A Carta

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Já se passara mais de meia hora que eu tinha a irmã de Vitória deitada em meu sofá. A esse ponto nem sabíamos mais se ela estava dormindo ou desmaiada, porém ninguém se atrevera a encostar um dedo na garota. As coisas haviam sido confusas desde que ela chegou, tudo que consigo lembrar-me bem é de tê-la desmaiada aos meus pés após pedir ajuda e agora cá estava ela, estirada em meu sofá parecendo que havia saído de uma guerra; se não fosse pelo seu estado ela estaria bem vestida, calça jeans escura e uma camiseta que me aparentava ser uniforme escolar porém toda vestimenta estava suja e um dos joelhos de sua calça estava até.rasgado. Junto disso, ela tinha uma mochila nas costas que aparentava estar praticamente vazia. Ela não utilizava nada nos pés além de meias, que estavam bem sujas. Me pergunto se ela andou até aqui, e de onde veio.

- Okay. - Júlia quebrou o silencio. - Não podemos deixar essa garota em modo
vegetativo no seu sofá.

- Nem sei se ela está respirando. - Disse Bárbara.

- O que querem que eu faça?

- Vamos leva-la até o hospital.

- Já disse que não, se ela quisesse um tinha se arrastado até lá.

- Uma pergunta simples Ana.

- Hum?

- Porque diabos ela se arrastaria até aqui e pediria ajuda logo para você?

- Você viu que ela desmaiou, certo? Não adianta me perguntar essas coisas, não tenho ideia do porque ela veio até mim pedir ajuda.

- Será que Vitória está bem? - Perguntou Júlia.

Essa pergunta me fez tremer por dentro. Não queria pensar nisso mas ter Ana Beatriz m desse jeito em minha sala de estar só poderia significar que Vitória estava com problemas. E seria minha culpa, eu havia a pressionado para dar um jeito em sua vida. Burrice minha,devíamos ter fugido para o Caribe ou coisa do tipo... Quem sabe Londres.

- Ela por acaso já tinha vindo aqui antes? - A pergunta de Bárbara tirou-me do transe, eu apenas neguei.

- Nunca. - Neguei novamente respirando fundo. - Talvez Vitória tenha dito a ela meu endereço ou sei lá também. - Passei a mão pelos cabelos. - Estou mais perdida que rato em tiroteio. - Ouvimos a garota se mexendo.

- Óh, acho que ela está acordando. - Disse Júlia.

Nós três nos levantamos ficando mais próximas de Ana Beatriz que realmente despertava de seu desmaio ou sei lá o que. A garota abriu os olhos em susto sentando-se em meu sofá em um pulo só, assustando-nos um pouco. Ela olhou confusa para todas nós e depois para todo.apartamento como se procurasse um lugar para fugir, então ela saltou até a bancada de.minha cozinha pegando uma das facas do faqueiro que estava ali.

- Meu senhor! - Disse Júlia.

- Quem são vocês? - A garota perguntou, percebi que não falava comigo mas sim.com minhas amigas.

- Calma Beatriz, elas são minhas amigas. - Disse o mais tranquila possível. - Larga a faca.

- Não! Vitória me disse para.... pra não confiar... não... - Ela estava confusa e
nitidamente com medo.

- Tudo bem, tudo bem... Larga a faca e a gente conversa sobre o que a Vitória te disse, okay? - Fui me aproximando para tentar retirar-lhe a faca mas ela a segurou mais firme ainda.

- NÃO! Só você. - Ela disse olhando para as minhas amigas.

- Okay. - Olhei para as meninas também.

- O que? Nem a pau que vamos te deixar sozinha com essa maluca. - Disse Bárbara.

- Eu vou ficar bem.

Suas FloresWhere stories live. Discover now