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Ao dia seguinte, depois do almoço, Verônica ficou esperando por Alejandra para as atividades planejadas. Entretanto, eram quase 3 da tarde e ela ainda não tinha se apresentado para as aulas daquela tarde. Ela era o reflexo da rebeldia juvenil e os temas que Verônica tratava com ela pouco lhe interessavam. Verônica, então, percebeu que precisava de uma estratégia para conectar-se com a jovem. Colocou alguns livros na bolsa e se dirigiu ao estábulo. Ali pediu que lhe selassem um cavalo para ir ao encontro de Alejandra. Não tinha certeza de onde ela estaria, mas tinha algumas suposições.O comportamento rebelde da adolescente lhe incomodava por tudo o que ela havia feito questão de esclarecer com Julian. Não havia conseguido quase nenhum avanço com Alejandra em todo aquele tempo e odiava ver-se sem conseguir vencer o desafio que Julian lhe havia proposto, perdendo para alguém que era quase uma criança. Além disso, depois desse sonho de à noite precisava reforçar que a ligação dos dois não passava de uma relação entre patrão e empregada principalmente para si mesma. Em hipótese nenhuma poderia revelar esses desejos que lhe tentavam à noite à ninguém. Nunca!
Percorreu a cavalo os lugares que sabia que Alejandra gostava de frequentar. Depois desse tempo ali, já sabia grande parte dos costumes da jovem. Foi até onde os vaqueiros levavam o gado, mas ela não estava, acreditou que ela estaria no armazém, nas barras de Julian, despachando a mercadoria. Chegando bem perto, antes da entrada do armazém, encontrou a adolescente sentada ao lado de seu cavalo.
— O que você está fazendo aqui, não tínhamos um compromisso? — Verônica disse descendo de seu cavalo.
— Ah, é verdade, a aula de literatura, eu esqueci. — Disse cínica.
— Você não se esqueceu, você não quis ir, não é verdade? — Verônica a enfrentou.
— Se já sabe, então porque veio atrás de mim? — Ela a encarou firme.
— Porque seu pai me contratou para proporcionar-lhe um pouco mais de cultura a você, mocinha. E, se eu fui contratada para executar um trabalho, eu o realizo, simples assim.
— Tanto faz! — Desdenhou Alejandra.
— Tome. — Disse Verônica estendendo um dos livros que tirou de dentro da bolsa que levou até ali. — Este era o livro da lição de hoje. Vamos lê-lo aqui.
Alejandra arregalou os olhos surpresa. Tudo o que dizia respeito ao mundo que Verônica queria lhe apresentar não lhe interessava. As aulas de piano, de etiqueta, os conselhos e todos aqueles enfadonhos livros. Mas o que mais lhe incomodava era que essas aulas aconteciam naquela casa. Fechada, longe de toda a liberdade que a fazenda lhe proporcionaria.
— É sério? Aqui? — Verônica podia ver um brilho diferente nos jovens olhos de Alejandra.
— Sim, muito sério. Porque quando se trata de um livro, pouco importa o lugar em que você esteja quando o leia, apenas que perceba o quanto ele é capaz de te levar a qualquer lugar. — Verônica estava decidida.
— Eu não entendo. Qual o sentido de estudar literatura ou aprender essas bobagens que a senhora tenta me ensinar? Aqui eu não preciso de nada disso.
— Talvez agora você não tenha consciência, mas algum dia você vai entender. E vai fazer sentido. Por exemplo... leia o poema que eu separei.
Alejandra iniciou a leitura descrente porque não tinha alternativa:
Um rio soa sempre perto.
Há quarenta anos que o sinto.
É cantoria de meu sangre
ou melhor um ritmo que me deram.
Ou o rio Elqui de minha infância
por onde eu subo e vadeio.
Nunca o perco; peito a peito,
como duas crianças, nos temos.
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Tentados Pelo Desejo - DEGUSTAÇÃO
RomanceNo fim dos anos 40, no interior do México, Verônica Aguillar, uma sonhadora e apaixonada mulher, é surpreendida por uma inesperada fatalidade e se vê viúva. O desamparo e a solidão a obrigam a aceitar com muita desconfiança uma proposta do fazendeir...