país aos onze anos. Chaeyeon quase não conseguia acreditar em sua paciência.

Ela mal podia suportar sua bagunça de sentimentos. A decepção, saudade, ansiedade… Todos tomavam seu corpo, trazendo-lhe pensamentos negativos. Não queria imaginar, por menor que fosse a probabilidade, que havia sido esquecida, junto a pensamentos inúteis.

O fim de ano era caracterizado pelo frio e, junto aos ventos secos, a estavam suas velhas esperanças. Talvez realmente fosse inútil, como Chaeryeong diz. Talvez ela devesse parar.

Seus olhos, cansados, se fecharam. A escuridão devorou seus devaneios e, pela primeira vez no dia, o nome de Sakura desapareceu de sua mente.

Promise U (Chaekura) Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt