5 fases do luto.

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Regras não são para todos. 

Capítulo 07

Domingo, Segunda-feira, Terça-feira. Minha rotina se resumiu em acordar na hora do almoço, levar um prato com a comida de Camila para o quarto e sair apenas para jantar e recomeçar tudo no outro dia. Precisava pensar, na verdade deixar claro para mim mesma meus sentimentos sobre essa coisa de "família". Cheguei a conclusão de que não é para mim e desejo logo que eu acorde desse pesadelo. 

Por horas a namorada de Appa e a filha dela bateram em minha porta, pedindo para conversarmos e o meu orgulho não deixou que eu abrisse a porta. Liguei o notebook e procurei por: "como me livrar de duas pessoas incômodas?" E o google me respondeu com "as cinco fases do luto." Sábado foi o dia da primeira fase a negação, era impossível que isto estivesse acontecendo comigo, depois a raiva, eu soquei paredes, quebrei algumas coisas de meu quarto...Fase da barganha, eu queria comprar meu pai, como no filme Doctor Stranger eu disse: "Appa, eu vim barganhar!" E me senti burra quando ele simplesmente me respondeu, "Não se compra felicidade, senhorita Kim." E eu murchei, como uma rosa seca. Segunda-feira foi a vez da depressão, chorei como um bebê, lembrando de minha mãe e o quanto eu sou boba por estragar a felicidade de meu pai e por último a fase da aceitação, só que essa ainda não chegou para mim. Eu revezo entre as primeiras mas, a última não chega.

Hoje é um novo dia, dia de renovação e é assim que me sinto. Quarta-feira não é um dia ruim e eu decidi enquanto me arrumava que mais nenhum dia seria ruim. Desci as escadas terminando de ajeitar meu uniforme. 

- Bom dia! - sorri para os três. Nada poderia acabar com meu dia, eu precisava apenas não abrir os olhos e eu fiz exatamente o contrário. Munique está deslumbrante no uniforme escolar de FoxOrd. Minha respiração falha e de novo quero dar um tiro nelas. 

- Se importa de ir junto comigo para o colégio? - a menina pergunta doce de mais e inocente de mais. Dou de ombros e me sento para tomar café. Todos ali me analisam cada movimento meu, fico muito irritada, porém hoje é um dia bom. 

Eu a espero no portão e assim vamos para FoxOrd, não digo uma palavra e apesar dela fazer muitas perguntas  cheguei a conclusão de que ótima em ignorá-la. Ponto para Misoo. 

- Seja discreta. - é tudo que lhe falo antes de entrar no corredor, por culpa de Munique chegamos alguns segundos antes de bater o sinal. 

E ele toca mas, algo está errado. Três segundos se passaram e nenhum som. E então uma chuva de palavrões, barulhos estranhos e a voz do diretor Lee dizendo o quanto ele é idiota toca no auto-falante. 

Arregalo os olhos, desacreditada. Várias regras quebradas com um único sinal. 

Proibido falar palavrões, proibido desrespeitar o sinal... 

Munique encosta em meu ombro, me viro a encarando. 

- Seu colégio é assim? Acho que vou me dar bem aqui. - E vai embora. Entra no meio das pessoas e some.

Suspiro e corro para sala do diretor, ele está em choque, quase arranca seus cabelos. Em dois segundos tiro o sinal e peço para que Lee se acalme. 

- Quando eu achar o engraçadinho, que fez essa brincadeira de mal gosto, irei tomar decisões severas! - ele grita no auto-falante. Escondo um sorriso com a mão e me retiro da sala. 

"Desculpe mas, eu gosto de quebrar regras!"

Eu vou acabar com JungKook, ou vou deixar ele se divertir um pouco. 

Não vejo Munique durante todo o dia, lado bom é que eu esqueci por algumas horas que minha vida é uma merda, e lado ruim é que você deve ter medo de um monstro quando ele está quieto. 

Por mais incrível que pareça quando cheguei na biblioteca JungKook já estava lá, o sorriso sarcástico no rosto e a caneta entre os lábios. Uma visão, um tanto tentadora. 

- Presidente Misoo? Misoo? - pisco rapidamente e o olho. O caderno com algumas atividades está em repouso sobre a mesa. 

- Terminou? - pergunto, mudando de assunto. 

- Está longe... está acontecendo algo? - ah pequeno Jeon, tantas coisas...

- Problemas familiares, porém isso não pode me afetar! - sorrio, o garoto coloca a mão em meu ombro e sinto um leve arrepio.

- Tudo bem, pode me falar. Somos amigos o suficiente! - passo as mão pelo rosto e suspiro. A porta da biblioteca se abre e Demunique entra. Tudo parece correr em câmera lenta, os cabelos loiros dela voando, o sorriso branco e enjoativo. 

- Misoo! Vamos?

- Esse é o meu problema...- murmuro. Contenho um grito de raiva, o sorriso malicioso de JungKook reaparece. 

- É um belo problema. - reviro os olhos e guardo rápido minhas coisas, quanto menos tempo ele tiver para analisá-la mas, feliz eu ficarei. 

- Vai se foder! - murmuro.

- Prazer eu sou Munique. - sibila e estende a mão para o garoto, ele me olha e em seguida aperta a mão dela. - Nova irmã da Misoo!  

- Vamos logo! - puxo sua mão. Ela sussurra várias palavras e meu sangue ferve. Borbulha nas minha veias e artérias. 

Quase faço buracos no asfalto, ciúme? Talvez. Ela não vai roubar ele de mim, na verdade eu nem o tenho. E não quero que seja o Jungkook dela. 

- Você é amiga daquele garoto? - pergunta inocente de mais. A olho e balanço a cabeça. - E você gosta dele? 

- O suficiente para que você fique longe dele! - paro em sua frente. - Eu não sei como era no Brasil mas, aqui você não pode chegar e simplesmente pegar tudo o que é de outra pessoa. 

- Está me ameaçando? - ela é um pouco mais alta, provavelmente o salto a deixe maior. Se aproxima o suficiente para eu sentir sua respiração. 

- Estou lhe dando um recado! - sorrio e entro em casa. 

Demunique, Satãnique, Capenique. Milhares de possibilidades. Eu estou vivendo no inferno.

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Obrigada por ler até aqui. Agradeço infinitamente por todo o carinho.

Próxima atualização: 20/02

Regras não são para todos. Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon