Capítulo 5 ( TOBY )

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             – Sei que não era este o plano, mas Charlie é um dos meus, assim como katy é do James. Não vou deixar meu amigo apodrecer nesta cidade de merda.
            – Por favor, não me mate! – implora o médico...
            – Juro que não sou esse monstro que pensa – coloco a mão no peito enquanto caminho em sua direção.
            – Você é bom – posso ver isso – Por favor, não me mate.
            – Não é nada pessoal, preciso de suas roupas.
            O homem se transforma nela, automaticamente meu corpo trava em um choque de realidade.
           – Florence?! – meu coração acelera como uma onça corre para pegar sua presa.
           Ela soca meu rosto, no fundo sei que não é ela, não consigo fazer isso, não de novo, ela me soca no estômago, com um soco no ouvido caiu no chão.
           – Iremos colocar ordem nesta ilha, espero que você esteja vivo para ver Francisco governando – ela chuta minha barriga.
           – Você disse bem – falo levantando com um pouco de dificuldade, cuspo sangue enquanto me apoio na cadeira – Mas isso nunca irá acontecer.
           Ela corre em direção à porta, mas não é rápida o suficiente como Florence seria de verdade, jogo a cadeira em suas pernas, ela cai no chão, lhe seguro pelo braço esquerdo, giro seu corpo magro rapidamente arremessando na parede com toda força. Agora ele cai por cima dos cacos de vidro, não mais na forma de Florence.
           – Não deveria ter brincado com os mortos – me aproximo do seu corpo caído no chão.
           Aperto seu pescoço o mais forte que consigo, seu rosto não é mais o daquele homem desprezível, nem o da Florence. Sim, o meu. Posso ver meus dedos vermelhos com a pressão, o homem começa se debater.  – há... – Não consigo evitar meu grito de alívio, caiu no chão respirando o mais fundo que consigo...

                                 ×××

              Saiu da sala vestido com as roupas do enfermeiro, incrível nossa igualdade no tamanho, enquanto ando pelo longo corredor branco, penso em Florence, pensar nela só me trás tristeza, eu só quero um tempo de paz quando tudo isso acabar para chorar sua morte.
               Posso ver duas mulheres vindo no longo corredor – pensa, pensa, pensa seu idiota – arranco uma barra de ferro da parede, em menos de quarenta segundos estamos quase que frente a frente. Arremesso a lança de ferro no peito da mulher da direta, ela cai no chão imediatamente, sua amiga começa a gritar desesperadamente.
                 – Cale sua boca – bato em seu rosto, me sinto tomado por raiva, Francisco despertou meu lado mais agressivo, odeio esta cidade e cada habitante dela. – você vai me levar até o homem que veio preso da cidade da Luz.
                – Eu não, moço, eu não sei – fala em prantos.
                – tem certeza? – meu olhar é cerrado, posso ver o medo estampado em seus olhos.
                 -  Sim, sim, sim!
                 Aperto sua mão, poucos segundos depois posso sentir os ossos de seus dedos quebrando, a mulher grita, fica quase que histérica.
                 – Por favor – ela implora, realmente talvez ela não esteja sabendo de nada – Por favor, por favor... eu levo você.
                  – Por um momento achei que estava falando a verdade – meu olhar de rejeição lhe reprova.
                 Aperto seu pescoço enquanto andamos, ela olha para trás, tenta encontrar sua amiga no chão até que empurro seu ombro, fazendo ela andar mais rápido.
                – Para onde estamos indo? – ela fica quieta – Para onde estamos indo sua idiota? – aperto seu pescoço
                – ah... – ela geme baixo na tentativa de não fazer eu ouvir, mas aperto ainda mais forte – estamos indo para o elevador.
                – Não. Vamos de escada.
                Enquanto subimos as escadas ela chora, seu choro me irrita, sei que Oliver é um mentiroso, mas ele falava a verdade se tratando desta cidade.
