magnólia • abo (l.s.)

capítulo único

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Louis estava deitado na cama do hotel, em Sicília. Seus braços estavam cruzados atrás da cabeça, sem nenhuma preocupação no mundo. O lençol gelado abraçando seu corpo nu lhe provocava arrepios, amplificados pela maresia que invadia a janela do quarto. Era um cheiro quente de sal, úmido, pesado. Se ele não estivesse se contorcendo de ansiedade por dentro, diria que o barulho das ondas batendo na costa era relaxante. Naquele momento, ele só queria conseguir se concentrar e estabilizar sua respiração. Para sua infelicidade, o peso de sua ereção em sua coxa e as expectativas faziam seus pulmões inflarem e desinflarem com tanta força que pareciam enferrujados. As expectativas.

Ele expirou alto, passou as palmas pelo próprio tórax e considerou levantar e abrir mais a janela como tentativa de refrescar mais o quarto. Seria um movimento muito arriscado, embora. Harry estava tomando banho e, bem, ele poderia sair a qualquer momento. Louis se mataria se perdesse um segundo sequer de sua visão favorita.

Eles haviam passado o dia dentro d'água, apreciando um ao outro e a beleza do lugar. As praias da Sicília tinham águas cristalinas que mais pareciam espelhos e um ar quente que se assemelhava a um abraço apertado. Louis achava que nada jamais seria mais deslumbrante do que os cabelos de Harry sendo enrolados pela brisa e sua careta emburrada por ter areia até nas sobrancelhas. Seu corpo, por outro lado, era um convite para outro tipo de mergulho.

"Mantenha a compostura, Tomlinson." Murmurou para si mesmo entre dentes, sentindo-se como um adolescente de quinze anos novamente, fechando os punhos para impedir que suas mãos acabassem massageando sua glande inchada. Uma vez dentro de Harry, seu nó se formaria em minutos, ele sabia.

Lembrou-se de quando havia conhecido Harry anos atrás. Cinco, para ser exato, mas que mais pareciam cinco vidas inteiras. Cinco anos, um cortejo, duas tatuagens, um anel de esmeraldas e uma cerimônia espalhafatosa depois, ele ainda se sentia assim. Vulnerável da melhor forma, sem medo de se banhar nas cores que Harry havia trazido à sua vida desde então. Cada momento com ele parecia estar impresso em suas retinas, numa espécie de lembrança cinematográfica infinita.

Na primeira vez em que se falaram, numa festa de fraternidade, Harry estava um pouco bêbado e falando devagar, as palavras saindo arrastadas e emendando uma nas outras. Louis achou curioso, imaginou que ele tivesse tomado quaaludes também ou qualquer coisa do gênero. A casa estava lotada de ômegas, mas apenas Harry parecia brilhar como um farol meio às luzes da pista de dança. Ele dançava engraçado, seus membros compridos se movimentavam de forma desengonçada e ele parecia saber toda a letra da música chiclete que tocava pelos altos falantes.

Harry tinha as bochechas rosadas pelo álcool e Louis se perguntou se ele corava assim ao ser fodido. Imaginou seu torso alongado numa mesa, o rosto colado nela e sua bunda empinada, à mostra. Observou como seus mamilos duros roçavam na camisa de seda e a faixa de pele que se fazia visível toda vez que ele levantava os braços para dançar ou para passar pela pista de dança com a bebida nas mãos. Era possível ver, com clareza, seus ossos do quadril, bem proeminentes, e uma região macia logo acima deles. Louis imaginou como seria apertá-lo ali, ora suavemente, ora para deixar marcas. Estranhamente, também imaginou como seria acordar naquela bagunça de cachos de chocolate, com seu corpo quente aninhado ao seu próprio.

Naquela mesma noite, Louis o chamou de "amor". Eles estavam bêbados, animados, não deveria significar nada. Aconteceu uma vez, rápido, quase colado ao ponto final, quando eles estavam do lado de fora da festa, sentados na grama gelada. Um silêncio absoluto se instalou e Louis virou para encontrar os olhos de Harry. Ele estava surpreso, contendo um sorriso nas covinhas. Tudo nele brilhava. Seus lábios pareciam cerejas à luz da lua e Louis só queria provar deles. Então, ele o fez.