Ethan Bradford é o típico modelo clichê americano. Amado e odiado nas mesmas proporções, o filho do prefeito de Hanover tem tudo o que muitos almejam: popularidade, dinheiro, um talento nato para o futebol e para lidar com as garotas que cruzam o se...
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Se em algum dia completamente aleatório eu resolvesse fazer uma lista das coisas que eu mais odeio na minha vida, creio que a mesma ocuparia umas três folhas frente e verso completamente preenchidas. Digamos que não sou lá muito fácil de se agradar.
Odeio me olhar no espelho quando estou usando vestidos por achar minhas pernas ridículas demais quando estou dentro de algum deles, odeio não conseguir seguir o estilo de vida vegano e da culpa que vem logo depois de eu me acabar com um hambúrguer incrivelmente gorduroso e cheio de bacon, odeio ver como os olhos sempre alegres e cativantes da minha mãe se tornam tristes e distantes no instante em que alguém fala sobre os pais que ela não vê há quase duas décadas...
Apesar dessas coisas muito me tirarem do sério, apenas uma coisa tem o poder de deixar acordada à noite na mais profunda agonia.
Segredos.
Pode soar meio básico e muito clichê, tipo aqueles plot twists manjados da Disney: oh meu Deus! Mentiram para mim, meu mundo caiu!
Foda-se esta merda.
Não me importaria nem um pouco caso meus pais me contassem nos próximos dez segundos que na verdade meu irmão, Logan, é um extraterrestre adotado num momento de necessidade que precisa sair deste planeta o mais rápido possível para se juntar à sua amável família verde e feliz numa galáxia muito distante.
Na verdade, eu acharia bem legal.
O lance é o seguinte: eu não estou nem aí caso resolvam esconder algo de mim, é o que dizem por aí, certo? O que os olhos não veem o coração não sente.
Bom, isso se for outra pessoa que estiver por aí manchando sua alma com mentiras e omissões, mas, se essa pessoa for eu no caso, a coisa meio que muda de figura.
Eu tenho pavor em guardar segredos e mentir.
Não sei muito bem como começou, só sei que nunca fui muito boa nessa coisa de mentir para me safar, nem mesmo quando meu pescoço estava na reta por conta de alguma merda que eu tenha feito, eu simplesmente não conseguia, nem mesmo se a minha vida dependesse daquilo para que eu vivesse, não demorava nem trinta segundos para que eu começasse a tagarelar, me entregando por livre e espontânea vontade, fazendo de tudo para que aquela sensação esmagadora sumisse de vez de dentro de mim.
A situação era tão precária que cheguei a ser banida do amigo oculto de natal pela minha própria família por não conseguir ficar de boca fechada.
Patético.
Levando em consideração a minha total incapacidade para lidar com situações desse tipo, seria bem improvável que alguém em sã consciência decidisse que seria uma boa ideia confiar o maior segredo de sua vida à uma pessoa em minhas condições, certo?
Errado.
E Adam Kane me provou isso no momento em que apareceu no meu quarto mais pálido do que as minhas paredes com desespero puro vazando pelos seus poros a cada respiração angustiada prestes a abrir a boca para tirar a minha paz de espírito e esmagar a porra do meu coração no processo.
