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— E então ele jogou um copo inteirinho de suco na minha cara e me mandou embora... – Louis concluiu sua breve explicação, soltando um suspiro longo e manhoso enquanto sentia um par de mãos acariciando delicadamente o topo de sua cabeça.

Seus fios de cabelo dançavam por entre os dedos de Liam, que mantinha aquele seu amigo mais velho e decepcionado com a cabeça apoiada em seu colo, enquanto ouvia com atenção as palavras lastimosas que Louis tinha para lhe dizer.

Zayn também ouvia atenciosamente o que Tomlinson falava, por mais que estivesse sentado na poltrona da sala da casa de Louis, um pouco longe de onde aqueles seus dois amigos se encontravam. Sua atenção estava parcialmente voltada para o celular que mantinha por entre suas mãos, provavelmente checando alguma de suas redes sociais, mas ora ou outra sua cabeça se levantava em direção a Louis e Liam, franzindo seu cenho ao ouvir uma parte específica da explicação que Louis dava sobre algum acontecimento recente envolvendo vizinhos e copos de suco.

— E o que você fez? – a voz de Liam soou preocupada, com uma careta de espanto em seu rosto para complementar. Zayn parou de mexer em seu celular para encarar aquela cena. O amigo que mantinha Louis no colo abaixou gradativamente sua cabeça, até aproximar-se o suficiente dos milhares de fios de cabelo de Louis e raspar a ponta de seu nariz ali, respirando fundo e rapidamente algumas vezes, como se fosse um cão farejador. – Oh, então é por isso que seu cabelo está com esse cheiro esquisito...

Louis arregalou os olhos, erguendo-se rapidamente e ajeitando sua postura ao lado de Liam.

— Cheiro esquisito?!

O amigo de Louis enrugou o nariz, olhando fixamente para aquele rapaz mais velho por alguns instantes, sem saber muito bem como reafirmaria aquela questão sobre um odor parcialmente desagradável estar tomando conta dos cabelos de seu amigo.

— É, parece um compilado de vegetais. Como se houvesse uma horta aí dentro. – respondeu, meio receoso. – Do que é que era aquele suco? Clorofila?!

Louis bufou, revirando seus olhos e fechando suas mãos em punho, com os nós de seus dedos esbranquiçando logo em seguida. Mais uma vez, Harry e suas ideias de jerico haviam arruinado todos os planos que Louis tinha em mente. Primeiro, o rapaz só queria se desculpar com seu vizinho e, a partir daí, tomar iniciativa para apresentar-lhe um combinado de ações agradáveis o suficiente para fazer com que aquela relação amigável progredisse. Segundo, Louis não tinha culpa nenhuma por ter adentrado a casa de Harry sem permissão uma única vez. E terceiro, infelizmente, nada daquilo era certeza. Louis ainda continuava apenas no achismo.

Achava que tudo iria ocorrer bem na casa de Harry, achava que terminaria o dia dando um passeio com aquele seu vizinho dos olhos azuis, ou, quem sabe, convidá-lo para um jantar em sua própria casa. Louis sabia cozinhar quando se esforçava um pouco mais, e suas preferências gastronômicas iam muito além de macarrão instantâneo ou salsicha enlatada. Mas Louis achou tanto, que acabou terminando aquele dia com um copo de suco sendo arremessado contra sua cara e toda a sua dignidade escorrendo por entre seu rosto, assim como as gotas daquele líquido verde.

— Não. – o mais velho respondeu, irritado. – É pepino, abóbora, e sei lá mais o que... Só faltou um fio de cabelo daquele moribundo dentro para virar uma poção completa, digna de pertencer à bruxa mais horripilante de todas. – Louis recitava, em um momento encarando o teto da sala de sua casa, e no outro, batendo forte contra sua própria coxa com a ajuda de seus punhos ainda cerrados. – Eu tenho certeza que ele esconde uma verruga por trás daquele nariz imenso...

Zayn riu, fechando um pouco seus olhos e balançando sua cabeça, como se não acreditasse em tudo o que ouvia. Sabia que Louis tinha aquele jeito complicado de lidar com as coisas, mas para ele era impossível de acreditar que aquele seu amigo e Harry conseguiam transformar tudo em uma grande peça teatral do século XVI. Louis não admitia estar errado, e pelo pouco que conhecia de Harry, por conta das palavras que Tomlinson usava para descrever aquele seu vizinho, Zayn sabia que Styles era um rapaz que odiava ser passado para trás. E por conhecer aquele rapaz dos olhos azuis, que agora bufava de cinco em cinco segundos e cruzava seus braços fortemente como desculpa para manter toda a atenção daqueles seus dois amigos somente para si, Malik poderia dizer que Louis provavelmente sentia que estava sendo corroído por dentro somente por estar ali, naquela sala, contando para seus dois melhores amigos o quão humilhado ele se sentia.

speaking in bodies // larry stylinsonWhere stories live. Discover now