                – Você se acha muito esperto não é mesmo? 
                – O que disse?
                – Você, seu amiguinho, e todos daquele buraco morrerão. Ops! – ela põe a mão na boca – os poucos que ainda estão vivos – ela sorrir sem me revelar os dentes.
               Fecho o punho, agora é capaz de quebrar um dente flexionando meu queixo deste jeito, então já não sou eu mais, dentro de mim corro procurando a melhor parte, mas este é o preço que pagamos para salvar quem amamos, nos tornamos o pior que existe em nós. Diante da adversidade não pensamos, o instinto de se proteger grita com todas as suas forças...
                – Eu poderia te matar agora, de varias formas, adoraria ouvir sua voz insuportável gritar até o último suspiro, não existiria prazer maior do que tirar seu olho com os dedos, ou talvez, arrancar seus mamilos. ah... isso é tão excitante! Talvez tenha a mente de um psicopata – sorrio enquanto vejo o pavor em seus olhos – Você parece virgem, conheço bem uma mulher virgem, o que acharia de perder aqui? Eu pegaria você com toda minha força até quebrar uma perna sua...
               – não... – ela se apavora.
               – Querida! São apenas formas de te fazer sofrer. Você marcou meu rosto?
              Ela me encara calada, o pavor tomou conta de sua mente.
              – Você marcou bem meu rosto? – soco sua boca.
              – Sim – Ela agora volta a me olhar com sangue escorrendo em seus lábios.
             – Você verá quando eu e meus amigos daquele buraco destruir sua tão amada cidade. 
             – você só pode ser louco. – ela sorrir
             – Você sabe quem eu sou?
             Ela levanta do chão, limpa o sangue de sua boca com seu jaleco branco.
             – Não me importa quem você é.
             – Mas quero que saiba – Aperto seu pescoço – Sou Toby, guardião da cidade da Luz, vamos nos reerguer das cinzas, e destruir tudo isso de uma vez por todas.
             Não aguento mais olhar para o rosto dela, a deixo nas escadas e sigo sozinho, chegando no sexto andar vejo algumas placas, três homens estão de prontidão na entrada – só pode ser aqui. – me ajeito um pouco antes de aparecer.
               – olá, amigos! – me aproximo quase que com uma bandeira branca – é aqui que o guardião da cidade da Luz se encontra?
               – Sim – o homem franze o cenho – mas ninguém tem permissão para o ver.
               – Não preciso de permissão.
               Respiro fundo e soco o homem no rosto, ele se ajoelha com as mãos no nariz, outro guarda tenta me socar enquanto o terceiro acerta minhas costas, de suas mãos saem uma fumaça verde, antes que possa inalar aquela substância pego o homem pela perna direita, arremesso ele tão forte no chão que sua cabeça abre.
             – Você vai morrer seu louco – o homem atrás de mim grita.
             Ele tenta me acertar, soco sua barriga, ele anda para trás, quando percebo ele se agachando soco suas costas. Agora ele está no chão, minhas duas mãos entram em sua boca, fujo de seus olhos desesperados, olhos que antes eram cerrados prontos para me matar cem vezes de maneiras diferentes. Posso sentir seu maxilar deslocando com toda força colocada.
               Entro no corredor e logo em seguida encontro uma porta de vidro, vejo Charlie, meu coração dispara, seu olhar me encontra, ele parece mais magro, não é o Charlie que conheço.
                – Charlie? – ele parece surpreso agora.
                Ele levanta e vem em minha direção, não escuto o que ele diz. Olho em volta na tentativa de encontrar algo que possa me ajudar quebrando o vidro, tudo que existe aqui são longas paredes brancas...
                 – Charlie, afasta-se – faço sinal pra ele lá dentro.
