Capitulo 1

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Noite, escuridão dos papeis queimados na fogueira, sem estrelas, sem luzes. Ruas silenciosas sem um piu para calar. Casas das redondezas trancadas, fechadas e luzes apagadas. Casas as quais estão todas velhas e cheias de ferrugem nas portas e janelas, cores feias, cores nojentas, vidros todos feitos cacos no chão como peças de um quebra-cabeças. Cães dos vizinhos a dormir, mas não estão sozinhos pois o medo é mais forte. Os únicos coches que lá existem estão velhos e ousados, antes eram de cores claras mas agora estavam escuras. A única lâmpada que por lá havia foi fundida por armas de fogo e a única casa estável que se encontrava naquele local era sombria.

Mas que bairro é este? Este bairro não tem nome, nunca foi visto nos mapas. Parecia como um mundo paralelo ao nosso.

De repente, conseguia ouvir uns ruídos no fim da rua. Ouvindo agora com mais atenção percebi que era uma melodia. Essa melodia que era idêntica a melodia que ouvia em todos os meus pesadelos.

Dei uns passos em frente, seguindo aquela melodia. Eu queria fugir, queria sair dali! Mas algo não me deixava, por isso andei. Mal dei os dois últimos passos vi, agora, com mais nitidez uma figura. Parecia ser uma menina com uns 11 anos de idade. Cabelos escuros até aos seus pequenos pés. Ao meu ver não era uma menina indefesa, pelo contrario, parecia até perigosa. Ela ia com uma bata branca, velha e rasgada até abaixo dos joelhos. Essa menina parecia estar com algo no corpo mas ainda não conseguia ver o que era. Ela cantava a tal melodia e fazia com que o meu corpo estremece-se de medo. Comecei a ficar nervosa e cada vez mais congelada, pois ela estava a penas 4 metros de mim.

Pensei no que fazer, mas nada me ocorria. A única ideia que tive foi tirar o telemóvel do meu bolso. Mas infelizmente foi uma ideia falhada pois neste "mundo" não havia rede e até posso dizer que vi o meu telemóvel a explodir nas minhas próprias mãos.

Olhei de novo para a rapariga e esta levantou o seu olhar para mim. Com isso congelei em segundos. A rapariga encontrava-se com a cara cheia de sangre, com um olhar maligno.

Lágrimas vieram aos meus olhos. "Que vou eu fazer?! Não há ninguém, nem sei onde estou. Estou perdida!" Pensei.

Olhei ao meu redor e só se encontrava comigo a menina.

A única coisa que eu pedia era ajuda, ajuda para sair deste pesadelo. A única solução era ir para a única casa disponível desta zona. Mas o medo era maior pois teria que correr e não sei se a rapariga é mais veloz que eu.

"Não tenhas medo" disse a menina. "Eu não te faço mal" Olhou para mim com um sorriso maligno.

Tinha o coração a mil. Tenho medo.

Um pensamento invadiu a minha cabeça. E se ela não é a única aqui? E se há mais "gente" aqui pior que ela?

Agora tenho a certeza, estou numa aldeia fantasma. Uma aldeia deixada para trás por todos. Pensava que era uma lenda mas agora vejo que não, que afinal existe. 

Dei um passo rápido para a direita para ver o que ela poderia fazer. Ela foi quase mais rápida que eu.

Decidi falar com ela, afinal poderia conseguir safar-me.

"Qual é o teu nome minha pequena?" Ela não me respondia até que lhe ia fazer outra pergunta mas ela responde "Não interessa o meu nome, e também não te interessará o meu passado. A única coisa que te interessa é que quem entra aqui não sai".

Do todo, não esperava uma resposta destas. Se ela estiver sozinha é mais fácil mas se não....

"Estas sozinha pequena?" Perguntei com as palavras mais calmas que conseguia.

De imediato tive uma resposta. "Não importa se estou sozinha ou se não... Não julgues o meu aspecto pois eu posso ser o teu bem mais precioso".

Bairro AssombradoWhere stories live. Discover now