Música tocada aqui, na multimidia.
Cadê o voto? Cadê o comentário? Deixem, deixem!
Pequeno, mas em breve, tem mais.
***
Ela continua com seu cenho franzido.
— Não gostou, Tina?
Ela não tem certeza se ele a chamou de Tina e antes de Val, mas acha que sim e por isso, fala:
— Não me chame assim.
Antônio faz uma careta e aos poucos entende.
— Você não gosta de apelidos?
— Nenhum.
— Tudo bem, Val. — ele pisca e até mesmo ET ri, mesmo que ele não tenha entendido tudo.
No fim, Val balança sua cabeça e bufa.
Estranhos.
Valentina pensa que todos daquele galpão adoram Legião Urbana. Porque é a única coisa que toca repetidamente.
Obviamente, ela não ouve, mas lê pelo vídeo com legenda que passa em uma tela emitida na parede pelo data show.
Ela vê quando Ethan balança sua cabeça e mexe seus lábios, cantarolando e, às vezes, batendo palmas.
Ela sorri e gostaria de ouvi-lo, mas, penso que, pelo bem dela, não, ela não gostaria.
Ethan é pura desafinação, tão ruim quanto Antônio.
Se ela ouvisse, colocaria seus dedos em seus ouvidos evitando escutar aquela desarmonia.
— Essa é a nossa música tema. — Antônio comenta e Val mais lê seus lábios que entende suas mãos.
Ele gesticula para o data show e faz um círculo no ar, em seguida, fecha seu punho, como um sinal de força.
É realmente esquisito e a menina tem vontade de fazer uma careta, no entanto, tudo que faz é franzir seu cenho e arquear uma sobrancelha. Para quem vê de fora pode soar como se ela não estivesse entendendo o que ele quer dizer; já para mim, sei que ela o acha lunático. Mas com um tipo de loucura saudável, se há qualquer lógica.
Nem sempre sei de tudo; ela, muito menos.
Valentina passa a ler a legenda da música com mais atenção, tentando entender o porquê de aquela música ser a tema, mas, a acha muito depressiva, quanto mais para um ambiente como aquele que, por si só, já é triste.
"E os motores saíram ligados a mil
Pra estrada da morte o maior pega que existiu
Só deu para ouvir, foi aquela explosão
E os pedaços do Opala azul de Johnny pelo chão..."
Dezesseis, é o nome da música e a idade que ela tem.
Realmente depressivo demais para ela.
Val não se sente encaixar naquele lugar. Ela não se acha como todo mundo ali. Ela não está triste e não precisa da companhia daquelas pessoas doentes. Ao menos é o que ela quer acreditar. Eu, por outro lado, sei a verdade, mas, não há propósito em estragar a história antes da hora.
Apenas observo perto enquanto ela continua lendo a letra da música, intrigada, mesmo que diga mentalmente não gostar.
No dia seguinte, falou o diretor
O aluno João Roberto não está mais entre nós
Ele só tinha dezesseis
Que isso sirva de aviso pra vocês
Ela coloca a mão em seu peito e os anéis que usa, brilham tanto quanto seus olhos quando a letra passa por uma ou duas estrofes aleatórias até a que a faz prestar ainda mais atenção na composição.
E até hoje, quem se lembra
Diz que não foi o caminhão
Nem a curva fatal
E nem a explosão
Johnny era fera demais
Pra vacilar assim
E o que dizem que foi tudo
Por causa de um coração partido
Um coração
Tina coloca uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e encara os lábios de Ethan na estrofe final. Dessa vez, não lê para saber o que é cantado.
Bye, bye bye Johnny
Johnny, bye, bye
Bye, bye Johnny
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Incompatíveis
Teen FictionValentina lia letras de músicas; Ethan as ouvia. Ela lia livros; ele os sentia. Ela lia legendas de filmes; ele os ouvia dublado. Seria apenas um casual distinto, mas era além disso. Ela não podia ouvir. Ele, não podia ver.