Capítulo XXXIII

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Os olhos pesados, mas o corpo desperto. Sabia que estava dormindo, mas sua consciência estava completamente desperta. Podia ouvir os barulhos do quarto. Sentia a textura dos lençóis, o cheiro do perfume de Isabella deitada ao seu lado. Ouviu passos e seu coração bateu mais acelerado.

- Ela tem preferência por Duquesas. – Ouviu uma voz masculina desconhecida em que o tom era impregnado de zombaria. – Essa também é bonita.

Dedos intrusos passearam por sua bochecha e o fato de que não conseguia se mexer lhe deixou ainda mais apavorada.

- Ela é linda. – A mesma voz apontou. – E fica ainda mais bonita assim. Quieta e indefesa.

- Pare com isso. – Uma segunda voz o repreendeu, ligeiramente mais rouca. – Vamos logo com isso.

- Elas estão dopadas. – A voz zombeteira retrucou, Rosalinda ainda sentia os dedos intrusos passeando pelo seu pescoço. – Podemos fazer o que quisermos.

O pânico ficou ainda maior quando os dedos atingiram o topo de seus seios. Ouviu um tapa e a mão sumiu de sua pele.

- Ache logo os malditos papéis. – A voz rouca repreendeu a primeira. – Coloque isso no lugar e vamos embora.

- Você tem noção de quantas vezes teremos a chance de foder uma rainha? – A voz zombeteira estava com raiva.

O desespero era tanto que ela queria gritar que estava acordada. Queria chamar os guardas e mandar prender aqueles dois homens. Queria Carter.

- Esse não é o trabalho. – A voz rouca parecia ter ficado ainda mais rouca. – Faça o que eu estou mandando antes que eu resolva te dar uma surra e conte para o chefe.

*Acrab*

Carter entrou rapidamente nos aposentos de Rosalinda. A rainha estava sentada no meio da cama, Isabella estava em pé ainda de roupão mais próxima do banheiro. Ignorou a mulher e foi direto para a rainha.

- O que houve? – Perguntou vendo Rosalinda abraçar as próprias pernas.

- Ontem a noite. – Sua fala era baixa e calma. – Entraram aqui.

- Eu vou chamar a guarda. – Isabella já ia se mover.

- Fique onde está. – Rosalinda ordenou, olhou para Carter. – Eu estava acordada, mas não conseguia me mover. Eram dois homens pelo que consegui ouvir, um deles falou sobre estarmos dopadas.

- Vocês comeram ou beberam algo após o jantar? – Carter olhou para ela já indo para a sala de convivência vendo as xícaras das duas mulheres.

Pegou o bule, seu estômago revirado em saber que Rosalinda passara a noite com a outra. Cheirou a porcelana tentando sentir algo de estranho, apenas o cheiro do chá de maçã. Rosalinda estava em pé na porta que ia para o quarto olhando para Carter remexer na louça. Guilherme estava parado perto da porta de saída.

- Pegue meu estojo. – Carter falou para ele. – Está no fundo falso da mala maior, você sabe onde. Chame Alkaid e Tebes. Peça a Cretas que fique de olho em Mimas e faça tudo isso extremamente rápido.

Guilherme saiu assim que ela terminou de dar as ordens. Rosalinda olhou para Carter tentando entende-la, deixou a mulher lhe conduzir de volta para a cama.

- Respira fundo. – Carter pediu a sentando na cama. – Fecha os olhos. Tenta me contar exatamente o que você se lembra.

- Eu sentia o meu corpo desperto, mas não conseguia dormir. – Rosalinda fala lentamente. – Era uma sensação estranha. Eu não podia mexer meu corpo, mas sabia que estava acordada. Ouvi passos no quarto, mas não era Isabella. Podia sentir o corpo dela no meu lado.

Acrab - SemiWhere stories live. Discover now