Victória

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Victória não tinha planejado nada daquele encontro, apesar de querer e não se arrepender do que estava fazendo em seu quarto. Como já dito, sentimento e desejo eram coisas que não se cruzavam em suas decisões.

Viu por acaso o celular de Jéssica largado longe da dona e quiz apenas fazer uma brincadeira. A ideia inicial era se passar pela irmã apenas na tela do celular, algo inocente, uma travessura que não iria evoluir para sexo. Isso nem sequer passou pela sua cabeça... Naquele momento.

João não a respondeu, Jéssica acordou e ela, sorrateiramente, teve de apagar a conversa no celular da irmã e devolvê-lo de uma forma que não levantasse suspeita de que estava usando o aparelho.

Já estava em seu tédio costumeiro, pensando no que fazer o dia inteiro. Esse era o ponto negativo de não ter amigos, Jéssica passaria o dia com Rebeca, ela passaria sozinha.

Tentou ver tv, viu Jéssica sair, comeu... Quando saiu à varanda para fumar um cigarro, não conseguiu acendê-lo. Ouviu batidas na porta.

– Porra... – Murmurou revirando os olhos. Pensou em ignorar, mas preferiu ao menos ver quem era ante de qualquer decisão.

Caminhou pela casa tomando o máximo de cuidado para não emitir som algum, olhou pelo olho mágico da porta e para seu espanto, lá estava João. Sorriu com a surpresa, ele realmente foi vê-la, mesmo que fosse acreditando ser Jéssica.

Foi aí que a ideia perversa surgiu, numa fração de segundos. Correu na ponta dos pés até seu quarto e buscou a venda, que estava embolada em um canto de uma das gavetas da cômoda. Tinha a lembrança de ter usado uma única outra vez, mas não tinha tempo para nostalgia.

Continuou sua corrida fechando cada espaço por onde a luz do dia pudesse entrar, a casa tinha que estar totalmente escura, caso ele não aceitasse a venda de primeira ou se conseguisse vê-la antes disso. Fechou por último a porta da varanda, produzindo o único ruído naquela corrida silenciosa. A casa ainda tinha ficado suficientemente clara para ele notar que ela não era Jéssica caso ele conseguisse prender a atenção nela por milésimos de segundos, mas ela não queria ser vista até acabarem tudo.

Voltou e olhou pelo olho mágico novamente, para constatar que ele ainda estava lá e destrancou a porta, se posicionando para ficar atrás dela quando fosse aberta. O restante foi a conclusão bem feita de um plano completamente improvisado.

Victória se sentiu excitada como sempre, mas também sentiu duas coisas novas com relação ao seu cunhado. O primeiro sentimento foi ciúme, isso fez com que ela retirasse a venda dos olhos dele e revelasse que ele estava com ela e não com Jéssica, não gostou nada de ter sido chamada pelo apelido da irmã, mesmo que o intuito inicial daquela travessura fosse se passar por ela. O segundo sentimento, ela não identificou na hora, mas teve a sensação de ser algo semelhante ao sexo anal que estavam praticando.

– Isso arde! – Disse, fazendo careta e de olhos fechados, com João inteiramente dentro de sua bunda. – Mas é bom...

Aquilo que arde, mas é bom, definido por ela, era o ínicio de uma paixão. Pouco a pouco, durante toda a convivência e todas as brincadeiras, ela se apaixonou por João.

– Muito bom mesmo...

Cidade do ÉdenWhere stories live. Discover now