Cota de palavras sujas.

506 51 26
                                    

Regras não são para todos. 

Capítulo 08

Se já estava ruim, agora está péssimo. No meu quarto tem a porra de uma beliche. Quase tive um infarto quando a vi? Talvez. 

O jantar está pronto e papai me encara sorridente. Se ele não fosse meu pai, eu encheria a cara dele de socos. Balanço a cabeça em negação com as sobrancelhas franzidas. Enquanto elas não forem embora eu vou odiar ele. 

- Como foi o dia de vocês? - Camila pergunta sorrindo, o sotaque dela me dá ânsia. Convivo com muitos estrangeiros mas ela me faz querer morrer. 

- O colégio de Misoo é incrível! E eu conheci várias pessoas e até um garoto! - a fuzilo com o olhar. A mãe de Munique sorri. 

- Que legal meninas! - papai fala e volta a comer. 

Munique tem dezenove anos. Repetiu no colegial várias vezes no Brasil e duvido que aqui seja diferente. O celular dela vibra todo momento e ela o pega e sorri. Appa nunca permitiu que eu tocasse em meu celular na mesa e agora ele parece não ligar. A garota olha para mim e balança o celular, no visor o nome de JungKook e várias mensagens aparecem, isso faz a raiva pintar minhas orelhas e bochechas que queimam assim como meu estômago. 

- Não estou com fome! - me levanto. Papai bate a mão na mesa. 

- Sente-se Misoo! 

- Não! - concluo e saio batendo os pés. 

Se controle, se controle. Repito enquanto ando de um lado para o outro. Meus medicamentos acabaram e papai não percebeu. 

- Nina posso dormir aí? - solto um gemido frustrado. Seguro as lágrimas o quanto posso. 

"- Claro!" 

Pego minha mochila com os cadernos, coloco meu uniforme e algumas outras roupas. Abro a porta. Se eu já estava acabada, após ter a visão dos três sentados no sofá assistindo televisão fui destruída. 

- Para onde vai? - Munique pergunta, seu sorriso inocente faz o cara que eu chamava de pai sorrir. 

- Vai se foder! - sorrio sarcástica. Ele cerra os punhos e quase me pergunto se vai me bater mas Camila toca seu braço, o segurando. 

É isso o que ela quer, penso. Me separar de meu appa. O que fazer? Eu não sou forte psicologicamente, quero chorar mas a raiva me impede, ela é mais forte.

JungKook é um filho da mãe. Vai pegar a Munique assim? Na cara dura? Eu sou tão burra. Solto um grito. Não há ninguém visível na rua e repito esse ato várias vezes. Bato na porta, Nina aparece sorrindo, trajando seu roupão e acabo por rir também. 

- Eu preciso chorar... - sussurro cansada. Ela me abraça e eu a admiro. Tão carinhosa e tão compreensiva mesmo não sabendo o que estou sentindo. Se eu não gostasse de meninos eu ficaria com ela. 

¤¤¤

Finjo que esqueci tudo o que aconteceu ontem, quando Munique sorri para mim eu retribuo, no mesmo nível de falsidade. 

Vou esperar a hora certa. Ela resolveu entrar no time das líderes de torcida e enquanto ela rebola a bunda dela eu amasso a terra imaginando seu rosto ali. O clube de jardinagem sempre me distraiu dos problemas. Fazer o que gosta é sempre a melhor opção. Olho de relance para o time de futebol treinando, garotos suados e a minoria - Infelizmente - sem a camisa. 

Procuro por JungKook e ele não está lá, solto um suspiro. Munique também não está mais se alongando, outro suspiro. 

- No meu país se você suspira mais de uma vez quer dizer que algo está errado... - Nina sugere. Eu não contei sobre a idiota e o idiota se pegando. 

- As vezes esqueço que você é brasileira! - rio. - Acho que estou com ciúmes... nunca senti isso, na verdade não tão forte. - faço riscos com as raízes no chão de terra. 

- Não faz mal sentir isso. Quer dizer que você se importa! 

- Queria não me importar... - tudo estava tão bem. 

- Vamos dar um apelido para ela! - levantou e bateu as mãos no uniforme do clube tirando a sujeira. 

- O que isso vai mudar? 

- Nada! Porém, ocupe sua mente! Não quero te ver no reformatório! - sorri triste. 

Ela sugere muitas coisas na sua língua natal que me fazer rir muito. Coisas como: Limpador de mangueira, ossada, rapariga... Mesmo que eu não tenha entendido realmente seu significado. Português é difícil. No final não escolhemos nada. Foi apenas para passar o tempo.

Fico sentada na biblioteca, pensando em como acabar com as aulas que dou para JungKook. 

- Presidente Misoo, olhe isso! - ele sorri animado. Joga um pedaço de papel sobre a mesa. Sua prova de literatura, a nota é alta. - Muito obrigado! - morde o lábio que está inchado e vermelho. 

- Ótimo, agora você não precisa passar mais tempo comigo...- começo mas sou interrompida. 

- Gosto de você! - ele está impaciente. Reviro os olhos. 

- Eu até te xingaria mas minha cota de palavras sujas já deu por hoje! - me levanto. - Acho melhor você não beijar vampiros, pode pegar doença! - pisco. Sua mão vai até o pescoço tampando algumas marcas roxas. 

Dou de ombros e saio. Me deparo com Demunique de pé sobre a mesa. 

- Sexta-feira à noite festa na minha casa pessoal! - quase desmaio. 

- Sua casa? - murmuro.

-----

Obrigada por ler até aqui e peço desculpas por ter saído tão tarde, meu dia foi péssimo  💔

Próxima atualização:  27/02

Regras não são para todos. Where stories live. Discover now