Capítulo 26

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Todos estavam sentados nos sofás, Eldred estava na poltrona, cada convidado com uma xícara de chá na mão ou no centro. Biscoitos foram servidos por Dona Helena e eram atacados principalmente por Naomi, que seguidamente foi repreendida pela mãe:
- Filha! Tenha mais educação, uma garota não deveria enfiar comida na boca desse jeito.-
Recordando-me do momento em que a mãe de Felipe, Carlota, tratara a mim de um jeito semelhante àquele que a cunhada dela tratava a filha.
Neste momento senti companheirismo e odiei menos a garota.
Aliás, por que eu a odiava mesmo? Que tola eu sou. Nem a conheço, a não ser pela beleza radiante, e percebo que Thomás já está aos pés dela e não parece que ela tenha se ofendido, pelo contrário, já ouso dizer que tenha até saboreado a cena como se fosse um doce muito apetitoso.
Ela não parava de olhar para o garoto desde que entrara e agora que sua mãe tinha a repreendido, ela corou e olhou de relance para ele.
Depois para mim, tentei lançar um olhar solidário, que dissesse já passei por isso tenta ficar calma.
O que consegui dizer foi:
- Ela só deve estar com fome, a viagem deve ter sido longa e...
- Creio, não ter pedido sua opinião, mas respondendo à sua sentença incompleta e incoerente, nossa viagem foi longa, mas foi ontem!
- Me referi a da casa dos pais de Felipe até aqui.- completei.
- Que menina insolente! A viagem poderia ser daqui para outro planeta e ainda sim não é desculpa para uma dama portar-se desse modo!
- Acalmem os ânimos.- respondeu a sra. Amélia.- Tenha calma com a sra. Bourbon e com sua filha, Justina.
- Sra. Montenegro.
- Claro, sra. Montenegro.- corrigiu a sra. Amélia.-
Depois desse incômodo primeiro momento, os convidados dissiparam-se para atividades que ao seu ver seriam mais prazeirosas. Os homens mais velhos ficaram no cômodo amplo que era a biblioteca, bebendo e as mulheres continuaram na sala fofocando.
Os mais jovens, Felipe, Thomás, Naomi e eu fomos ao jardim que tem algumas árvores e estava muito arejado.
- Vamos fazer algo divertido?- propôs Thomás.
- Como o que?- questiono.
- Não sei. Algo que divirta todos nós e nos aproxime para que não fique um clima estranho.
- Acho uma excelente ideia!- aborda Naomi.
- Concordo.- diz Felipe.
- Somos dois.- digo
- Três.- confirma Naomi.
- Então vamos brincar de... nos conhecendo melhor.
- E isso lá existe?- questiona Naomi.
- Sei lá, mas vamos fazer o seguinte: Alguém começa fazendo uma pergunta que seria fútil e muito geral e vamos nos aprofundando nas perguntas até chegar em pontos quase pessoais. Quem está de acordo?- assim que Thomás fala, eu levanto a mão como se fosse uma criança prestes a participar de algo contagiante. Naomi abre um sorriso meio tímido e levanta a mão baixo.
- Aceito.-diz Felipe levantando a mão.
- Então vamos começar. Alguém faz a pergunta para quem está do lado ou para o número.
- Quem começa?- questiono.
- Vamos pela sorte.- Thomás levanta e pega um pedaço de graveto que estava no chão e reparte em quatro pedaços e segura escondendo parte do comprimento na mão.- Cada um escolhe um e quem tirar o menor, começa. O galhinho menor questiona o segundo galho menor, o segundo para o terceiro e assim sucessivamente. Comecem com perguntas fúteis e aprofundem os questionamentos e não vale mentir.
Fui a primeira a retirar o pedaço de galho, depois Felipe, Naomi e Thomás guardou o seu. Todos mostraram seus galhos.
- Eu começo- falei mostrando meu galho.
- O meu é o segundo menor.- falou Thomás.
- Terceira.- Naomi
- O maior.- Felipe
- Pronto, vamos nos sentar aqui na sombra no gramado e fazer uma rodinha na ordem. Luísa senta ao meu lado e Naomi do meu outro, Felipe ao lado de Naomi e Luísa.- fizemos isso e comecei.
