O dia que fui sufocada com os melhores abraços

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POV Camila.

Tatiana, a psicóloga me proibiu de chamá-la de "doutora", sai do meu quarto, dizendo que voltaria logo, pois ela tinha que resolver algumas coisas para poder me ajudar. Sem entendermos direito, apenas observamos ela nos deixar.

-Cami, vou buscar Dinah e Tia Milika, elas estão arrancando as unhas lá na recepção. - Deixa um beijo na minha testa e se afasta, me deixando sozinha.

Começo a lembrar de toda informação recebida, a chance real de perder minha irmã... O pior é pensar que nada disso não teria acontecido se não por eu ter feito merda. Ainda teríamos uma família normal, meu pai estar com a gente, minha mãe não estaria o tempo todo caída em algum canto e minha irmã poderia ter uma vida normal, sem ter que ficar cuidando da irmã problemática.

Medo e culpa percorrem minha espinha num raio gelado e sinto meus pulmões começarem a pedir por ar. Agarro os lençois que me cobrem com força desnecessária, tentando manter o controle. Não posso mais perder o controle! Não posso perder minha irmã! Merda, Camila. Se controle, porra! Todo mundo consegue, você também tem que conseguir. Arregalo os olhos ao ouvir a porta abrindo abruptamente e uma cabeleira loira se jogando em cima de mim, me envolvendo forte em seus braços.

-Mila, sua vadia! Não me assusta mais desse jeito. - Dinah se afasta e prende meu rosto em suas mãos e encara meus olhos nos seus (que estão vermelhos e inchados e com um brilho de desespero neles) - Camila, eu não posso te perder, você não é louca de me deixar para trás! - Me abraça de novo, deixando seu rosto na curva do meu pescoço e funga por causa do choro. - Promete que vai se cuidar, mesmo que eu tenha que andar grudada em você, mas promete para mim? Promete que não vai me deixar, promete que vai ficar me dando patada e sendo ignorante comigo até estarmos velhinhas enrugadas e sua bunda gigante caída. Promete, Camila. Te imploro, Camila. Não me abandona. - Seus braços me apertam mais contra si e eu já estava chorando, sem saber quando a primeira lágrima caiu.

-Prometo, DJ. Prometo. - Digo apertando ainda mais meus braços, normalmente ela teria reclamado, mas ela só afundou mais ainda seu rosto no meu pescoço. - Prometo, mas vou precisar da sua ajuda. Não sei como sair dessa merda toda.

-Eu te ajudo. Você não está sozinha. Nunca esteve.

-Será que eu posso dar um beijo na minha sobrinha do coração, Dinah Jane Hansen? Ou prefere que eu volte amanhã?

-Volta depois de amanhã e talvez eu largue ela. - Diz, com o rosto ainda no meu pescoço. Me aqueço por dentro, pois Dinah não é de demonstrar afeto assim. Claro, ela sempre me abraça e dá beijos, mas ela nunca se abre assim, nunca fica tão vulnerável.

-Levanta daí, Dinah Jane. Depois você volta a sufocar a minha menina. - Dj bufa no meu pescoço e se afasta relutantemente, enquanto sua mãe se aproxima com lágrimas nos olhos.

-Minha menina, fiquei tão preocupada com você. - Diz me envolvendo em um abraço maternal e nunca me senti tão frágil e desabo num choro profundo e doído.

Sinto suas mãos afagarem minhas costas, enquanto ela diz palavras, que eu acho que são reconfortantes, pois eu não consigo ouvir nada, enquanto soluço, molhando, com minhas lágrimas, sua blusa, mas ela não parece se importar.

Não sei quanto tempo ficamos naquela posição com ela me acolhendo em seus braços e me acalmando. Mas, em algum momento, meu choro cessou, mas não ousei largá-la e ela também não tentou se afastar.

Enquanto Tia Milika me embalava em seus braços, ouço a porta se abrindo, mas não levanto minha cabeça para ver quem é. Mas logo aquela voz irritante se faz presente.

-Desculpa atrapalhar de novo, mas temos assuntos para acertar. Se vocês puderem nos dar licença para eu conversar com Camila e Sofia... - Eu levanto meus olhos para ela e prendo mais Tia Milika em meus braços, quando ela fez menção de sair.

Voltando a ViverWhere stories live. Discover now