Capitulo 1

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13:37 marcava o relógio do aeroporto internacional de Brasília. Na mesa da lanchonete Flávia e Agatha conversavam sobre a viajem e o que fazer assim que chegassem lá.

-Espero que o hotel seja melhor que esse café caro e horrendo desse lugar!

Flávia ri como de costume mas com a cabeça longe, pensativa.

-Que foi amiga? Ta preocupada com o Gustavo?

Flávia arqueja um pouco, parece desconfortável e mexe no cabelo como sempre fazia ao tentar dispersar seus pensamentos em situações como aquela. Agatha era sua amiga desde o inicio da faculdade, criaram uma grande afinidade e se impontavam uma com a outra, não existiam segredos entre elas.

-Um pouco, você sabe nosso namoro ja acabou faz um tempo mas eu nunca me afastei pra tão longe assim, ele é muito dependente, as vezes eu me pergunto como eu agüentei por tanto tempo.

Agatha ja estava cansada do mesmo assunto, desde que se conheceram era a mesma coisa, as idas e vindas do namoro de Flávia era algo que ela não compreendia mas quem era ela pra julgar? Depois de tantas decepções ela ja não buscava sentido no amor.

- Sinceramente? Ja era hora de você meter o pé mesmo. - Agatha diz enquanto se levanta. - E vamos que daqui a pouco é o nosso vôo.

Um embarque como outro qualquer, logo em seguida Anaí também embarca, com a insegurança de morar num lugar novo e ter que recomeçar do 0.

POV Agatha.

Tentava respirar fundo e arejar meus pensamentos, não que viajar de avião seja um problema mas ficar a milhas de distancia do chão? Esse sim era o problema. Flávia do meu lado parecia não se importar, escutava música em seus fones enquanto lia um livro de romance daqueles bem clichês, ou pelo menos tentava, pra piorar meu acento ficava na janela, tentei pensar no meu novo trabalho, seria psicóloga no PSG, e sem duvida aquele medo que eu tinha de altura deveria ser controlado até porque eu sou uma profissional da área que atua na reconstrução de mentes, mas já desisti de tentar me auto clinicar, era difícil, a mente prega peças e emocional então, nem te digo. É melhor eu dormir, pelo menos assim, minha inseguraça se acalma, e eu também.

POV Flávia

Me perguntava se seria o certo deixar tudo pra trás por um emprego, mas não era um simples emprego era a chance da minha vida, sair da faculdade e logo entrar num club tão grande quanto o PSG era uma oportunidade única, respirei fundo e me concentrei no som da bateria que tocava ritmada na música em meus fones de ouvido isso me tirava a tensão que eu sentia em viagens longas, meu livro era um romance que a muito eu tentava terminar, porém sempre me cansava depois da segunda pagina. Esse livro me fazia lembrar do Gustavo, era um dos primeiros presentes que ele havia me dado, eu era tão ocupada com os estudos que nunca acabei de ler. Lembro dele ter dito algo sobre querer que a nossa relação fosse como essa da história, só que isso foi antes dele mudar tanto.

POV Anai

"Será que eu peguei todo meu material?" Era a única coisa que me passava pela cabeça, minha profissão não me permite pensar em uma coisa por vez, se passam várias ao mesmo tempo mas em vôos como esse eu me permito ter um de cada vez, dentro de algumas horas eu estaria em Paris pronta pra trabalhar duro como em todos meus trabalhos anteriores, nunca desejei tanto um trabalho como aquele, trabalhei por 5 anos na ESPN, recebendo pouco e trabalhando muito pra poder ter essa chance e agora que eu consegui, vou agarrar com unhas e dentes. Provar pra todos que duvidam de mim que eu sou capaz sim, e principalmente deixar meu pai orgulhoso. O que ainda me preocupa é não conhecer ninguém lá, fazer amizades não é o meu forte.

As horas de passaram lenta pra uns, rápida pra outros. O avião pousa na pista acordando Flávia.

- Agatha acorda, chegamos!

- Hum, o que?

Ela diz sonolenta.

- Acorda menina, a gente chegou.

Agatha abre os olhos e puxa a cortina com um certo receio, suas pupilas se comprimem com a luz do sol que lhe dava boas vindas do lado de fora do avião.

Anaí nem dormiu, estava ansiosa demais pra isso.

Na chegada ao hotel Agatha se encanta com o lugar, muito sofisticado e com um toque clássico no teto, pinturas incríveis nas paredes, janelas grandes possibilitando a entrada da luz.

-Ei, Agatha!

Flávia chama por Agatha que esta ocupada de mais admirando tudo aquilo.

-Hum, que foi?

-Tem certeza que esse é o hotel?

-Tenho, por que?

-Não sei, tem vários reportes aqui, to achando estranho.

-Ah sei lá amiga, o nome e o endereço conferem, vem, vamos pegar nossa chave que eu quero ver o quarto logo.

Agatha se apressa sem muito perceber as pessoas a sua volta e ao chegar no balcão da recepção se choca com uma menina aparentemente muito nova, uns 16, 17 anos talvez, com olhos castanhos esverdeados estranhamente familiares a Agatha, sua memória tentava buscar alguma coisa mas nada lhe mostrava.

-Olha por onde anda garota!

Anai depois de tantas reprovações se tornou uma pessoa um pouco grossa em situações tão irrelevantes como aquela, sua profissão também exigia uma certa brutalidade, no meio de tantos homens era difícil ser educada, sempre lhe surgiam situações em que ela podia ser grossa ainda mais depois de um vôo longo e cansativo como aquele que ela acabara de ter.

-Desculpa, eu não te vi ai!

Agatha se desculpa com uma expressão de reprovação evidente no rosto, Flávia chega sem muita pressa ao balcão.

-Da licença.

Anai pega suas chaves e sai pisando duro até a entrada que dava para os elevadores.

-Nossa que menina mal educada.

Agatha diz se virando pra Flávia que ainda parecia aérea, submersa por pensamentos que Agatha sabia bem quais eram.

Depois de algumas trocas de informações entre Agatha e a recepcionista elas recebem suas chaves - cada uma com seu devido quarto - e sobem até o 5º andar do hotel.

-Fiquei com o quarto 508.

Diz Flávia examinando os detalhes da chave em sua mão, em uma ponta um cartão com o número do quarto e na outra uma chave que parecia bem antiga assim como os detalhes por todo o hotel, empresas com muita delicadeza, varias ondulações lhe chamavam a atenção, era estranho um hotel daquele porte ainda usar um sistema de fechadura como aquele.

-O meu é o 513.

-Bom pelo menos é no mesmo andar.

Ao sair do elevador elas se deparam com um corredor cumprido e muito bem iluminado por diversas lâmpadas embutidas no teto, dando a sensação suave de bem estar.

- Vou arrumar minhas coisas, tomar um banho e depois passo no teu quarto pra gente ir comer alguma coisa, ta?

Flávia agradece internamente por isso, seu estômago praticamente se auto comia de fome.

-Claro, to morrendo de fome. Mas antes preciso me deitar um pouco, minha costas estão pedindo socorro.

-Então beleza, até depois.

Flávia observa a amiga indo pro quarto e ao se voltar pra porta percebe que pra se abrir é necessária bem mais que a chave velha, ela tentava passar o cartão, até se pegou na situações ridícula de dizer em voz alta algumas palavras como "abracadabra" riu sozinha por isso, mal tinha chegado em Paris e já encontrava dificuldade em abrir a maldita porta.

- Quer ajuda?

Linhas CruzadasWhere stories live. Discover now