Espelho (parte I)

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- Gravata idiota - murmura Alec, tentando inutilmente arrumar a gravata preta brilhante que Magnus lhe dera. Ele caminha até um grande espelho pendurado na parede. - Ah Magnus. Suas ideias ainda vão me matar.

  Alguém bate na porta.

  - Quem é? - Pergunta Alec, tentando tirar sua mão que se prendera numa das falhas tentativas de dar um nó na gravata.

  Izzy entra e para em sua frente, sem conseguir evitar uma longa risada ao contemplar a cena.

  - Não está usando um vestido de noiva, irmãozinho, não se preocupe. Não terá azar se Magnus o vir assim.

  - Haha. Muito engraçado.

  Izzy caminha até ele e alisa seu paletó branco. Em seguida, solta a mão do garoto e começa a arrumar sua gravata, como se esta fosse a tarefa mais fácil e ridícula do mundo.

  - Como está se sentindo? - Pergunta ela.

  Alec respira fundo.

  - Estou… com medo e extremamente feliz.

- Medo do que exatamente?

  - Izzy, desde pequeno sempre soube que nunca poderia ter o que queria… até conhecê-lo. Você me disse uma vez que um dia alguém iria me amar de coração e alma. - Ele encara os olhos azuis da irmã - Eu achei. E tenho medo de perder, de errar… de não ser bom o suficiente.

  Izzy termina o nó e Alec se olha no espelho, satisfeito e ao mesmo tempo incrédulo.

  - Você vai errar, Alec.

  O Shadowhunter arqueia a sobrancelha.

  - Não tenho certeza se é desse jeito que funciona um conselho.

  - Você já estudou carros mundanos? - Pergunta ela - Simon estava me contando sobre isso há um tempo. Quando um carro é criado, é mandado para testes, e todos, sem exceção, apresentam falhas. Essa é a parte mais importante, para que descubram onde estão as falhas e possam concertá-las e melhorar o produto. Isso vai acontecer com vocês, e está tudo bem.

  Alec ri preocupadamente.

  - Eu não sou um carro mundano, Izzy. - A garota revira os olhos.

  - Não é mesmo. Carros são menos teimosos.

  Izzy caminha até Alec e segura sua mão, que faz com que as dela pareçam ligeiramente menores.

  - O que eu estou tentando dizer, Alec, é que tudo bem sentir medo. Para nós, Shadowhunters, é raro amar mais de uma vez. Com a gente é maior, mais intenso e pra sempre. Antes o que te preocupava era envelhecer e se tornar um fardo - as palavras de Izzy eram duras e firmes - agora isso não é mais um problema. Magnus irá envelhecer com você, e cuidarão um do outro. Enfrentarão brigas como todo o casal, mas isso os tornará mais fortes. Sabe… quando você estava em coma, ele ficou transtornado. Eu nunca o vi daquele jeito. Ele não descansou até achar um jeito de te trazer de volta. Procurou a ajuda dos Irmãos do Silêncio, de feiticeiros, de demônios... Ele passava todas as noites ao seu lado, não dormia. Foi o único que não perdeu as esperanças quando todos já haviam perdido. E todas as noites, sem exceção, ele segurava sua mão entre as dele, as beijava e sussurrava em seu ouvido "Sempre e para sempre". Você tem sorte por tê-lo, e ele tem sorte em ter você.

  Alec sorri timidamente e se abaixa um pouco para abraçar a irmã, que mesmo com um salto 15, ainda era  consideravelmente mais baixa.

  - Eu te amo, Izzy.

  -Também amo você.

  Clary e Maryse entram no cômodo.

  - O que estão fazendo aqui? - Pergunta Alec - Não deveriam estar no salão?

  Maryse se aproxima do filho.

  - Eu não perderia por nada a chance de ver você se arrumando para o casamento. Está lindo.

  Alec sorri.

  - Obrigado.

  Clary fica ao lado de Izzy. Ambas com longos vestidos vermelhos.

  Viemos ver se você precisa de algo. Simon e Jace estão com Magnus.

  - Suponho que as mulheres não confiam no meu gosto para gravatas.

  Todas riem.

  - E também nas altas chances de você ter um ataque antes de chegar no altar - zomba Clary.

  - Cinco minutos - Diz Izzy - temos que subir.

Para sempre além do agora (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora