6 - Fantasia ou realidade?

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***

Antes de responder ela hesitou sem entender porque. Mas logo soube. Estranhamente não conseguia mentir a Julian. Não podia e nem queria.

— Sim. — A palavra saiu tão suave que pareceu ficar presa entre os dentes ao mesmo tempo em que o olhar se desviava.

— E por que não me disse nada? — Ele tocou seu braço fazendo com que ela olhasse para sua mão ali.

— Desculpe-me, sei que me contratou e tinha o direito de saber, é que nos primeiros dias eu estava tão desorientada, não queria pensar em nada e, além do mais... Eu não confiava em você e tinha medo de que não me quisesse para o trabalho sabendo que eu estou grávida.

— Por que tipo de homem você me toma, Verônica? — Julian se irritou. — Você acha que eu te deixaria na rua por estar grávida de seu marido? Eu conhecia cada detalhe da sua condição quando te contratei e não te jogaria na rua por causa de uma gravidez. Além disso, eu fico feliz que você tenha um filho de Miguel. — Ele disse suspirando.

— Por quê? — Ela estranhou.

— Por quê quando Suzana, minha esposa, morreu a única coisa que me consolou foi Alejandra e... sua semelhança com ela. Seu filho vai te ajudar a superar a dor. — Julian voltou a imiscuir-se na vida pessoal de Verônica quase sem dar-se conta.

— Você tem razão. — Dessa vez ela não o hostilizou. Estava sentindo-se em dívida com ele pela verdade que não lhe contou. — É uma maneira de que Miguel continue vivo para sempre. — Sorriu Verônica.

— Agora vá para casa e trate de se alimentar. Você não deve pensar só em você, mas neste bebê que carrega aí. — O cuidado de Julian alegrou Verônica.

Quando ela se aproximou do cavalo positivamente afetada pela ternura de seu cuidado, ele a chamou.

— Verônica... não devia cavalgar. — Repreendeu-a.

— Não se preocupe, minha mãe cavalgou até os sete meses de gestação e minha irmã e eu nascemos fortes e saudáveis. — Ela tratou de despreocupá-lo.

— Não creio que seja saudável. Mas não devo me meter. Só tome cuidado. — Pediu preocupado. —  Quando quiser sair da sede, peça ao cocheiro para te trazer de carroça. Ou a conduza você mesmo, sei que tem experiência.

— Está bem. — Aceitou Verônica.  

Inconscientemente Julian e Verônica começavam uma aproximação irreversível e esse desejo que, ainda suavemente, lhes tentava todas as noites começou a crescer. Verônica e Julian ainda não sabiam, mas chegaria o momento, que de tanto fantasiar com o toque e a pele um do outro, perderiam a capacidade de distinguir entre a fantasia e a realidade e neste instante, o desejo venceria a razão, mas essa não era uma derrota penosa para nenhum dois, pelo menos não no início.

*** 

— Eu estou horrível! — Gritou Alejandra com a porta do quarto fechada. — Não vou sair assim.

— Deixa de bobagem, Alejandra. É impossível que esteja horrível, você é uma menina linda. Abra a porta para que eu te ajude a arrumar seus cabelos. — Verônica tentou acalmar a jovem que se sentia estranha com o vestido que Julian lhe comprou.

Ela abriu a porta timidamente. Verônica entrou e observou uma desconfortável, porém linda senhorita.

— Você está linda. Tenho certeza que seu pai vai sentir muito orgulho de você.

As palavras de Verônica fizeram que ela relaxasse um pouco dentro do vestido que ela não estava acostumada a portar. Ela levantou os olhos e observou Verônica de cima abaixo. Verônica portava um vestido azul royal até os pés. O corte era simples com um detalhe na altura da cintura. Seus cabelos negros levemente cacheado na altura dos ombros ornavam com a maquiagem sóbria, mas que deixavam seu rosto carregado de um mistério e uma leve sensualidade que levaria qualquer homem a querer descobri-la.

Tentados Pelo Desejo - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora