Folha em rodopio

O lobo solitário

O lobo Solitário (Cinza): - Se isole de qualquer som externo, e leia este poema no completo breu. (Esse poema é brabo demais, confia. É uma das minhas obras favoritas de poesia. Adoro ele)

O lobo solitário não gosta de andar sozinho.

Foi expulso da matilha por isto é peregrino.

Vaga sozinho;

Caça sozinho;

Dorme sozinho, se esconde sozinho.

Ele não gosta da solidão;

Mas até que ela foi gentil.

Antes de tirar-lhe a sanidade mostrou a quem poderia confiar.

Ninguém.

O lobo louco caminha sozinho.

O lobo louco não se cansa rápido.

Ele trabalha consigo mesmo e até mesmo discute consigo.

Teme a dor, mas não teme a morte.

Ante isso teme magoar quem um dia o amou.

Não lhe restam esperanças de achar um bando, a solidão já acostumou-se com a sua presença

E o quer só pra si.

Talvez um bando o queira;

Mas a sua visão se apaga;

A escuridão o quer mais que uma matilha.

E o tempo passa;

E seu pelo se desgasta;

E suas patas criam calos;

E seus olhos tem catarata;

Seu olfato não é mais o mesmo;

Seus dentes não rasgam mais carne.

Ele não serve pra fugir e nem pra se esconder.

Por isso a morte lhe aguarda.

Ela fica a espreita do cano da arma do jovem caçador que veio a mata hoje.

Talvez ele ganhe uma nova bota de couro, ou talvez um tapete.

O lobo sente o cheiro da morte, mas não hesita.

Luta ferozmente.

E morre como um parasita.

Como se ele fosse o problema.

Morre como se ele, só não estivesse seguindo o seu instinto e o seu jeito de ser.

Morre sendo julgado como o vilão que atacou o pobre do caçador.

E o garoto que o caçou? Este ganha méritos e aplausos.

Diz que se defendeu;

Diz até mesmo que tevê piedade do pobre animal.

Mas na verdade não.

Não a tevê.

E o matou tão depressa quanto esmagar uma formiga entre as unhas.

Já a morte?

A morte.

Esta sim tevê piedade;

Acabou com a escuridão e a solidão da vida;

Deu-lhe um merecido descanso

E se livrou do corpo velho

Agora o lobo viraria um homem de verdade.