Mas até

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A lua cheia resplandecia pelas casas e fiações, os lobos uivavam para a mesma, em um pedido mudo que não era entendido pelos três garotos sentados no topo do prédio, sugando sua janta sem pensar muito.

Acontece que, naquela noite em especial, os vampiros estavam bem, bem mais famintos. Normalmente os três se alimentavam juntos, para proteger um ao outro, evitar surpresas, escolher bem suas presas e o mais importante: definitivamente ficar longe de humanos que possuíam armas de fogo em suas casas. Esses sempre acabavam sendo os mais complicados para as criaturas capturarem e matarem sem pena, já que a maioria caçava os “sugadores de sangue” por pura diversão.

— Mas, tipo, eu acho que animais são bem mais saborosos. — Chanyeol completou. O animal morto em suas mãos era sugado pelas presas grandes e grossas, que penetravam no pescoço da presa.

O Park era o mais velho entre os três, sendo também um dos mais fortes vampiros de sua casa, o mais alto era responsável por um grupo de quinze pessoas, incluindo crianças, mulheres grávidas – estas a quais Chanyeol teria que, futuramente, caçar para seus bebês e para as mesmas, por ficarem muito fracas pelo esforço do parto – e outros da espécie que protegiam o grupo assim como o mesmo. Seu pai era o líder de um grupo com trinta e dois vampiros e, segundo os anciões da vila em que todos moravam, o Park herdaria sua força, sendo o único herdeiro de tal homem vivo.

Acontece que todos os três ali viviam em uma mesma cidade pequena – e normalmente sem nenhum feixe de luz no topo de uma elevação que não chegava a ser realmente uma montanha, na parte de trás da cidade. Ali, os vampiros mais fortes formavam grupos, e convidavam os mais fracos para viver sob sua proteção em troca de outros favores ou, às vezes, somente status.

Quanto mais pessoas, mais forte um grupo era, e quanto mais forte um grupo era, mais temido e respeitado seu líder era.

— Hm, prefiro humanos. Especificamente um. — Sehun lambia os dedos, estes que eram lambuzados pelo líquido avermelhado da presa do Park.

Sehun, diferente do Park, não fazia parte de nenhum grupo de vampiros. O de cabelos pretos gostava de caçar quando quisesse e realmente odiava seguir as tais regras que os líderes podiam colocar sobre si, na verdade, amava quebrá-las e irritar os mais fortes. Fora quebrando uma dessas que conheceu um humano muito interessante, durante uma noite escura a qual o mesmo estava incrivelmente faminto por sangue, saiu à espreita de algum descuidado que não havia visto o aviso de criaturas da noite que rondavam a cidade, encontrando um menino com uma mochila nas costas, saindo de um cinema. Não demorou muito para puxá-lo até um bequinho e mordê-lo, o problema fora que o garotinho era bonito até demais, e acabou fazendo mais do que apenas morder. Não que ele não tenha gostado, pois, para a surpresa do Oh, o garoto o convidou para o morder mais vezes.

— Não sei o que tem de tão bom naquele estudante  — o mais alto soltou um grunhido ao sentir o líquido escorrer por seu queixo, voltando a morder e sugar a pele com mais afinco. — Qual o nome dele mesmo? É Jun, né?

— Junmyeon. E para sua informação, quando ele se formar, ele vai me deixar transformá-lo, o que é uma pena, considerando que o sangue dele é delicioso. Acho que quando as pessoas te oferecem, fica mais saboroso.

Baekhyun estava alheio a conversa dos dois irmãos, o mais baixo sugava sem esforço sua comida de um saquinho com canudinho, enquanto balançava as pernas no topo do prédio e prestava atenção no gato preto que passeava pelo topo das casas. Será que dava mesmo azar ou os felinos só eram mal falados da mesma forma que os vampiros?

Presinhas de MentiraWhere stories live. Discover now