Waverly-Part 4

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Nicole desapareceu por quase duas semanas e apareceu numa noite qualquer com o cabelo bagunçado e agindo de uma forma bizarra, me pedindo para entrar na casa que já era praticamente dela. Naquele ponto eu sentia um misto de felicidade por ela estar bem, e ódio por ter sumido sem mais nem menos.

- Estou esperando.

Eu disse, sem conseguir conter a leve irritação em minha voz. Nicole estava mais nervosa que o usual, e olha que eu já tinha a visto nervosa muitas vezes. Ela parecia uma adolescente indo se assumir para os pais. O silêncio continuava na sala e eu já estava impaciente, me levantei do sofá e comecei a andar de um lado para o outro, resmungando:

- Ah que ótimo! estava tudo indo bem até que minha namorada decidiu sumir por duas semanas sem me dizer nada, eu realmente não nasci pra ter sorte. Você vai terminar comigo de novo? É isso não é? Estamos acabadas?

- Waverly, calma, não é nada disso.

- ENTÃO O QUE É?!

Eu perguntei, gritando, ela fez uma feição de assustada e eu me arrependi um segundo depois. Sentei no sofá e segurei sua mão, dizendo, calmamente:

- Por favor, me dê uma luz.

- Tudo bem, pra começar não foram duas semanas, foram 10 dias.

- Duas semanas.

- Waverly, 10 dias não são duas semanas.

- Ora Nicole, me deixe fazer meu drama em paz!

Ela riu daquilo e meu coração se aqueceu, era bom demais vê-la sorrir. Nicole, então, começou a se explicar:

- Na noite em que eu fui embora, aconteceu algo...

- Eu sabia! Sabia que isso de "casa da minha mãe" era mentira! Doc e Valdez andaram muito esquisitos, eu sabia!

Ela me puxou para um abraço, como se estivesse tentando aproveitar algo que talvez não fosse ter mais, aquele gesto me assustou. Ouvi ela dizendo no meu ouvido:

- Você é muito esperta, sabia que ia perceber.

Me desfiz do abraço e a olhei nos olhos, perguntando:

- Então por que mentiu?

- Não menti por você, menti por mim, menti porque... estava com medo.

- Medo de quê?

- De mim mesma, de te machucar...

Ela abaixou o olhar e uma lágrima surgiu em seus olhos, vê-la chorar cortava meu coração de uma forma cruel. Coloquei meu polegar em seu queixo e a fiz olhar de novo para mim.

- Você nunca me machucaria, Nicole Haught, você é a coisa mais segura que eu tenho.

Dei um sorriso, ao qual ela retribuiu. Até que ela perguntou:

- Ainda vai me amar mesmo eu não sendo mais a mesma?

- Nada nesse mundo pode fazer com que eu pare de te amar.

Antes dela conseguir responder eu voei em sua boca e peguei em seus cabelos, o beijo logo foi correspondido e havia urgência nele. Consegui sentir o salgado, quase ácido, de suas lágrimas chegando até nossas bocas juntas. Nicole colocou a mão em minha cintura, como sempre fazia, mas dessa vez foi diferente, porque ao invés de nos aproximar mais, ela nos separou. Olhei para ela, confusa, quase magoada, e ela repetia sem parar:

- Não posso, não posso...

Abaixei meu olhar, tristemente, e perguntei, quase afirmando:

- Não quer mais ficar comigo, não é?

Life In Pieces/ WayHaughtOnde histórias criam vida. Descubra agora