                 Ele dar alguns passos para trás, me jogo contra a porta, em seguida começo a dar murros no vidro, as dores nas mãos tentam me fazer parar, olho para ele, seu olhar me mostra esperança. Imagino que eu aqui seria sua última opção. O vidro começa rachar um pouco, tento ao máximo desviar meus pensamentos dos ferimentos nos dedos, é inevitável quando começo ver os pingos de sangue escorrendo pelo vidro.
             Olho para Charlie agora, ele parece desesperado, demora um pouco até entender que ele manda eu olhar para trás. Instantaneamente me viro e sou recebido com um soco no rosto, tão rápido que foi impossível desviar. Ele é rápido para uma pessoa da sua altura, tento desviar do seu próximo golpe, mas fico zonzo com a pancada na cabeça, caiu no chão com um soco na boca, cuspo um pouco de sangue, quando olho para ele, ele vem na tentativa de me chutar, Mas, consigo desviar, levanto do chão, ele tenta me dar outro soco, rapidamente me agacho, levanto e soco seu rosto com todas as minhas forças, a pressão da pancada é  tão grande que seu olho fica meio que solto pra fora na cabeça. De uma vez por todas soco a porta, os vidros se espalham no chão.
               Abraço Charlie, respiro fundo ao ver ele vivo!
               – Vamos.
               Acho que vi um elevador por aqui, um barulho parece tomar contar de todo corredor.
                – Toby, precisamos sair logo daqui.
                Encontro o elevador, entramos rápido, sinto meu coração acelerado, Charlie coloca as mãos no joelho, acho que preciso de água. Começamos a descer.
                – Precisamos sair desta ilha. – seus olhos estão cerrados em mim.
                – O que você tá dizendo?
                – Você não sabe o que vi aqui, Toby. – ele fala mais forte ao pronunciar meu nome.
                 – O quê – Eu grito – centenas de pessoas morreram na guerra da luz, Charlie? Não me peça pra abonar tudo.
                 – As guerras irão continuar.
                 – Iremos destruir esta cidade.
                 Ele parece sorrir de mim agora.
                 – Não se trata mais disto Toby. A luta não será mais entre os mutantes.
                 – Do que fala?
                 – Francisco  fez acordo com humanos fora da ilha, eles irão chegar Toby – vejo terror em seus olhos.
                 – Não podemos continuar aqui.
                 – imagino que você esqueceu nosso papel.
                 – Vamos morrer por uma cidade destruída?
                 Olho para ele, talvez esteja chocado com seu jeito de falar sobre nossa cidade, talvez queira bater nele, até ele cair em si. A porta abri, corremos por um corredor de serviço, algum tempo depois estamos fora do prédio. As ruas estão agitadas neste ponto.
                  – Parece um toque de recolher.
                  – Vamos por aqui.
                  Charlie me segue, vamos correndo até um beco estreito.
                   – Droga – sussurra Charlie correndo no beco cheio de lama.
                   Paramos perto da saída, no outro lado da avenida tem um carro, olho para Charlie ao meu lado, faço sinal para ele ver o carro, alguns carros se aproximam, corremos para trás de uma caçamba de lixo, quando paramos agachados atrás da caçamba, sinto fome, olho para minhas mãos machucadas.
                     – Toby? – olho para ele, Charlie tá sério. 
                     – Oi.
                     – Sinto muito pela Florence!
                     Não gostaria de lembrar dela agora, mas é inevitável, queria poder voltar no tempo. Eu a amava do meu jeito, não éramos do tipo de casal “tradicional”. Sua pele branca, cabelos curtos vermelhos, sinto falta de tela! As noites mais quentes foram ao seu lado. Não sei exatamente quantas vezes ficamos nos corredores da mansão, éramos tão inconsequentes juntos. Fui forte o tempo todo nessas últimas semanas, na verdade desde que saímos da cidade da Luz, mas, aqui com o Charlie não preciso mais fingir nada.
               – Sabe o que mais esta doendo? – lágrimas quentes escorrem pelas minhas bochechas vermelhas.
               – O quê?
