Céline Richards
O verão londrino é, talvez, a estação mais esperada do ano por nós, mas, para mim, eu prefiro o frio, a neve e estar enrolada em uma manta, na frente da lareira com a companhia de uma imensa e fumegante xícara de chocolate quente.
Talvez a minha dor amenize em algum momento, talvez seja só uma lembrança daqui a alguns meses, talvez seja só mais uma cicatriz no final. Mas o fato é que hoje dói, como se estivessem arrancando minha alma do meu corpo.
Eu não tenho mais lágrima nenhuma para chorar, devo ter desidratado todo o meu corpo de tantas lágrimas.
Eu me encolho ainda mais na frente da lareira na sala do apartamento da Lili, o calor do fogo me acalma, mas também me deixa mais ciente das minhas merdas.
Eu fui rude com quem sempre me tratou muito bem, fui uma péssima aluna e levei minha primeira expulsão, causei problemas para as pessoas que só queriam me ajudar e isso só piorou quando meus atos fizeram minha mãe se arrepender de me ter.
Me dói lembrar o que ela me falou, mas eu sei que não era puramente verdade, a gente fala muita coisa quando estamos chateados, nem tudo é verdade, só a raiva falando.
“— A boca só fala aquilo que o coração tá cheio, Line, era isso que minha vó me dizia.”
Eu lembro do que a Lili me disse e nem sei o que pensar. Será que minha mãe já pensava em todas aquela a coisas antes?
Minha mãe nunca foi muito carinhosa, mas esse é o jeito dela. Eu amo minha mãe e entendo toda a raiva que ela deve estar sentindo, mas em nenhum momento ela me perguntou se eu estava bem, se eu tinha algum problema.
Seria egoísmo meu pedir que ela se preocupasse comigo? Eu sei que ela tem muitos problemas, que a vida dela tem algumas coisas pendentes, mas e eu? Eu sou a filha dela!
Eu fecho meus olhos e apóio minha cabeça nos meus joelhos, as lágrimas, que eu jurava terem secado, voltam a rolar pelo meu rosto.
Eu deveria ter aceitado o convite da Lili, mesmo que eu queria deixar ela e o Joe mais tempos juntos. Um final de semana na casa de veraneio do Joe e, por mais que eu quisesse sair um pouco depois de uma semana inteira dentro desse apartamento, eu não os impediria de terem um momento juntos. E sozinhos, obviamente.
Meu celular toca e eu apenas estico minha mão e o pego sobre a mesinha de centro, sorrio e atendo quando leio Lili na tela do celular.
— Oi. - eu sorrio colocando o celular no meu ouvido
— Céline do céu, você tinha que ter vindo! - ela ri e eu a imito — Esse lugar é incrível!
— Tá aproveitando, amiga?
— Muito, amor, eu tô no telefone... - ela diminui a voz e eu reviro meus olhos — Você tá bem?
— Eu? Tô sim e você?
— Ai, Joe... Tô sim, para! - eu apenas reviro meus olhos — Tô te ligando pra dizer que o Théo vai aí em casa, acho que com o Louis, não sei, eles vão aí.
— Theo é o irmão do Joseph, não é? – eu coço minha testa
— Isso, acho que o Louis esqueceu alguma coisa aí e quer pegar. - eu apenas dou de ombros — Você pode fazer um favor pra mim? Eu... - ela respira fundo — Olha, você tem que me prometer que não vai ler nada, é só... - ela respira fundo de novo — Eu esqueci meu notebook aí e aqui o sinal da internet é fraco, então eu quero que você entre no meu email e envie pro email anexado na parte superior. - ela bufa — Não lê, Line, por favor. - eu afirmo
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Amor Profundo - Série Loucas Para Amar #6
ChickLitQuem não tem uma amiga maluca não sabe o que é pagar mico todos os dias. Se tem uma coisa que Lilian Novais mais ouve é: "você é maluca". Não que isso não seja verdade, pelo ao contrário, Lili é, sem dúvida, a amiga mais louca entre as amigas. Ant...