C.12

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       Não sei o que fazer.

       Talvez eu deva contar ao Glann às coisas que a May me disse, dos seus insultos e de como eu deveria me afastar dele. Mas, e se ele gostar dela de outra forma? Se ele estiver interessado nela de modo romântico? Espremi os lábios e encarei minha professora explicando o assunto. Não consegui escutar nada do que ela falava. Tudo o que vinha a minha mente, é a voz de May dizendo que eu era a culpada de todos os rompimentos amorosos do Glann. Fechei o caderno quando o sinal tocou, avisando o fim da aula. Peguei minhas coisas e fui para a biblioteca.

       Como sempre, Chris já está a minha espera. Lendo suas anotações, tenho certeza que ele tirará uma excelente nota. Ao me aproximar, o cumprimentei educadamente e organizei meus materiais sobre a mesa. Chris me analisou o tempo todo, com seus olhos negros profundos e de modo silencioso.

- Seu rabo de cavalo está torto – Sua voz quebrou o silêncio ao nosso redor. O olhei com a testa franzida.

- Desculpe?

- Seu rabo de cavalo está torto. – Chris apostou para meu cabelo. O toquei rapidamente, sentindo a diferença. Sorri timidamente para ele.

- Obrigada. – Tentei arrumado da melhor forma possível, não sei se deu muito certo. Em todo momento, seu olhar nunca me deixou, o que estava me deixando um pouco nervosa. Antes que eu pudesse começar a aula, Glann se aproximou de repente, fazendo meu coração da um salto. – Oi. – Murmurei de modo estranho. Glann franziu a testa com o som diferente da minha voz e colocou sua mochila na cadeira vaga.

- Estou fugindo do capitão do time de futebol. Ele quer me convidar para o jogo na semana que vem, não quero ir. – Declarou, sentando ao lado do Chris, que desviou o olhar para mim. – Pode continuar. – Avisou com um sorriso bonito e voz macia.

       Respirei fundo quando a aula terminou, Glann fechou o livro que lia e o guardou na mochila. Chris parecia estranho, em todo momento ele me olhava e depois analisava o Glann. Talvez ele saiba da minha agonia. Glann sempre diz que não sei mentir e que não consigo esconder nada, nem mesmo um segredo. E ele está completamente certo, eu não consigo fazer isso, é como se algo estivesse me devorando de dentro para fora, como se estivesse louco para sair, para se libertar.

- Glann. – O chamei do nada, o assustando. Chris também parou. Ambos se viraram para me encarar, fiquei nervosa. – Eu preciso falar com o Glann, em particular. – Pedi constrangida com aquela situação. Chris confirmou com um murmúrio e saiu pelo corredor de livros. Glann voltou a se aproximar, deixou sua mochila perto da minha e me encarou calmamente.

- Está pronta para me dizer o que a incomoda? – Questionou sustentando meu olhar. Suspirei com força e confirmei com um aceno firme. – Isso tem alguma coisa haver com o MacTerry? Ele fez algo que a deixou desconfortável? – Desviei o olhar.

- Não. É sobre a May. – Falei por fim. Glann sentou na beira da mesa, esperando que eu continuasse. – Ela veio falar comigo ontem, quando você não estava em casa. – Minha voz tremeu. Eu não quero arruinar o que quer que esteja acontecendo entre eles.

- O que ela queria com você? – Sua pergunta me trouxe de volta aos seus olhos castanhos.

       Quando comecei a contar tudo o que May me pediu e falou, vi o pequeno brilho em seu olhar desaparecer. Seu rosto se tornou sério e tenso, Glann passou os dedos entre os cabelos e umedeceu os lábios. Ele está irritado.

- Isso é verdade? – Perguntei preocupada.

- O que? – Sua voz está mais grossa que o normal.

- Eu acabei com todos os seus relacionamentos? – Mordi os lábios, desejando que ele dissesse 'Não. Não foi sua culpa Gina'. Porém, Glann ficou em silêncio e desviou o olhar por alguns segundos antes de me encarar novamente.

Querido, doce DestinoWhere stories live. Discover now