               – Eu a matei. Com minhas próprias mãos... me arrependo amargamente por isso!
               Charlie se mantém quieto por alguns minutos, levanto a cabeça, passo a manga da camisa no meu rosto, precisamos chegar nos seres da floresta.
                 – As mentiras do Oliver, tanto trabalho pra manter aquela cidade, tudo agora destruído.
                  – Você decidiu ficar. – ele rebate amargo, não entendo como ele pode querer abandonar tudo assim, tão fácil.
                  – A cidade irá se levantar.
                  – Mas não trará Monks, Lauren, muito menos Florence de volta.
                  – Foi injusto. – Abaixo a cabeça novamente.
                  – Não. – Ele me encara novamente – todos tivemos escolhas.
                  – Pagamos um preço alto demais, você não acha?
                  Levanto do chão, tudo está calmo agora. Corremos pelo beco novamente, dobramos a esquerda e seguimos a pé pela calçada. Alguns segundos depois um barulho atrás de nós vai ficando maior, parece um carro.
                   – Vamos pegar ele?
                   – Você consegue parar ele nesta velocidade? – sorriu com a falta de confiança que Charlie me passa.
                   Vou para o meio da pista, agora podemos ver, ele se aproxima rápido.
                   – Toby, é um carro dos guardas, sai da pista, vamos fugir. – grita Charlie na calçada.
                    O carro se aproxima, ele não vai parar, também não vou sair. A alguns passos de distâncias me agacho de braços cruzados, o carro capota ao bater em mim. Levanto do chão, sinto um pouco de dor na perna direita, o carro para com as rodas para cima. Um homem quebra o vidro, ele começa a gritar, Charlie vai se aproximando dele, alguns segundos depois o homem morre.
                – Estão desacordados, vamos. – Charlie me avisa.
                – Pegue armas pra você.
                Pego uma arma da cintura de um dos guardas, sua testa sangra, é possível que ele fique ainda sem nenhuma sequela.
                 – Vamos voltar e pegar aquele carro perto do beco.
                 – Temos que ser rápidos, Toby.
                 Corremos o mais rápido possível, alguns minutos depois chegamos no carro, Charlie demora um pouco para ligar, assim que ele consegue damos a volta, um guarda aparece.
                 – Droga, droga, droga – sussurra Charlie.
                 – Desçam do veículo imediatamente. – o homem grita no meio da avenida.
                – Passa por cima dele.
                – Toby, o que você disse?
                – Isso mesmo que você ouviu, passa por cima dele agora – grito.
                Ele acelera, quando o guarda percebe que não vamos parar, tenta sair da frente, mas é tarde demais. Olho para Charlie, ele parece um pouco assustado, já me acostumei em fazer este tipo de coisa pra sobreviver. Seguimos em direção a entrada principal da cidade. Charlie esta calado desde o acontecimento do guarda, talvez ele ainda não esteja acostumado matar pessoas, isso pode ser sua fraqueza futuramente.
                Seguimos em direção a entrada principal da cidade. Perto da saída, vários homens estão concentrados em uma varanda.
               – Não vamos conseguir passar.
               – Vamos sim – Pego a arma no banco de trás – Sem truques, mate todos os que estão na esquerda, cuido desses aqui.
                Me coloco quase que pra fora do carro, da janela começo a atirar, vamos, estamos perto da saída, me desequilibro quando um dos pneus traseiros é atingindo por uma bala.
                – Não para Charlie – eu grito
                Chegamos na saída, volto para dentro do carro, uma pontada no meu braço me arrepia todo o corpo.
                – Charlie? – não Estou, porém minha voz sai assustada.
                – Seu braço tá sangrando...
                – Não para, continua... – deito lentamente no banco, um calor estranho toma conta do meu corpo – Não podemos parar – é tudo o que penso.
                 – vá em direção aos seres da floresta – minha vista vai ficando embaçada – continue em frente, não pare – digo dando um último sussurro.

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora