Capítulo Quatro - Mapas e rotas

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Laura está sentada no banco do passageiro, terminando de comer seu brownie de chocolate, enquanto eu coloco as malas no bagageiro da SUV alugada. Eu poderia muito bem ter dirigido com meu carro até aqui, mas alugar esse carro pareceu mais sensato e divertido, assim estarei fazendo essa rota pela primeira vez.

- Vamos logo, Dacre – ela grita lá da frente.

- Calma, princesa. Você que trouxe duas malas enormes!

- O porta mala desse carro deveria ser capaz de suportar minhas duas malas com sobra.

- Eu já estou acabando.

Fecho o bagageiro e ando até a frente do carro. Entro e Laura já parece ter tomado o espaço que vamos dividir para si.

- A gente precisa mesmo desses sacos de dormir, comida e água reserva, gasolina para emergências e travesseiros? – ela termina de tomar o seu chá com seus olhos fixos em mim.

- Nunca se sabe quando precisaremos. – Dou de ombros, ligo o carro e nos tiro do estacionamento da mega loja que eu comprei os equipamentos do meu plano B.

- Bom, se você está dizendo. Então, temos algum roteiro?

- Hum, não necessariamente.

- Dacre, se nós nos perdermos no meio de alguma estrada deserta, eu te mato. – O tom da voz de Laura é tão forte que eu tiro os olhos da rua por dois segundos para ver seus olhos queimando de medo e ameaça.

- Nós não vamos nos perder, ok? Temos gasolina extra, nossos celulares e alguns mapas e uma bússola, caso algo dê totalmente errado.

- Meu Deus, você é muito calmo! – ela passa as mãos pelo seu cabelo castanho escuro e descansa o rosto na janela.

- E você é muito controladora. Vai dar tudo certo, Laura. – Descanso minha mão na coxa dela.

- Eu não quero dirigir, esse negócio de mão inglesa é muito confuso.

- E quem disse que você poderia dirigir?

Recebo o soco em meu braço enquanto rio.

- Se eu não vou dirigir, eu serei dona do rádio. – Ela declara.

- Tudo bem, fique à vontade.

- Essa coisa tem bluetooth? – ela começa a fuçar o painel multimídia do carro. – Olha, tem sim. – Ela conecta o celular e em menos de um minuto a música está invadindo o carro.

A batida é bem diferente do que eu ouço por aí e quando alguém começa a cantar, eu me assusto.

- O que é isso? – pergunto sem tirar os olhos da pista. Ainda não saímos da cidade para que eu possa me sentir mais tranquilo.

- Funk brasileiro, Dacre – ela sorri.

- Desliga isso, pelo amor de Deus.

- Não mesmo! – ela aumenta o volume para me provocar.

- Chega disso! – desligo o sistema de som e deixo a minha mão sobre o botão que Laura está doida para apertar.

- Não tem problema, eu deixo tocando só no celular. – Ela aumenta o volume do aparelho e começa a cantar coisas que eu não entendo nem uma palavra.

Quando começamos a sair da área urbana de Brisbane, Laura se aquieta no banco do passageiro. Ela coloca uma música mais calma para tocar e encosta a cabeça na janela. O inverno está tomando conta do clima da Austrália, Laura não parece se incomodar com isso. Ela terá inverno duas vezes esse ano.

O sol nem se pôs no horizonte e Laura está dormindo.

Ela sempre parece cansada. Não só desde o momento que desceu do avião. Em nossas ligações ela soava totalmente longe, sem muita energia para continuar falando mesmo quando eu a ligava nos dias que ela estava pegando um ônibus para as aulas.

Talvez essa seja a Laura que se esconde atrás do sotaque doce e do sorriso de outro mundo – porque ela, com certeza, não nasceu para viver nesse.

Reduzo a velocidade do carro na rodovia e desvio minha atenção para ela.

Minha mão se levanta até o cabelo dela, a pele, os ombros e as mãos.

- O que foi, Dacre? – ela pergunta, sem nem abrir os olhos.

- Daqui a pouco nós vamos parar, ok?

- Ok.

ME PERDOEM EU ESQUECI DE ATUALIZAR AQUI, culpem o ENEM! hahahaha O que será que vai rolar nessa roadtrip? Sou apaixonada em roadtrips, totalmente culpada hahaha

Isa xx

Amarga Saudade | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora