Capítulo 02

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* Olá pessoinha! Espero que goste desse capítulo. Coloquei uma música tema para escutar enquanto lê, para criar um clima rs. É uma experiência minha, quero deixar essa leitura bem dinâmica para vocês, então divirtam-se! <3 E digam o que achou da música e do cap no final, por favor! <3 *

Seis anos haviam se passado desde aquela noite, e o sonho havia se tornado algo um tanto vago na mente de Alexandra II. A nova soberana tinha coisas muito mais importantes com o que se preocupar desde que a coroa fora posta na sua cabeça após a morte de sua mãe. No entanto, o medo que ela tivera naquela noite ainda a assombrava, e hoje mais ainda: era a manhã em que sua filha e futura rainha de Therissa surgiria do seio da Grande Flor em forma de semente.

As mulheres, no reino de Therissa, e em especial as regentes, nunca engravidavam, mas isso não significava que elas não tinham relações com seus maridos. A rainha se casara por amor, mas isso não queria dizer ter de passar por nove meses de transformações e ficar impossibilitada de fazer longas viagens ou grandes esforços em prol do seu reino. Isso era uma coisa que uma amazona Firenze nunca se permitiria. Além disso, havia o risco do próprio parto: ela poderia nem chegar a ver sua filha crescer e contavam com Alexandra para passar os conhecimentos necessários para a rainha seguinte, então, por óbvio, ela precisava viver.

Por conta disso, as rainhas contavam com uma divindade, encerrada dentro da floresta entorno de Cittanova, a capital do reino. Era uma enorme flor de lótus, num vivo tom de azul e que brilhava dourado, que atendia pelo nome de Grande Flor. Tratava-se de uma criação dos deuses quando uma humana se apaixonou por um deles e, num ato de loucura, se afogou no lago dentro da floresta. Diante de tal amor, eles deixaram suas lágrimas caírem nas águas do lugar, gerando a enorme entidade que agora o habitava.

Alexandra caminhava altivamente em direção à sua sala, seguida de comandantes, generais e diplomatas que imploravam sua atenção.

— Majestade, o reino de Taphir pede nossa ajuda para combater o grupo rebelde que realizou um Golpe de Estado...

— O exército precisa de mais campos de treinamento para as tropas...

— Senhores, senhores! – ela ergueu a mão, silenciando-os. – Mande mil homens para Taphir. Isso abrirá espaço para treinamento das novas tropas enquanto mando construir novos campos de treino. Agora, se me permitem, eu preciso encontrar meu marido. – Ela fechou a porta. O Rei já a esperava no gabinete.

— Você é muito requisitada, querida.

— Eu sou a rainha. Se não fosse requisitada, algo estaria errado nesse reino, não acha? – ela disse conforme se aconchegava nos braços do amado. – Tem certeza que essa é a hora certa? Eu não me incomodo de esperar mais alguns anos.

— Nós já esperamos tempo demais. Não viveremos para sempre, você sabe disso. Por que tem tanto medo? – Alexandra nunca lhe contara sobre a profecia que recebera logo após o casamento deles, ainda mais pois, naqueles últimos dias, ela teve sonhos turbulentos, que a faziam acordar trêmula durante a noite, e aquelas palavras por vezes surgiam em sua mente como assombrações. E se ela tivesse três sementes? E se ela fosse a responsável por levar seu reinado ao fim ou pior, sua dinastia?

Duas batidas soaram na grande porta entalhada e um senhor curvado usando uma túnica bege e uma longa barba branca entrou logo depois.

— Estão prontos? A Grande Flor os aguarda – falou com uma voz grave e pesada. Alexandra respirou fundo, colocou seus medos de lado e acenou afirmativamente.

Eles adentraram a Floresta que ficava no sopé da montanha, logo depois da vila dos aldeões, após uma longa caminhada. A tradição estabelecia que eles precisavam andar até a Grande Flor, como forma de mostrar humildade, então cavalos ou carruagens estavam fora de questão – Alexandra não queria pensar em irritar a divindade de alguma maneira.

Assim que cruzaram a orla das árvores, a vegetação se fechou ao seu redor, impedindo que qualquer desconhecido passasse por sua muralha sem o ancião, o único ser que a Floresta e a Flor confiavam. A rainha e o marido andaram seguindo os passos do idoso até avistarem as pétalas que flutuavam docemente no lago que havia ali. Era uma flor azul majestosa e gigante, cujo corpo se encontrava perfeitamente no centro do lago. Ela possuía um brilho amarelado por dentro, indicando seu poder e que ela estava preparada para gerar a semente que traria a próxima rainha.

O trio entrou na pequena canoa que ficava amarrada na borda do lago, era preciso ir até a Grande Flor. Assim que chegaram, o ancião entregou, a cada um, uma pequena faca.

— Uma gota de sangue e deixem a Flor fazer o trabalho dela – ele disse, caminhando em direção à planta e proferindo palavras antigas e incompreensíveis antes de se afastar. Eles fizeram como lhes fora mandado e viram à medida que uma gigante pétala descia lentamente em direção aos soberanos para coletar o sangue. Alexandra e seu marido acompanharam suas gotas lentamente escorrendo até sumir de suas vistas no interior da divindade, que mudou de cor imediatamente, adquirindo um tom vermelho e laranja.

Após alguns minutos, que para a Rainha pareceram eternos, uma nova pétala desceu, e um pontinho do tamanho de uma unha surgiu da planta. Ela respirou aliviada de ter recebido apenas uma semente. Pelo visto, não seria agora que a geração dos Firenze deixaria de existir.

— Algo está errado com a Flor – disse o ancião. A gigantesca planta brilhava de cores diversas e quando o senhor foi olhar seu interior ele anunciou o temor de Alexandra II. – Mais duas sementes?! Mas isso não é possível...

O Rei parecia imerso em alegria.

— Três filhas?! Eu não poderia estar mais feliz, meu amor! – Ele abraçou carinhosamente a rainha. – Temos que plantá-las logo! – pegou as três sementes e jogou-as, uma a uma, dentro do lago, próximas à Grande Flor.

A rainha não se mexia. Sua vontade era de chorar.

Era o fim.

As Três Irmãs #ContestLettersWhere stories live. Discover now