Capítulo 6

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Ele me achou.

Não que eu tivesse a ilusão de que ele não me descobriria aqui, Michael sabe que nasci no Texas, mas achei que teria mais tempo.

Mais tempo para contar para minha família, mais tempo para pensar no que fazer.

Quase não dormi de noite, fiquei o tempo todo dividida entre me atormentar por causa de Nate e por causa das flores de Michael.

Só consegui dormir um pouco depois que amanheceu. Acho que na verdade eu estava com medo do escuro, com medo de fechar os olhos e sonhar com Michael.

Sentada no balcão da cozinha brinco com um pedacinho de pele solta no canto da minha unha enquanto meu café esfria.

Penso no dia que conheci Michael e como ele pareceu a solução de todos os meus problemas. Como ele era encantador e charmoso.

Pela primeira vez achei mesmo que tinha encontrado uma pessoa especial que finalmente me faria esquecer por completo a sombra da paixão que eu tinha sentido por Nate.

E no começo foi bom. No começo foi maravilhoso. E de repente, tudo mudou.

Bem, na verdade não foi de repente, a verdade é que eu fui ignorando os pequenos sinais porque achava que estava apaixonada.

Achava que Michael tinha tido um dia ruim ou até mesmo que eu tinha feito algo para merecer aquilo. Sendo sincera comigo mesma, as vezes ainda acho que a culpa foi minha.

É por isso que é tão difícil contar para minha família, sinto tanta vergonha. Sinto que preciso contar para alguém sobre Michael, sobre tudo o que ele fez e o fato dele ter me encontrado aqui. Mas quem?

Se eu contasse para meu pai ou até mesmo para meus irmãos, eles ficariam possessos. Não duvido nada que eles iriam atrás de Michael e lhe dariam uma surra feia, e então eles estariam em apuros por minha causa.

Se eu contar para minha mãe, bem, ela contará para papai. E mesmo que não conte, sinto tanta vergonha só de pensar em lhe contar o que aconteceu.

Nesses momentos é que uma irmã mais velha viria a calhar, penso com um sorrisinho no rosto.

De repente tenho uma ideia. Kathleen seria uma ótima ouvinte. Eu poderia ligar para ela.

Ela não é mais velha e também não é minha irmã, mas é minha prima e nós sempre nos demos muito bem. Ela é incrível!

Eu tenho vários primos e primas, mas acho que Kathleen e eu sempre fomos mais próximas, mesmo ela morando longe.

Vou até meu quarto e pego meu celular, procurando pelo número da minha prima.

Oi, aqui é a Kath! No momento não posso atender, mas deixe seu recado e eu retorno o mais rápido que der. Tchauzinho.

Assim que ouço o beep deixo um recado.

— Oi, Kath! Como vai? Aqui é a Amélia...a sua prima. Faz tempo que a gente não se fala, não é? Espero que esteja tudo bem com você. Sabia que voltei pra Dallas? Pois é...me liga quando puder, pra gente bater um papo, sei lá. Tchau!

Encerro a chamada com um misto de alívio e apreensão. Acho que foi uma boa coisa a Kath não ter atendido. Eu fui impulsiva ao ligar para ela, não acho que teria coragem pra contar tudo agora.

Vou tomar um banho e coloco uma roupa de ginástica velhinha, a única que eu tenho. Decidi que como parte dessa nova fase da minha vida, vou começar a fazer caminhadas sempre que eu puder, talvez até comece a ir na academia umas duas vezes por semana.

Amélia - Filhos da Paixão #1Where stories live. Discover now