Capítulo : Vinte e Sete.

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Tia Clara ainda estava ao meu lado, um tanto silenciosa, assim como eu. A verdade era que eu estava um tanto preocupada com Lauren. Queria saber onde ela estava.

Pensei em ligar para uma das meninas, mas passou pela minha cabeça que a mesma quisesse ir para casa e passar um tempo sozinha para organizar os pensamentos. Pelo menos era nisso que eu queria acreditar. Taylor era outra que ainda não tinha aparecido desde a discussão e era bom que ela colocasse a cabeça no lugar, pois ela iria ter de pedir desculpas a tia Clara. Taylor nunca fora tão injusta e aquele comportamento era totalmente desconhecido por mim.

Por um momento eu quis enfiar minha cara no chão, eu ainda estava me sentindo um tanto culpada, mas boa parte de mim já tinha entendido que eu não fiz por mal.

–Tia, acho melhor a senhora descansar um pouco! — falei olhando a mulher ao meu lado que tinha seus olhos marejados.

–Você tem razão! — ela disse.

–Sim, o dia foi conturbado demais! — me ajeitei no sofá.

–Descanse também, Camila! — ela disse se pondo de pé.

–Vou ficar por aqui hoje! — falei e ela assentiu.

–Se quiser deitar lá no quarto, só ir! — ela disse.

–Tudo bem! — falei.

Tia Clara caminhou escada a cima e eu apenas a observei subir as escadas. Olhei o relógio que marcava suas duas e meia da madrugada, me deitei no sofá na esperança de buscar bons pensamentos e acabei por adormecer ali.

(...)

11:14

Senti meu corpo ser sacudido e abri os olhos com um pouco de dificuldade, o perfume forte em minhas narinas me fez despertar. Era Normani. A morena a minha frente tinha um expressão séria no rosto e logo notei Dinah ali também. Cai em mim quando notei que elas estariam ali por um motivo; Lauren.

–O que foi? — Perguntei.

–Lauren, não apareceu em casa ontem! — Normani disse.

–E nós já procuramos em todo lugar que você imaginar! — Dinah completou.

(POV) Lauren.

Meus pés estavam doendo e agora eu estava em uma carona, num caminhão de um desconhecido voltando para Londres. Eu tinha voltado a praia qual eu sempre ia para tentar organizar meus pensamentos e pensar como uma mulher, a mulher que eu havia me tornado.

Quando cheguei a praia só fiz chorar e chorar, já não sabia mais como reagir a todas aquelas novas informações. Clara era minha mãe. Eu estive dias e dias de frente com a mulher que me abandonou quando eu tinha cinco anos, eu só tinha cinco anos. Eu não sabia em quem acreditar, na história da Camila ou nos meus avós.

Meu pai, sempre me disse uma coisa; “a gente nunca sabe a dor do outro, não julgue para não ser julgada” e eu sempre tentei tomar isso para mim, na maioria das vezes eu tentava viver isso. Tentava.

Ele não era de falar sobre Clara, apenas dizia que ela fora uma ótima amiga para ele, mas que os rumos foram contrários e que era para que eu não me preocupasse, pois eu não nasci para ela e sim para ele. Meu pai me tratava como se eu fosse a fonte de força dele e lembro-me das vezes em que ele chegou tarde do trabalho e disse: “Fique aqui por uns minutos filha, só preciso te olhar para recarregar minhas forças”.

Não sabia o que pensar sobre Clara. Na verdade o que eu mais queria era, um banho quente, chocolate quente e um edredom. O dia estava um tanto frio, mais frio que o normal e eu estava com frio e dores. Minhas roupas não me proporcionavam nenhum um pouco de conforto. O melhor de tudo foi não ter sentido a dor que eu imaginei sentir, acho que já não há mais tempo para sentir dor, é tempo de viver o que se tem para viver.

Acima de TUDO. (Camren) - CONCLUÍDA.Onde histórias criam vida. Descubra agora