1.08: bianca

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hey! vi que temos alguns rostinhos novos lendo esse livrinho! sejam bem-vindos! 💕
se você é novo(a) por aqui, se apresenta para nós!
nome, cidade e quando começou a ler parentesco!
com amor, #brunxs

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Artur chega em casa no final da tarde, ridiculamente feliz. Algo me diz que isso não tem única a exclusivamente a ver com o fato de ter passado em Medicina. Deve ter se acertado com Sofia, o que eu não sei e é bom. Ainda não tive a oportunidade de confrontá-lo com as coisas da noite anterior.

Ele entra de supetão pela porta, insuportavelmente cheio de si. Se fosse qualquer outro dia, eu faria um comentário ácido a respeito. Hoje ele podia. Eu não queria estragar a sua alegria, não só porque o idiota realmente estudou para caramba pra conseguir passar em Medicina, enquanto a maioria dos idiotas a sua volta, namorada e melhor amigo na conta, só se preocupavam em "curtir o terceirão".

Não. A felicidade de Artur era a minha também. Dizem que irmãos gêmeos é que são empáticos, sentem as dores do outro. Quando um quebra a perna, o outro também para de andar. Artur e eu não precisávamos ser gêmeos para sermos assim.

Somos parecidos. Não fisicamente. Ele é alto, e eu sou minúscula. Olhos claros para mim, castanhos e sombrios para ele. Eu tinha cabelos lisos e escorridos, e ele, encaracolados. Não éramos a imagem e semelhança do outro, não realmente. Eu quis dizer dentro da cabeça. Precisamos que as pessoas arranquem algum afeto da gente, e o outro desempenha muito bem esse papel. Não tivemos escolha, na verdade, crescendo sem mãe.

– Cadê o meu médico? – grita o meu pai da sala, ao se dar conta de que ele voltou.

Meu pai corre e o abraça como se ele tivesse ganhado uma Copa do Mundo sozinho.

– Chegou cedo. – Artur comenta. Memórias de discussões a respeito de papai só querer saber de trabalho me vêm à mente. Meu irmão sabe que hoje não é dia disso.

– Cheguei tarde, isso sim! – papai não parece notar a acidez na voz de Artur – Assim que eu soube do resultado, terminei de resolver algumas coisinhas e larguei tudo. 

Ele grita, abraça Artur, tenta tirá-lo do chão. É difícil para ele, com a idade já pesando sobre os joelhos. Mas o coroa não cabe em si de tanto orgulho.

– Ainda não estou acreditando que o meu filho vai ser médico! 

– E eu não estou acreditando que vou para a faculdade!

– Ouviu isso, Bianca? Nosso menino vai pra faculdade! – eu aceno, tentando pensar em uma reação que pudesse ser ao menos equivalente àquele surto de euforia do papai, que se vira para Artur: – E a sua irmã me falou que com a sua nota dá pra escolher qualquer faculdade! Isso não é qualquer coisa, não! Não te falei que se matar de estudar sempre vale a pena, hein?

– Um milhão de vezes. – Artur debocha, mas sem maldade.

– E eu não estava certo?

– Estava.

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