Capítulo 2

2.1K 232 57
                                    

Faço a mesma coisa várias vezes, mas a porta não cede de modo nenhum.

- MAS QUE P*RRA - ouço. - NEM NO INVERNO EU POSSO DORMIR EM PAZ?

- Q-quem está aí? - pergunto assustada. Não tinha ninguém quando eu entrei, mas não parece estar lá fora.

- Alguém que não te quer aqui - a voz está do meu lado, grito me afastando.

- Q-QUEM É VOCÊ?

- VOCÊ INVADE MINHA CASA E PERGUNTA QUEM EU SOU? - é a voz de um homem, e está irritado. Não tem como alguém morar aqui, não tem nada além de paredes.

- E-eu...

- SAIA DAQUI.

- A porta, está t-trancada...

A porta se abre lentamente, deixando um feixe de luz entrar.

- Acho que não mais - fala baixo, perto de mim e me arrepio. - SUMA.

Passo pela porta correndo, e continuo desse jeito até me esbarrar em alguém.

Grito, tentando afastar-me, mas ele segura meus ombros

- Calma - o garoto fala. - Sou eu, Carlos.

- Carlos - abraço ele. Apesar de que ele estava com os garotos, ele me ajudou e pagou por isso. - Você está bem? - passo a mão por seu rosto e sinto o sangue, ouvindo ele soltar uma exclamação de dor.

- Meus pais não vão ficar muito felizes - ele é dois anos mais novo que eu.

- Vamos lá pra casa - digo. - Eu cuido disso.

- Mas seus pais...

- Se acordarem, vão ficar felizes de ver uma pessoa viva por lá.

Andamos juntos até minha casa, eu nunca tive medo da floresta, sempre achei o lugar tem uma energia ruim, mas isso não me assusta já que até na vila as pessoas não tem uma energia muito boa. Mas naquela casa, o que eu senti ali era tão pesado, foi diferente de tudo que eu já tinha sentido.

Indico o caminho até a janela do meu quarto, entramos juntos e mando ele esperar na cama até eu pegar o kit de primeiros socorros. Então vou até a cozinha e encontro meu pai.

- O que faz acordada? - ele pergunta.

- Eu só vim pegar um pouco de água - minto.

- Quando sair apague a luz.

- Ok - ele começa a sair mas volta.

- Meu amor, você sabe que o melhor para você é sair desse lugar, certo? Ir para uma cidade maior, não necessariamente Berlim, mas uma...

- Pai - o interrompo. - São uma da manhã, e eu não quero conversar sobre isso nem agora nem hora nenhuma.

Pego o kit de primeiros socorros e começo a sair.

- Para que precisa disso? - ele pergunta.

- Tropecei e machuquei a perna - falo batendo, e logo em seguida trancando, a porta do quarto. - Não pergunte - falo para Carlos.

- Eu não ia - ele diz.

Acendo a luz, assustando-me com a imagem à minha frente.

- Ai meu... - deixo a caixa cair no chão. - O que aqueles meninos fizeram com você?

Seu rosto está bem machucado, a sobrancelha e a boca partidas, escorre sangue pelo seu nariz e pela testa. Fora isso, o olho está inchado e a bochecha também.

- Eles... eles só ficaram um pouco irritados por eu ter te defendido.

- Não tente defender o lado deles - digo irritada.

The Curses of Schwarzwald Cursed Soul (myg) (CONCLUÍDA) [SENDO REPOSTADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora