[ concluída ✔ ] Kim SeokJin vivia vagando pelos corredores da Faculdade de Direito da Nacional de Seul, sempre cercado ou do seu grupinho de amigos populares ou de sua namorada, enquanto - secretamente - observava aquela garota, tão comum que chegav...
But what's it gonna take for a guy like me to find a girl like you? What I gotta do to find a girl who's loving is more than true? No one can play the game alone, even if you try to.
(Toro y Moi)
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O vento gélido que me acolheu na frente do escritório teria passado por mim como só mais um sopro invernal caso eu não tivesse outra preocupação para enfrentar no momento seguinte: a vista de prova de Tributário I. Observei as nuvens correndo pelo céu, arrastadas por um vento forte que ainda não atingia as ruas, mas tive a impressão de que, muito em breve, Seul seria coberta por uma frente ainda mais fria, aproximando os termômetros das temperaturas negativas – mas é claro que já estávamos acostumados com isso, raros eram os dias ensolarados na Coreia do Sul.
Caminhei até o carro estacionado do outro lado da rua, com certa dificuldade para atravessar no meio da multidão apressada do centro comercial, e levei mais alguns minutos para conseguir retirar o veículo da vaga devido ao trânsito intenso por conta do horário. Enquanto dirigia até a Nacional, senti meus órgãos se revirarem a cada sinal vermelho, engarrafamento e pista liberada. Toda aquela apreensão por medo de reprovar na matéria me impedia de manter a concentração adequada na pista, e em um determinado momento, cogitei parar no acostamento, esconder o rosto entre as mãos e chorar de desespero, mas o fluxo de carros só me permitia a raiva e, consequentemente, um atraso de vinte minutos, que me rendeu uma corrida desenfreada pelas escadas. Nem ao menos lembrei que a faculdade estava vazia e eu poderia pegar o elevador sem dificuldades. Quando cheguei ao meu andar, raspando as mãos suadas na calça social, me deparei com a porta fechada, indicando que a vista já havia começado.
Para minha surpresa, ao girar a maçaneta e impulsionar meus passos travados para dentro da sala, não vi muitos estudantes. Alguns me cumprimentaram com a prova em mãos quando saíram da sala, mas seus rostos não me denunciavam suas notas. A minha única certeza era de que eu estava abaixo da média, reprovado. Não havia mais tempo para rezar. Ainda de pé entre a porta e a mesa, notei que o professor acenava em minha direção, então caminhei até ele respirando tão fundo que meus pulmões começaram a doer.
– Kim Seokjin. – consegui pronunciar com a voz trêmula quando me encostei em sua mesa, sentindo o meu corpo inteiro vibrar como se estivesse prestes a se despedaçar enquanto ele folheava os papéis inseridos no envelope.
– Aqui está.
(...)
Deixei meu corpo relaxar na cadeira de plástico, ainda que não fosse das mais confortáveis era o que tínhamos no momento, e afrouxei a gravata de seda azul marinho que pegara emprestado do meu pai para comparecer vestido adequadamente para a entrevista de estágio.
