Madrugada obscura

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Aconteceu.

E isso é algo impossível de negar.

A madrugada estava tão fria quanto neve.

E a brisa gelada servia para mais inspiração.

Todos os muros da cidade continham desenhos. Cada um com um significado.

Algumas árvores derrubadas, outras na lista para cair.

Isso era algo extremamente revoltante.

Ao entrar no meio delas, encontrei refúgio. Alívio e proteção. Era o lugar perfeito para uma boa noite de sono. Mas os arbustos balançavam muito. Era uma sincronia tão certa que chegava a ser bizarra.

Não existiam dúvidas, seja lá do que fosse, eram passos que podiam ser ouvidos à metros de distância.

Algo mais gelado que a brisa escorreu da árvore e alcançou meu rosto, que sensação estranha.

-Ei, tem alguém aí?

Os passos ficaram mais altos. Algo se aproximava.

Mais uma gota escorrendo em meu rosto.

-Afinal, o que é isso?

Deslizei os dedos pela face, era escuro.

O que estava acima de mim, era algo capaz de traumatizar alguém pelo resto da vida.

Amarrada na árvore, uma corda.

Preso à corda, um corpo.

Pensei em gritar, mas talvez não fosse uma boa opção, não estava sozinha e isso era uma certeza.

-O que eu faço agora? Que droga!

Pensei em correr, péssima escolha. Não foram 3 metros percorridos e tropecei em um galho.

Um ferimento. Talvez grave, talvez não. Mas doía.

Estava sangrando. Agora, o sangue já não era somente do cadáver. Ouvi uma risada. Baixa e aterrorizante.

-Quem é você?

-Você não vai querer saber...

-Apenas me responda!

-Tenha mais bom senso, criança.

-Apareça!

-Eu não pediria isso...

-Apareça, agora!

Uma risada mais alta.

Por anseio, me afastei dos arbustos. A dor já era insuportável.

A voz surgiu novamente.

-O sangue evacua rápido do seu corpo...

O medo se transformou em aflição.

-Aquele corpo, foi obra sua, não foi?

E a voz silenciou... Nenhum barulho. O silêncio era assustador.

-E agora? Onde estou? Como volto aos muros?

Era possível ouvir barulhos de garras rasgando algo. Depois gritos, e mais gritos, aquilo era ensurdecedor.

Minha boca se abriu, e um sonoro "Socorro" sairia em seguida, mas algo impediu tapando a mesma.

Ouvi o som de um relógio. Eram 3:07 da madrugada.

Aquela coisa, tinha garras enormes, e fazia questão de percorrer com elas por minha face gelada.

Foi quando eu me vi. Minha reflexão em algo que se parecia um espelho, um pouco trincado.

Despertei de algo que parecia ser um pesadelo, terrível.

Olhei para o relógio. E o mesmo marcava 3:06... E foi nessa hora... Que vi as laterais do espelho sendo trincadas. E partes de garras, atravessando o mesmo em direção à mim....

By: DBuenno

Sentimentos Intensos Demais Para Serem CompreendidosWhere stories live. Discover now