Capítulo 12 - Anti-penúltimo (Revelação)

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Capítulo 12 - Anti-penúltimo

Naruto não estava conseguindo concentrar-se. Kabuto Yakushi ia ter uma péssima impressão dele. Além de chegar vários minutos atrasado para a reunião, seu pensamento estava distante, não permitindo que acompanhasse a apresentação que o dono da Yakushi Security Systems estava fazendo.
A todo instante ele se surpreendia pensando no que Hanabi lhe dissera na noite passada. Era impossível não pensar naquele breve diálogo que tiveram.
Se você decidir mesmo sair, sua avó vai ficar desapontada no começo, mas depois ela acaba superando isso. Se eu fosse você, eu teria uma conversa franca com ela. Tenho certeza de que ela vai entender. Quando você explicar a idéia do rancho para os meninos carentes, ela vai ficar orgulhosa de você.
Foram aquelas as palavras de Hanabi. Ele as ouvira muito bem.
Mas como Hanabi sabia de sua ambição secreta? Ele não falara com ela sobre isso. Conhecendo-a como conhecia, tinha certeza de que ela não aprovaria seu projeto. Primeiro porque além de Hiashi e de Mito, Hanabi era a mais entusiástica em manter o envolvimento de Naruto na fusão dos negócios da família. Segundo, porque sabia que ela jamais aceitaria mudar seu padrão de vida para acompanhá-lo para um lugar isolado com uma porção de meninos carentes. E entre abrir mão de seu sonho e perder Hanabi, ele não tinha dúvidas de que preferia ficar com ela.
Mas, afinal, como ela sabia sobre o rancho dos meninos?
Quem teria contado a ela?
Naruto podia contar nos dedos da mão quantas pessoas sabiam de seu sonho. Na verdade o quarto. Seu professor de sociologia no colégio e Sasuke. Shino Aburame, um velho colega que trabalhara com ele na Arábia Saudita. E Hinata.
Naruto sorriu ao lembrar-se de como tinha contado sobre seu projeto para Hinata. Não planejara fazer isso, mas Hinata era uma daquelas pessoas especiais que faziam com que os outros confiassem para ela seus segredos.
Era noite de Natal e as duas famílias, como sempre, passaram juntas. Depois da igreja, reuniram-se na casa dos Hyuugas para a ceia. Ficaram sentados em volta da lareira, conversando e ouvindo Hanabi tocar músicas natalinas ao piano.
Hinata e Naruto sentaram-se juntos num dos sofás. Hinata fizera um comentário sobre como Hanabi tocava bem.

- Ela tem muitos talentos. Tudo que ela faz, ela o faz muito bem - Hinata dissera.

Naruto ouviu uma nota de melancolia na voz de sua futura cunhada. Ele gostava muito de Hinata, mas achava que ela não se valorizava.

- Você também é muito talentosa, Hinata. Pode não ser na música, mas em outras áreas.

Ela sorriu e assentiu, mas a nota de tristeza permaneceu.

- Eu sei. Sei que sou uma boa professora e espero ser uma boa artista também. Mas Hanabi é diferente. Ela tem tantos talentos. Pode ser bem-sucedida em qualquer coisa que quiser. Veja a música, por exemplo. Se ela quisesse, poderia ter uma carreira de sucesso. Seus professores sempre disseram isto. Ninguém nunca me disse algo assim e tive o mesmo número de aulas que ela.
- Sim, mas ela não é uma artista e você é.

Hinata suspirou.

- Eu sei. Acho que não estou conseguindo me explicar direito. O que estou tentando dizer é que Hanabi é uma daquelas pessoas que nasceram com sorte, que têm tantas habilidades que podem fazer o que bem quiserem. Basta decidir e tudo dá certo. O resto de nós, pobres mortais, também conseguimos as coisas, mas sempre com muito esforço e muito trabalho. Ela consegue tudo que quer com o estalar dos dedos. Eu, por outro lado, tento almejar coisas que quero tanto, mas que nunca vou conseguir.
- O que você gostaria de ter e não vai conseguir?

Ela não respondeu por um longo tempo. Depois, encolheu os ombros e sorriu.

- Oh, nada sério. Estou um pouco deprimida, só isso. É culpa do Natal. Sempre fico assim no Natal.

Naruto preferiu fingir que aceitava aquela desculpa do Natal para não forçá-la a falar sobre o que não queria. Mas no fundo sabia que se tratava de algo muito importante na vida dela. Quem sabe um amor proibido? Quem sabe o carinho que o pai preferia dar integralmente a Hanabi? De qualquer forma, ele ficou muito emocionado com aquele comentário. Mas ela precisava saber que todo mundo tinha desejos secretos e que a vida não era perfeita para ninguém. Aquele era o único consolo que podia lhe dar naquele momento.
E foi o que fez.

A TrocaWhere stories live. Discover now