Eu sou capturado

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Sinceramente, odeio meu quarto, o sol bate no meu rosto logo que nasce, em contrapartida ele é o mais espaçoso dos três, mas não tenho muitas coisas para decorar então somente espalho minhas bagunças, já ia esquecendo de me apresentar, meu nome é Sanor, tenho quinze anos e minha vida é uma droga, meus cabelos são negros, mas tenho uma faixa branca na lateral esquerda do cabelo que me faz olhar pro espelho e me odiar, falando em olhar, tem mais um detalhe maldito, eu tenho heterocromia, por que eu, numa família com três irmãos tive que nascer com isso? E o pior de tudo é que não é uma heterocromia qual quer fofinha de um azul e verde ou qual quer cor convencional, é um maldito lilás herdado do meu pai e um cinza quase branco que me faz parecer cego herdado da minha mãe, fora isso, eu não tenho nada demais, sou um típico cara mediano magrelo, altura mediana literalmente dentro das medias, mas de verdade, nesse mundo beleza não tem importância alguma, aqui o que lhe faz ter valor ou não é o quanto magia e força você possui. Tenho duas irmãs Sarim e Herma, são gémeas quase idênticas, tirando somente o fato dos olhos, Sarim possui os olhos lilás e Herma olhos cinzas, isso torna fácil reconhece-las, o que as chateia muito já que não da pra usar o fato de ser gémeas para pregarem peças, elas são três anos mais novas que eu, Sarim é hiperativa e brincalhona, não sei onde ela encontra tantas palavras para conversar, se der trela ela não para nunca, Herma é mais reclusa, observadora e detalhista. Atualmente moramos com nossa "vó", que na verdade não é mãe nem do meu pai nem da minha mãe, mas foi quem nos acolheu oito anos atrás quando aquilo aconteceu. Vou voltar no tempo e lhe explicar, se é que a perspectiva de um garoto de sete anos é compreensível.

Vivíamos todos nós tranquilamente dentro da cidade de Torah, do reino de Torah, meu pai, Sevanor, era um mago incrível, utilizava seus poderes em prol da defesa do reino, mas nunca ocorreu alguma batalha para que ele provasse o seu valor. Minha mãe, Hercária, era uma curandeira bastante requisitada, mas jamais aceitou participar do corpo medico do reino, ela dizia que seus dons deveriam ser utilizados naqueles que precisam e sendo integrante do corpo médico do reino seus serviços seriam monetizados, seu coração era muito bom para aceitar tais serviços.

Nosso pai era pago por seus serviços, mesmo que pouco requisitado, nunca se interessou em se tornar um capitão da guarda real, o que teria tornado ele e toda sua família em nobres, mas ganhava o suficiente para nos da alimento e uma boa morada, mesmo entre os plebeus, minha mãe era recompensada por seus serviços com doações, pão, trigo e carne eram comuns, nada nos faltava.

Ha nove anos, estava prevista uma festividade para receber o sacerdote do sul, cujo filha era uma famosa vidente que previra a ascensão e queda de grandes impérios e reinos no sudeste, o rei de Torah, senhor Zarff Dione, e toda família Dione, aguardava no final do corredor composto por soldados reais até que chegasse aos oito capitães da guarda real, a família real era famosa por ser um tanto quanto severa, guilhotinas e forcas ainda eram um ato comum, mas nada de mal aconteceria se seguisse as regras do rei, a rainha, Etharia Dione tinha sempre uma expressão arrogante eu seu rosto, pelo menos das poucas vezes que a vira, o príncipe Zelor Dione era um grande guerreiro e um dos magos mais poderosos de todas as terras do norte, mas sempre se mostrou um homem justo e integro, a princesa Anneia Dione, era de longe a criatura mais linda que já vi na vida, ela tinha um olhar tão penetrante que me hipnotizava mesmo de tão longe, devia ter a minha idade oito ou sete anos.

O sacerdote do sul e a vidente achegaram-se, adentraram no castelo sob aplausos e cantorias e isso é tudo que sei, um plebeu jamais entraria no castelo num momento como esse, aliás em qual quer outro momento e normalmente entrar lá não era exactamente uma coisa boa, mas imaginei o banquete repleto das melhores comidas que havia no mundo. Nesse mesmo dia, nossa mãe juntamente ao nosso pai, sentaram-se a mesa do jantar e antes que pudéssemos tocar na refeição, nos disseram.

Eu e os DeusesWhere stories live. Discover now