A manhã fria e triste inundava a doceria todas as vezes em que a porta se abria, anunciando novos clientes. O ar quentinho era expulso e, com ele, iam embora todos os pensamentos motivacionais de Chaeyeon.
Ela odiava o turno da manhã, principalmente durante os sábados. Pais traziam suas crianças para comer pães doces recém saídos do forno, causando uma zona temporária no local. Gritinhos agudos e insuportáveis se juntavam ao som do sino, revezando na dose de tortura da garota.
Estava cansada, entediada e sozinha. Maldito dia para Chaeryeong arranjar um encontro. Sua boina avermelhada lutava para se manter equilibrada em sua cabeça. Seus braços exaustos e com um odor forte de chocolate estavam apoiados na bancada, segurando seu rosto. Olhos distraídos encaravam a porta, esperando que ela se abrisse.
E assim aconteceu. Só que, no lugar de uma criança chata procurando seu playground, Chaeyeon viu o rosto que estava sempre presente em sua mente.
Sakura.
De todos os lugares do mundo, este era, com certeza, o menos apropriado para um reencontro. Com excessão de uma prisão, claro. Mas os gritos infantis insuportáveis e a pilha de xícaras que deixou cair por conta do choque não eram muito adequados.
Seus cabelos curtos avermelhados emolduravam seu rosto, que estava coberto parcialmente por um cachecol bege. Seus olhos continuavam brilhantes, demonstrando sua doçura. As mãos de Chaeyeon, ligeiramente machucadas pelos cacos, se uniram em um gesto nervoso. A vista se tornava levemente turva à medida em que a outra se aproximava, concentrada em seu celular.
Envergonhada, cobriu o rosto com as mãos, como se apenas aquele disfarce a fizesse desaparecer.
Mas… Sakura não deveria lembrar dela, né? Ela estava ali, bem na sua frente, e, em nenhum momento, apareceu no parque para cumprir sua promessa. "Pare, Chaeyeon. Está sendo paranóica demais. Não é como se você fosse especial.", pensou.
Para Sakura, existiam várias Chaeyeons. Mas, para Chaeyeon, existia apenas uma Sakura.
Ao ouvir a voz preocupada da outra, a menina percebeu que continuava cercada pelo que sobrou das xícaras destruídas. Os cortes em suas mãos passaram a arder e ela saiu desesperada buscando uma vassoura. Escutou uma risada adocicada saindo dos lábios dela.
Arranjou uma pá florida e uma vassoura velha espalhafatosa. Não tinha experiência em limpeza, então, ao invés de consertar o estrago que fez, apenas piorou tudo.
—Está tudo bem? —Perguntou Sakura— Precisa de ajuda?
Chaeyeon queria responder que não, mas, vem no momento em que abriu a boca, furou seu dedo em outro fragmento pontudo. Ela fez uma nota mental para pedir para sua mãe que trocasse os objetos frágeis por uns de plástico reciclável.
Ela se agachou, pedindo desculpas inaudíveis à garota e desistindo de limpar. Gostaria que sua irmã estivesse ali.
Ao sentir uma respiração que não era dela contra o seu rosto, Chaeyeon abriu os olhos e viu que todos os cacos estavam juntos na pá e que, como um desafio à sua sanidade mental, Sakura estava a observando com um sorriso no rosto. Ela estendeu sua mão para a outra levantar. Porém, quando aceitou a ajuda e estava quase de pé, Sakura exclamou:
—Chaeyeon! —Levou suas mãos à boca, surpresa.— É você, não é?!
Sem seu suporte, o corpo da garota se chocou novamente contra o chão. Ajustando sua boina e controlando o desânimo em sua voz, disse:
—Sim, sou eu. Lee Chaeyeon.
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Promise U (Chaekura)
RomanceOnde Chaeyeon e Sakura, amigas de infância separadas pela distância, fizeram uma promessa. Quando uma delas fizesse vinte e um anos, se reencontrariam na praça em que brincavam quando pequenas. Mas há um problema: Chaeyeon lembra, Sakura não.