13 - Aquele em que eles não comemoram o aniversário;

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Indignado. Eu estou indignado.

Eu não conseguia acreditar na minha burrice. Eu nunca havia visto Janis tão linda. Ela sempre estava bonita, mas, hoje ela estava linda demais. E provavelmente para ver outro cara. Ou não, Janis, diferente de mim, não era tão previsível assim.

Ela já sabia que eu estaria dando em cima de outra pessoa, eu era óbvio assim mesmo. Já ela... eu não tinha ideia de o que ela estaria fazendo e com quem. E eu não tinha qualquer direito de saber. Eu mesmo escolhi isso. Eu poderia ter feito diferente e dito "Jay, me desculpe, eu vou me tornar uma pessoa decente e você fica comigo pelo amor de deus", mas não, o Roger Taylor não pode prometer fidelidade nem quando está irremediavelmente apaixonado.

Pelo menos ela não brigou comigo. É óbvio que não. Ela não era do tipo que brigava, mas não por ser passiva ou por não ter coragem. Ela não era do tipo que brigava simplesmente porque ela tinha preguiça. Janis sabe resolver as coisas de formas muito mais simples, ela não gasta energia em nada que não seja realmente necessário. Muito adulta. Um dia eu chego lá, ou não.

Mas, enfim, ela ainda "está comigo" e eu com ela.

Eu servi aquela bebida que você sabe qual é e acendi um cigarro, me limitando a fumar e beber exclusivamente durante vários minutos. Acendia um cigarro no outro, vide o estado deplorável em que eu me encontrava. Era fácil me irritar, mas o que eu sentia agora não era raiva, irritação ou qualquer coisa do tipo. Eu estava triste. Triste porque eu voltei a estaca zero e precisaria reconstruir o pouco de confiança que ela depositava em mim.

Mas, na vida, a gente só tem o que a gente merece. No meu caso: tristeza e solidão.

Eu passei o restante da noite lendo o livro que Janis me emprestou até dormir. Eu até pensei em sair, eu sempre tinha lugares para ir, mas não é como se eu quisesse ir para qualquer lugar. Neste momento, o meu quarto com a companhia do meu livro, de música e das minhas plantinhas eram a melhor opção para mim. E, tudo bem, eu acho. Eu dormi como uma pedra.

Eu estava me sentindo um lixo. E foi assim nos próximos dois dias. Eu liguei para minha mãe para contar como eu estava e contar também que eu não teria visitar ela dessa vez, porque não teria mesmo, dinheiro era uma coisa não muito abundante na minha vida nessa época e eu realmente usava todos os meus recursos com equipamento para a bateria, que estava ficando cada vez maior e mais bonita, e com tudo relacionado à banda. Eu fiz de tudo para passar a ela, por telefone, alguma segurança de que eu estava dando certo na vida. Ela perguntou se eu tinha alguma namorada, e, de novo, ela foi decepcionada, mas para alegrar o coraçãozinho dela eu contei que gostava de alguém e que se tudo desse certo eu teria uma namorada. Eu estava sozinho em casa. Foi uma ligação longa, mas era porque eu não estava ligando com tanta frequência como de costume. Eu gostei de ter falado com ela.

Janis saiu bastante para aproveitar as férias, ela quase não esteve em casa... para minha sorte o dia do aniversário dela eu já havia reservado para mim, e na manhã do dia 28, um domingo frio e nublado, eu acordei cedo, tomei banho e preparei café. Eu estava me sentindo bem e... esperançoso. Eu estava disposto a dar a ela um ótimo dia, e consequentemente, daria a mim mesmo também.

Eu estava terminando de servir uma xícara de café quando fui surpreendido por um beijo na bochecha. Era ela. Ainda vestindo seu pijama, com uma pantufa felpuda e carinha de sono. Eu sorri como o grande idiota que eu sou e servi café a ponto de transbordar. Janis e eu não estávamos nos beijando nos últimos dois dias. Era como se tudo tivesse voltado a ser como era antes. Então um beijo na bochecha foi o suficiente para eu ficar abobado.

Vicious | Roger TaylorWhere stories live. Discover now