09. amigos, amigos, segredos à parte

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Voltar para a escola depois da pior pausa de inverno de todos os tempos foi uma tortura para mim, ainda mais quando fazia mais de uma semana que eu mal via a luz do sol já que me recusava a sair da segurança que o meu quarto estava me oferecendo

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Voltar para a escola depois da pior pausa de inverno de todos os tempos foi uma tortura para mim, ainda mais quando fazia mais de uma semana que eu mal via a luz do sol já que me recusava a sair da segurança que o meu quarto estava me oferecendo. Apesar de não ter conseguido me safar dos comentários sarcásticos de Theo, posso dizer que ele foi uma boa companhia para os meus dias de cão, se empanturrando de porcarias e jogando Xbox comigo, mas claro, sempre reclamando e dizendo que Louise tinha cortado o meu pau naquela fatídica noite de natal que me faz sentir vergonha de mim mesmo só de lembrar.

Apesar de tudo, sinto falta daquele imbecil.

Não ouvi falar da minha vizinha desde aquele dia, mas confesso que ficava atento a cada vez que via o carro de Adam estacionado diante da casa ao lado, o que era praticamente todos os dias, mas não tive sequer um vislumbre de Louise até que as aulas recomeçassem, o que foi muito merda, já que as coisas estavam mais estranhas do que jamais estiveram, ainda mais quando Adam teve a cara de pau de me parar no vestiário depois de um treino para agir como se nada tivesse acontecido, como se ele não estivesse andando por aí como um maldito sensei dos imbecis.

Mas sei que dois podem jogar este jogo.

E é por pensar assim que faz dois malditos dias seguidos que o casal meta de relacionamento abandonou as sombras de Louise, vulgo suas amigas, para se juntar à mesa do time, coisa que raramente ou quase nunca acontecia. Fiquei até meio aliviado quando percebi que meus amigos estranharam a situação tanto quanto eu. Quero dizer, Adam se sentava com a gente esporadicamente apenas para lembrar às pessoas que fazia parte do time como os outros caras, apesar de preferir se sentar com a namorada na hora do almoço.

Mas nunca com Louise.

E como se a situação já não estivesse estranha o suficiente, a garota decidiu que seria legal ignorar a minha presença na mesa, agindo como se eu fosse um nada; coisa que ela mesma afirmou que eu era. Não que eu estivesse esperando que fosse de outra maneira. A forma que ela me tratou, como se eu fosse um lixo entulhado na porta da sua casa, ainda está bem fresca na minha cabeça e tenho certeza de que não esquecerei a cena mais humilhante da minha vida tão cedo.

Eu sinto como se estivesse num loop infinito de sentimentos que se alternam entre raiva, humilhação e principalmente mágoa. Quando eu menos esperava, me lembrava do que havia acontecido na casa ao lado e ficava puto com Louise, mas então a sensação de que eu mesmo provoquei aquilo me fazia ficar puto comigo mesmo por ser tão imbecil ao meter o bedelho onde eu não fui chamado. A coisa toda não é tão difícil de se entender: não é da minha conta se o cara que achei que fosse a alma mais pura que pisará na Terra está, na verdade, traindo a namorada que sempre disse amar, e definitivamente não é da minha conta se a dita namorada prefere fechar os olhos para o que está acontecendo mesmo que esteja a par da situação. Se ela aceita, quem sou eu para dizer que está errado?

Um nada, Ethan. É isso o que você é.

Que se fodam eles.

Tenho noção de que não tenho o direito de cobrar nada dela, nem mesmo tenho o direito de usar o que aconteceu no meu quarto como alguma espécie de bote salva-vidas, o que fizemos naquele dia foi tão ruim quanto o que Adam anda fazendo por aí, mas quem disse que o meu orgulho idiota concorda com a minha cabeça? O coitado está em frangalhos e está em seu direito.

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