42

13.9K 944 88
                                    

Emanuely.

- Bom... Aí meu Deus o que eu tô fazendo? Eu nunca falei a merda da minha vida pra alguém sem ser pro LL - balança a cabeça negativamente.

- Você não confia em mim? - Pergunto.

- Não é isso pô, é claro que eu confio em tu. - responde - É que eu não me sinto muito a vontade falando sobre a grande porcaria que é minha vida. - Passa as mãos no rosto.

- Então... Se você confia em mim, pode me contar tudo. Não por mim, pelo o seu filho - pego em sua mão e coloco em minha barriga.

Sinto o meu filho se mexer ao seu toque, e isso foi emocionante, ele até agora não havia se mexido, era a primeira vez. Olho pro Muralha que estava com um sorriso tímido nos lábios, era a primeira vez que eu tinha visto ele sorri, e mesmo com um sorriso tímido meu dia estava ganho.

- Por-por que você tá chorando ruiva? - sussura

- São os hormônios. - digo em meio às lágrimas.

- Isso é incrível - acaricia minha barriga - meu filho tá aí dentro mesmo, meu garotão - Dou um sorriso e as lágrimas escorria pelo meu rosto sem permissão.

- Aí merda Manu, para de chorar mina odeio quando tu fica com esses clichês - ele tira a mão da minha barriga e fala meio nervoso

- Como tu é chato em - reviro os olhos - se você pensa que vai fugir do foca da nossa conversa, você está muito enganado viu, já pode começar a contar

- Puta Que pariu que mulher chata em - reviro os olhos.

- Tô esperando

- Tá bom dona encrenca. Bom meu nome é Thiago Souza, tenho vinte três anos e sou do Alemão Rio de Janeiro e o Brasil que eu quero, é onde as mulheres não mande nos homens.

- Vai se foder Muralha - cruzo os braços e me deito no sofá.

- Tu é estressada em, nunca vi - fala rindo. Que sorriso maravilhoso o dele Senhor.

- Tu que me estressa, não sabe me deixar na paz um minuto

- A vida seria chata se eu não te irritasse - fala irônico

- Mas bom, voltando ao assunto. Eu morava com meus pais em uma cidadezinha chamada Balneário Camboriú em Santa Catarina, lá era um encanto só, meu pai e minha mãe quase sempre me levava a praia, já que eu morava bem próximo de lá.
Eu era filho único, por isso meu pai e minha mãe fazia tudo que tivesse ao seu alcance pra me ver feliz. A gente não tinha dinheiro longe disso, mas eu nunca passei fome enquanto eu morava com eles.
Quando eu completei dez anos, a gente saiu pra comemorar, meu pai tava guardando dinheiro a mais de dois meses para que a gente pudesse se divertir um pouco. - Ele da uma pausa

- Quer parar? - Pergunto olhando em seus olhos que parecia tristes.

- Não - responde - quando a gente saiu naquela noite, a gente tinha ido pra pizzaria e se divertido muito tá ligado? Mas, quando a gente tava voltando pra casa, um carro descontrolado atropelou eles e.... - Ele faz novamente uma pausa.

Encaro ele por um tempo e vejo que seus olhos estavam marejados.

- O carro jogou meus pais pra uns cinquenta metros de distância, eu tinha conseguido correr na hora e meu pai me jogou pro outro lado, fiquei com alguns arranhões nos braços e pernas, já meu pais, a pancada deles foi bastante forte, e os dois não resistiram. Eles foram tirados de mim. Eu não queria que meu pai tivesse me empurrando, eu queria ter morrido junto com eles. - Suas palavras doeram em mim

- E-eu sinto...

- Deixa eu continuar - me interrompe e eu apenas concordo.

Ele enxuga uma lágrima soltiaria que havia escorrido pelo o seu rosto

- Depois da morte dos meus pais, eu fiquei mau pra poxa, eu não tinha mais família, não sabia o que ia acontecer comigo, porra eu só tinha dez anos. Um dia quando eu estava sozinho na praia onde costumávamos ir, um oficial de justiça falou que eu não podia ficar sozinho, que eu era apenas uma criança, e que eu ia morar em um orfanato no Rio de Janeiro.
Eu não sabia o porque de ser tão longe, o porque eu estava abandonado minha terra, eu só sabia sentir medo. Eu tentei questionar, tentei de tudo para não ir, mas era a voz de um adulto contra a de uma criança. Quando eu cheguei no Rio de Janeiro, eu fui para a Fundação Romão Martos, eu não fazia amizade com ninguém, não queria papo com outras pessoas, era só na minha.
As pessoas que trabalhavam lá até fazia eu me enturmar, mas era atoa. O orfanato passou um tempo sem receber muitas verbas, e foi quando eu comecei a passar fome.
Eu já não aguentava aquela vida, passava fome, não tinha amigos e nem ânimo pra nada. Quando eu completei quatorze anos, eu consegui fugir de lá e vim parar no morro do alemão, eu vivia jogado pela as ruas passando fome e frio, até que o ex dono daqui o HG, me chamou pra trabalhar com ele, em troca ele me daria uma casa, água e comida.

Eu escutava tudo atenta, não conseguia prestar atenção em mais nada.

- No começo eu topei de cara, eu queria me ver livre daquela vida de miséria que eu estava tendo. Mas daí eu vi do que se tratava o tal emprego e logo fiquei com um pé atrás, eu não sabia se era o que queria, a única coisa que eu sabia que onde meu pai é minha mãe estivessem, eles estaria completamente desapontado comigo.
Eu topei ser aviãozinho da boca, e logo minha vida começou a mudar, eu já não passava mais fome nem frio. Comecei a subir de cargo, como vapor e administrador das contas.
Um dia o morro estava sendo invadido, eu não sabia o que fazia, eu nunca tinha pegado em uma arma antes, o HG falou que eu precisava ajudar ele, e que se algo acontecesse com ele, eu que deveria ficar com a posse no morro. Lembro como se fosse hoje desse dia, foi nesse dia que eu matei pela a primeira vez uma pessoa, foi nesse dia que eu vi a terceira pessoa que se importava mesmo comigo, morrer nos meus braços com um tiro no peito, foi nesse dia que eu tomei posse do Alemão, nesse dia que eu me tornei o temido Muralha.

Como foi possível ele sofrer tudo isso? Eu pensava que o Muralha era uma pessoa fria por pura birra e não por causa de tudo que ele sofreu, afinal eu não sabia disso. Eu estava sem reação a única coisa que consegui fazer foi pular em seus braços e lhe da um abraço apertado, no começo ele não retribuiu, mas depois senti uma de sua mão encolher minha cintura e a outra tocar em minha cabeça.

- Porque Muralha? - Pergunto me afastando um pouco do seu peito.

- Porque depois daquele dia, eu matava qualquer um sem dó e nada, mais nada me atingia. - engulo seco e volto ao abraço

Desejo de posse (Morro) {Concluída}Where stories live. Discover now