Memórias de Natal

46 17 2
                                    

2014

Desde aquele dia Evan tem tentado me evitar, Pedro tem me ajudado e dado conselhos a ele, mas tem sido difícil. Estou indo até sua casa para encontrá-lo, é a minha segunda tentativa antes de solicitar ajuda de Cecília, preciso pensar em um modo de fazê-lo ver que o que está fazendo é horrível, e que de fato pode o matar, não consigo entender como uma pessoa tão jovem e tão cheio de vida corre para caminhos que não  engrandecem e felicitam em nada, mas não podemos escolher por ninguém, ás pessoas fazem aquilo o que acham "bom" para si próprias.
Bato na porta e espero que Evan a abra, mas quem abre é Cecília.

_Oi minha linda, veio ver o Evan né, ele esta no quarto, passei aqui hoje pra ver como ele estava, ele falou muito sobre você.
_Oi, que bom que ele lembrou de mim, tudo bem?
_Sim. Sobe lá, eu já estou indo, até minha linda.

Me adimira que ele tenha falado de mim se nem falando comigo está, é cada uma viu.

_Tudo bem Evan?.-Digo escorando na porta do seu quarto e olhando com um "tom acusador".
_Tô melhor, você sumiu.
_Há, eu sumi, você não atende as minhas ligações, não vai à escola, o que esperava, uma aparição repentina, pois eis que estou aqui.
_Relaxa, eu to bem, só precisava de um tempo pra relaxar a mente.
_Entendo que esteja querendo um tempo para pensar, mas só aceito suas desculpas se o "tempo" que levou te fez criar juízo.
_Você não desiste mesmo né.
_O que você acha ?
_Que você é uma chata, mas eu também acho que amo você.
_Ah você acha ?
_Eu sei que amo você Valentina._Deito ao seu lado na cama e deixo que ele faça carinho no meu cabelo.
_Sabe, acho que estou com medo.
_Medo de que Evan ?
_De não ser mais eu mesmo, medo de não conseguir parar.
_Você tem que parar de usar aquela porcaria.
_Promete que vai me ajudar,que vai ficar pra sempre do meu lado?
_Prometo sim amor.

Naquele momento eu não sabia, mas aquela promessa me custaria muito caro.

2015

É véspera de Natal, Evan e eu estamos passando o Natal com a Cecília, eu já bebi um pouco além do que deveria, me sinto tonta, Cecília está rindo de algo que seu esposo disse, e Evan está com sua cerveja na mão brincando com a sua "irmã emprestada", ela é tão linda, nunca tinha pensado em como seria se eu fosse mãe, mas acho que daria uma boa mãe, um pouco cuidadosa, não do tipo que sufoca, porém teria medo até do vento.
Caio vem em minha direção rindo de algo.
_Seu namorado é um palhaço.
_Quem diria, não é que ele é seu amigo também!
_Né ruiva, mas isso ainda faz dele um palhaço.
_O que vocês estão fofocando ai? -Evan pergunta sério.
_Nada demais cara.
_Sei.
_Não é nada amor.-Digo já reconhecendo seu olhar de namorado possessivo.
_Vamos subir comigo.
_Ok.Tchau grudento. -Caio diz.
_Não de atenção ao Caio, é um chato. -Digo para Evan.

Subimos para o seu quarto e Evan vem se aproximando de mim com um olhar ameaçador, um olhar a qual eu nunca tinha visto em seu olhar, no momento eu não sabia o que estava prestes a acontecer, mas aquilo me marcaria para sempre.

_Nunca mais fique de conversinha com outro homem na minha frente.
_O que está dizendo Evan, você está louco, é o seu amigo Caio,e não estávamos de "conversinha"!
_Além de vagabunda é mentirosa.
_O que? Saia da frente eu vou pra casa.
_Não vai à lugar nenhum.

Ele vira um tapa em meu rosto e antes que eu pudesse responder ele me difere um soco, sinto o gosto do sangue na minha boca,tento me defender, mas Evan é mais forte do que eu, só peço a Deus que me ajude, ele me bate outra vez e sinto que vou cair, a partir desse momento só me lembro de estar no chão, tudo doía e eu estava sozinha naquele quarto, ele não estava mais ali.

Me levanto e vou até o banheiro, lavo meu rosto e minha boca, me olho no espelho e não consigo conter as lágrimas que insistem em cair, o que acabou de acontecer, e esse medo, esse medo que me envade, eu quero sair daqui e ir para a minha casa, mas estou com medo, medo dele ainda estar la embaixo, estou envergonhada, o que os outros vão dizer de mim, o que vão achar de mim, será que vão dizer que eu sou uma vagabunda, meu Deus, o que foi que você fez Evan, o que você tinha na cabeça, me sinto suja agora, eu apanhei do meu namorado por causa de uma conversa, porque na minha cabeça escuto a voz que diz "a culpa e dele", mas meu coração diz que eu errei.

Desço as escadas sem nem olhar em sua cara, Cecília me olhando assustada pelas marcas em meu rosto, eu apenas finjo não ligar e saio porta afora.

O que você roubou de mimWhere stories live. Discover now