- Muito bem, Thomás, Qual sua idade?
- Ah, você poderia fazer melhor, eu disse fútil, mas não precisava exagerar.
- Vamos, responda logo a pergunta.
- Vinte e um.- ele revirou os olhos.- Como eu não tenho o que perguntar, seguirei a mesma linha de raciocínio. Quantos anos você tem?- e olhou para Naomi.
- Dezenove.- a mesma que a minha.
- Até quando?- me escuto perguntando.
- Não é sua vez, Luísa.- Thomás diz.
- Até Setembro.- ela ignora Thomás.
- Podemos continuar?- ele bufa, e Naomi e eu rimos.
- Sim, chefe.- diz ela, fazendo uma desajeitada continência e minha risada aumenta. Tá legal, eu comecei a gostar dela, só um pouquinho.- Embora eu saiba a resposta, quantos anos você tem Felipe?
- Vinte e um.- Ele abre um sorriso.- Luísa?
- Oi? Responda também, ué!
- Ah- tinha me esquecido que Felipe quem vai me perguntar.- Dezenove até dia vinte e seis.
- Sério?- pergunta Naomi.- Você quis fazer uma recepção em um dia que será seu aniversário.
- Fazer o que?- digo rindo.- Não se tem muito o que fazer pelas redondezas.- ela abre um sorriso.- Vou fazer uma pergunta nível três.- abri um sorriso, me virando para Thomás.- Já se apaixonou?
- Ah, Luísa, você está em uma baita sacanagem comigo, primeiro uma que estrapola o fútil e agora uma que já vai para o íntimo?
- Óbvio! Se não quiser jogar, é só sair.- lanço um olhar divertido e ele aperta os olhos como se entendesse onde quero chegar e prossegue.
- Já.
- Só isso?
- Você me perguntou se eu já tinha me apaixonado, a resposta é sim.
- Hm.-digo chateada.
- Naomi, não vou te fazer uma pergunta tão particular agora. O que você deseja para sua vida?
- Ser livre.- todos nós silenciamos, o olhar dela vagou triste e solitário e olhamos uns para os outros. Ela prosseguiu, olhando para Felipe.
- Qual a sua definição de amar?- prestei atenção nele.
- Doar-se ao outro, colocar a necessidade do seu grande amor a frente da sua.
- Linda resposta.- ela afirma.
Ele vira para mim.
- Luísa, o que você mais gosta em tudo no mundo?- Você, eu queria responder, era você quem me dava liberdade, me fazia sentir bem e quando me beijava...Ah, quando me beijava! Meu mundo girava e me fazia esquecer qualquer preocupação.
- Hm... As rosas vermelhas.- respondi por fim, afinal não era mentira, mas eu não poderia simplesmente falar a coisa que mais me deixava feliz bem ali, em alto e bom tom na frente dele e daqueles dois.
Ele abriu um sorriso o qual eu retribui.
Olhei para Thomás.
- Quem é a pessoa mais bonita nessa rodinha?
- Eu vou sair dessa brincadeira.- todos rimos.- Não dá para brincar com você, Luísa.- ele parecia uma criança mal humorada e todos desatamos a rir mais ainda.
- Você ainda não me respondeeuuu.- digo cantarolando a última palavra, enquanto segurava uma risada.
- Tá bom, eu vou dizer! A pessoa mais bonita nesta rodinha... Sou eu!- ele começara a rir também e ninguém se segurou e fez o mesmo.
A brincadeira seguiu esse tom leve e engraçado, só parou porque a mãe de Thomás veio nos chamar para avisar que o almoço estava servido.
Parecíamos quatro crianças se divertindo.
- Continuamos à noite. Só que será a versão mais íntima, agora já conhecemos o básico sobre cada um.- fala Felipe.
- Por que não a tarde?- questiono.
- Tenho que resolver uns assuntos, mas após o jantar o jogo continua.
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Nada como uma diversão, neh?
E mais um capítulo concluído.
Bye bye
😆

Como perder um Marquês (TRONNOS-1)Where stories live. Discover now