Marquês de Brightdown

Capítulo 3

OLIVIA LEVINTOM

Eu já havia despertado a um considerável tempo, mas preferí continuar em minha cama, encarando o belo anel de diamante em meu dedo.

Agora é oficial, eu estou comprometida.

Eu precisarei de sorte se o marquês for tão colado e sério como se mostrou ontem. Além de reclamar que tenho uma língua afiada, mas ele não fica para trás. Após a nossa valsa, realizada depois do pedido de casamento, não nos demos ao trabalho de conversar mais, eu já me encontrava cansada após uma longa troca de farpas entre nós.

O problema é que minha progenitora, ansiosa para agradar ao marquês de toda e qualquer forma, "sugeriu" que passeássemos pelo Regional Park hoje e eu, como preciso desse casamento, aceitei sem resistência.

Por mais que minha vontade seria perder o marquês no parque e nunca mais o encontrar.

-Milady, a hora do almoço já se aproxima e a senhorita tem compromisso com o marquês hoje! - Margot dispara a falar, assim que entra em meu quarto e se apressa em abrir as cortinas, enquanto me sento na cama para olha-la.

-Realmente não posso ficar na cama? - Pergunto me jogando de costas no colchão, escutando seu resmungo.

-Mais é óbvio que não! - Margot coloca as mãos na cintura - Tens que se dispor e se preparar para o encontro com o marquês no final da tarde de hoje.

-Margot, eu sinceramente não queria ir, estaria melhor passando a tarde na cama comendo biscoitos.

-Isso não irá acontecer! - Me olha com reprovação, me fazendo rir.

Margot sim seria uma ótima irmã mais velha.

-Eu gostaria de leva-la comigo para a casa do marquês! - Saio na cama.

-Receio não ser possível, milady. Meu marido trabalha aqui, ele também não pode sair, ainda tem meus meninos.

-Eu lhes contrato! - Digo chorosa e ela sorri.

-Minha querida, não se preocupe, pode vir me visitar e vamos sempre manter contato por carta! - Me abraça e eu retribuo apertando-a.

-Sentirei sua falta.

-Ora, não seja antecipada, Olivia, ainda temos dois meses e me encontras todo dia.

Sorrio.

-Certo, mas posso ao menos passar o dia na biblioteca? Camille exigiu que eu procurasse ao menos um romance para ler.

-Pode, mas somente depois do almoço e não se esqueça de se arrumar para o encontro no final da tarde.

Reviro os olhos e ela me olha feio, por meu ato nada delicado.

-Não se preocupe, irei como uma verdadeira lady. - Sorrio - Meus pais?

-Seu pai está no parlamento e sua mãe está se preparando para a refeição.

Apenas assinto e Margot me lança um sorriso reconfortante antes de me ajudar com toda a preparação ponposa necessária para uma verdadeira imagem de lady.

Como esperando o almoço foi totalmente silencioso, minha mãe não disse nada e eu não fiz questão de iniciar uma conversa.

Como sempre.

Após a refeição, segui para a biblioteca e procurei alguma coisa de romance para ler. Encontrei um livro que logo de cara me encantou, As Mil e Uma Noites.

De certo eu não era a maior apreciadora de livros de romance, preferia os de história, mas sem dúvida achar um livro que unia os dois tornara minha introdução a esse gênero muito mais agradável.

Fiquei ali por algumas horas, entretida com minha leitura. Diferente das outras damas, não consigo me manter em uma única posição. O certo seria me manter sentada, com os cancanhares cruzados, enquanto lia o exemplar em minhas mãos com cordialidade.

Uma pena a realidade ser tão distinta.

Eu já estava deitada sobre o sofá da biblioteca, com as pernas cruzadas para cima, enquanto segurava o livro acima de meu rosto, terminado mais um capítulo.

Olhei para o relógio na parede e já apontava próximo às quatro da tarde, o que me obrigou a fechar o livro, após marca-lo e seguir para meus aposentos.

Escolhi um traje de passeio amarelo claro, o tecido era leve e os detalhes em renda o deixavam deveras delicado. Nas mãos, eu usava luvas de renda que iam até meus pulsos.

Margot me ajudou com o penteado, prendendo meu cabelo de forma bem elaborada e uma tiara dupla de pérolas para enfeitar.

Apanhei meu guarda-sol e saí do quarto, indo para as escadas, onde coincidentemente encontrei o marquês parado na porta, junto com minha mãe e o mordomo.

-Oh! Vejo que fora pontual, filha! - Minha mãe disse dando seu melhor sorriso ensaiado.

Os olhos do marquês me analisaram de cima a baixo, atento como sempre, como se visse cada detalhe de mim.

Senti um rubor subir por meu colo e rosto, mas ainda sim, mantive a postura e não desviei os olhos dos seus nem por um instante a medida que me aproximava.

-Está bela, milady! - Ele finalmente diz.

-Obrigada, milorde! - Faço uma reverencia - O senhor também está belo!

E era verdade, seu traje azul escuro, calça marrom e botas negras, assim como o chapéu, tudo feito sobre medida, ressaltavam bem seu corpo e valorizavam seu porte atlético.

Os belos cabelos loiro-escuro estavam bem penteados para trás, sua barba rala, de mesma cor, moldavam o belo queixo quadrado e destacavam com glória os rosados e carnudos lábios.

Quando uma se suas grossas sobrancelhas se arqueou, dei-me conta que o encarava a mais tempo que o necessário.

-Vamos? - Questionou me oferecendo seu braço.

-Claro! - O peguei prontamente e forcei um sorriso.

-Chegue antes do anoitecer, Olivia. - Minha mãe alertou.

-Sim, senhora! - Respondi antes de sair.

Este era outro ponto a se destacar, todos os filhos que eu tiver com o marquês, serei próxima de todos. Independe do sexo, estabelecerei uma relação saudável com eles.

De mãe e filho, não essa... Coisa que tenho dentro de casa.