Capítulo 9

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Aperto o casaco contra o corpo. Hoje está mais frio do que ontem e ainda por cima está nevando.

Adam parece não sentir nem um pouco do frio que sinto e me olha surpreso, para não dizer espantado.

— Pensei que tinha dito que gostava do frio — ele ri.

— Gosto, mas está frio demais  hoje. — ele estende a mão na direção do meu ombro, mas para no meio do caminho. Ele hesita e então afasta a mão.

O ouço suspirar.

— Já estamos chegando — o olho. Desde que nós saímos de casa ele não para de dizer que vai me levar nos lugares preferidos dele, e desde então ele está fazendo mistério — Prometo que você vai gostar.

— Quero só ver.

Andamos na neve num ritmo bom; nem muito rápido, e nem devagar.

Paramos em frente a outra cafeteira, ela também tem paredes de vidro e posso ver os notebooks e as estantes de livros.

A visão dos livros me anima um pouco.

— Que lugar é esse? — pergunto, minha voz saindo mais entusiasmada do que eu gostaria.

— Meu segundo lugar preferido na cidade — olho para ele o pego com os olhos fixos e mim. Parecem animados e felizes com a minha animação — Eles fazem um achocolatado maravilhoso, e sem falar nas tortas...

Ontem a simples menção de comida faria  meu estômago roncar, mas hoje eu não sinto nada.

Ele me guia até a cafeteira e abre os braços quando entramos.

— Seja bem vinda ao I Lovely Coffee — acabo rindo.

— Jura? — levanto uma sobrancelha — Aliás, que lugar é esse?

— Esse é um tipo de cafeteira/informática — ele vai até uma mesa e deixa seu casaco ali, faço o mesmo — Toco aqui algumas vezes por mês, o público  é meio exigente mas gosto da recompensa.

— E qual é a recompensa? — pergunto, ainda de pé.

— Tortas — ele sorri — Você quer alguma coisa?

— Na verdade, eu gostaria de escolher um livro — aponto para a prateleira — Posso?

— Fique a vontade — ele sorri gentilmente — Vou pegar um café pra gente.

Ele vai até o balcão e eu vou até a "biblioteca."

As prateleiras me encantam. São tantos livros, tantos novos mundos para conhecer... Pena que a maioria das pessoas não dão valor a esses tesouros.

Meu pai e meu irmão eram loucos com livros. Não podíamos passar perto de uma livraria que um dos dois já queria entrar.

Pego um livro com capa preta. Ele possui detalhes em prateado e o título é da mesma cor. É um belo livro.

Meu pai tinha um igualzinho a este na prateleira dele. Talvez ainda tenha, não sei, não toquei em nenhum livro depois da morte do meu pai.

Coloco o livro de volta. Ainda não estou pronta para ler. Talvez nunca estarei. Não antes do prazo.

Mal me aproximo da mesa quando vejo uma loira dando em cima do Adam, e ele sorri sem vergonha para ela.

Onde está o café? Hein?

Tenho vontade de ir lá e perguntar, mas ele parece tão entretido, tão a vontade, de um jeito que ele nunca ficou comigo. Nem na noite passada e nem hoje.

Deixe-me Ir / PARADOWhere stories live. Discover now