a real é que não dá.

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          Eu queria muito esquecer de nós... Parar de sofrer, recomeçar do zero, buscar novos ares, novas cores e amores. Mas a real é que não dá. E não me venha com aquela velha história de "só não esquece porque não quer" porque ninguém gosta de sofrer por amor. A real é que não dá. Vez em quando eu choro e suplico pra que tu vás embora do meu pensamento, do meu coração e da minha vida; que tu desapareças da minha memória e que eu nunca mais lembre de quem tu és, nem de quem a gente foi, nem de quem a gente poderia ser hoje pra ver se o meu coração consegue parar de doer. Mas a real é que não dá. Não dá pra cogitar a possibilidade de simplesmente resolver extinguir com tanta coisa boa que ficou. Não posso negar: tenho saudades da bagunça que éramos. Das nossas conversas. E do nosso silêncio. De apenas saber que estavas ali. De corpo presente e de alma também. Já dizia Luiz Vaz de Camões: "o amor é ferida que dói e não se sente / é um contentamento descontente / é dor que desatina sem doer". Mas a real é que o coração chora longe de ti. E dói. E arde. E a saudade é tanta que por vezes transborda pelos olhos. A real é que o amor não faz sentido. Exceto quando se tem alguém pra dar sentido a ele. O amor sozinho não consegue focar em coisa alguma. A real é que tu és o sentido do meu amor. Meu norte. O ponto de partida dos meus sonhos, planos e objetivos. E quando eu não posso te ter por perto, todos eles perdem o sentido.

          Eu queria muito esquecer de nós... Esquecer que um dia já senti o amor e viver sem saber o que é levar a vida te amando de longe. E viver desapegada de tudo e de todos. Crendo no clichê que diz que o amor vem de repente. Mas a real é que eu ainda não consegui desligar de ti. E na real eu nem sei se vou. Porque a real é que não dá.

dores&amoresWhere stories live. Discover now