Capítulo 11

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À medida que iam se aproximando da fronteira entre os reinos, apenas construções vazias podiam ser vistas, seus antigos donos há muito se afastaram fugindo para o mais longe do centro da batalha. A dupla parava de vez em quando para comer, tomando abrigo do vento que vinha cada vez mais forte do sul em alguma dessas casas.

Ravenna sentia-se tão leve quanto uma pluma desde que ficara livre do ladrão. Não era a melhor das opções deixá-lo lá, mas era a única que tinha. Melhor que nada, pelo menos você deixou um pouco de comida para ele. Se fosse alguém menos misericordioso não faria nem isso.

Alexandra estava emburrada desde o momento em que eles viraram as costas e seguiram em direção à fronteira com os Lordes do Sul. A moça não aguentava mais os suspiros exasperados da mãe no seu ombro.

— Você devia se envergonhar de si mesma – finalmente ralhou a matriarca. – Deixar um rapaz no meio do nada, amarrado daquele jeito!

A jovem se superara com aquele arranjo de nós, precisava dar-se o devido crédito. Nunca amarrara ninguém, mas tinha que admitir que fora divertido quebrar a cabeça tentando descobrir qual era o melhor jeito de prendê-lo. E o fato do ladrão ter um porte bem... robusto não tinha nada a ver com aquilo.

— Ele não está no meio do nada, está próximo de uma rota comercial. Provavelmente já devem tê-lo encontrado e agora ele deve estar retornando para a floresta de onde não devia ter saído.

A mãe bufou.

— É, sei. – a menina conteve um riso.

Björn observava a jovem mais afastado. Desde que ela gritara com ele dizendo que deixaria comida para o homem, sem que tivesse perguntado nada sobre aquilo, o incomodava. Ele vinha percebendo que Ravenna tinha a tendência de falar consigo mesma e de gesticular em alguns momentos, mas achara que era apenas um hábito e por isso nunca se pronunciara sobre o assunto. Ele soltou um pigarro, que mais pareceu um urro, e a jovem o olhou.

— Está tudo bem?

— Estou ótima, por quê?

— Você fala sozinha sempre... Tem algo te incomodando? – Imediatamente o grito de Ravenna na pradaria surgiu em sua mente. De fato, não devia ter soado uma pessoa sã naquela hora. Bom, acho que talvez esteja na hora de avisá-lo sobre minha acompanhante.

— Pode aparecer, mãe. – Assim que as palavras saíram de sua boca, Alexandra se fez vista no ombro da guerreira, próxima de Björn.

Um espírito, quando chamado por um necromante, só pode ser visto por aquele que o invoca; e só pode ser visto pelos outros com a permissão do bruxo ou bruxa. Ela se lembrava de conjurar animais dos mortos nos seus estudos, mas normalmente quando ela tentava um cachorro surgia um lobo gigante do Norte, criaturas que serviam de única montaria para os borgs, tamanha sua força e tamanho.

Ao ver a diminuta figura próxima da moça acenar para ele, Björn pareceu pular pelo menos uns dois metros de distância, em surpresa. Ravenna se passara por uma guerreira normal, mesmo sendo da realeza. Nunca ocorrera ao borg que ela poderia ter poderes como sua mãe e antepassadas antes dela.

Ela era uma Necromante. Jamais ele vira uma tão perto! Normalmente pessoas que tinha aquele poder não eram tão simpáticas como a rainha, e eram evitadas a todo custo justamente porque sua força era perigosa demais.

— Faz quanto tempo que ela estar aqui com a gente?

— Minha mãe? – Ravenna olhou para o espírito sentado. – Desde que saí de Cittanova. Não é uma coisa normal eu chamar alguém de volta, na verdade nunca havia tentado com uma pessoa... Mas deu certo então... – ela deu de ombros.

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⏰ Last updated: May 26, 2019 ⏰

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